quinta-feira, 8 de abril de 2010

Road trip - day 1

14h30, 30 de Maio: Após um vôo Lisboa – Budapeste, de mochila às costas procurou no estacionamento por um BMW 325 Ci Cabrio que o aguardava para uma aventura de estrada por 8 paises, 8 cidades, algumas praias, imensos monumentos e 3.630,5 Kms de um bronze à pedreiro... na companhia de James Stuart.

Nesse reencontro de amigos a maior dificuldade observada foi a colocação da dita mochila com 60×40x30 no porta-bagagens, previamente atascado com os mais diversos artigos.

Primeiro destino: Fonyód, no lago Balaton - o maior lago na Europa, com 592 Km2, um comprimento de 77 km, largura que varia entre os 4 e os 14 km e uma profundidade máxima de 11 metros, embora a média seja de 3,2 metros) - não sem antes dar uma voltinha pela magnífica cidade de Budapeste.

Numa tentativa de revisitar a Praça dos Heróis depararam com algum tipo de festa a decorrer na Avenida Andrássy e que impedia o acesso à protecção do Arcanjo Gabriel, Gábor portanto.

Inevitável foi o salto a Buda, na margem do Danúbio fotografa-se melhor o Parlamento.

Umas voltas por Buda e Aquincum anteciparam um regresso a Pest pela ponte das correntes e logo o caminho da auto-estrada M7.

Fonyód está na margem sul do Lago Balaton e à beira desse os blocos de apartamentos onde a dormida estava planeada para duas ou três noites. No dia seguinte havia a experimentar o Trabant do James...

Road trip -day 1 é adaptado de Euro Road Trip Budapeste - Lisboa (I) da autoria de Nyto, em Argumentos.

Road trip - day 2

31 de Maio, um Domingo com temperatura amena, agradável para quem pretendeu passear junto às margens do grande lago, almoçar na marina de Fonyód para a memória de uns bons bifes de cebolada e à cigana rematado com sopa de alho tudo acompanhado de umas canecas de Szalon, a cerveja castanha fabricada em Pécs.
A água do Balaton enregelou imediatamente os ossos de quem lá foi só para teste até aos joelhos. Ao largo e de galochas, só resistiam os pescadores.
A profundidade do lago é bastante baixa, com uma média a rondar os três metros e de fundo de areia negra sempre muito plano, é estável e seguro. Contudo em quase toda a extensão da margem sul é possível caminhar distâncias de uns quinhentos metros de afastamento sem que a àgua suba a mais do que a cintura.
O observatório de advertência do Serviço Meteorológico Nacional, em Siófok, cuida dos avisos de tempestade através de um sistema de farolagem muito peculiar com umas 30 ou 60 piscadelas por minuto que significam respectivamente o nivel I ou II de tempestade, esta última quando os ventos são na ordem de 17 m/s (34 nós) ou superiores.
Em momento de tempestade, mesmo com água pela cintura a possibilidade de afogamento é bastante elevada para os banhistas: caso não sejam suficientemente atentos e rápidos a abandonar o lago, os ventos levantam uma neblina densa que impede a respiração normal e resulta em afogamento.
Depois cumpriu-se a promessa de James Stuart, uma voltinha de Trabant, fumaceira e ruído também para memória.

Road trip - day 3

No primeiro dia de Junho, a meio da manhã rumavam na M7 em direcção à Croácia. O controlo de fronteira foi apenas documental, coisa rápida. Num instante atingiam, sempre por auto-estrada a capital, Zagreb.
Zagreb é assim pequena, no sopé de uma montanha. Há menos de um século Zagreb não era uma capital… porque a Croácia não era um país (até 1919 o território da Croácia era uma das províncias eslavas do Reino da Hungria, tal como a Eslováquia).
Às voltas e mais voltas não saíam do mesmo sítio que era só aquilo.
Para além da grande catedral (Zagrebačka Katedrala) e do larguinho simpático ali à sua frente, descendo a rua Bakačeva, pouco depois encontraram o centro da administração política nacional, um conjunto de edifícios normais, apenas um pouco mais imponentes do que os restantes da cidade, à volta de uma espécie de alameda muito bem cuidada e florida (ao topo Zrinjevac, um conjunto de 3 quarteirões de jardins e ao fundo a estação ferroviária central).
Pela falta de deslumbramento simplesmente encolheram os ombros e decidiram a rumagem directa para a Eslovénia, a tempo de um passeio a pé por Ljubjana, como mínimo.
Almoçaram num parque, de estacionamento, sim, sem qualquer registo especial de vistas, e foi sandes… de uma coisa que parecia ser fiambre e que voltou a ser almoço em Itália, no dia seguinte, com feijão preto.
Os tapetes começavam a ficar cheios de migalhas de Legényfogó, aqueles biscoitos maravilhosos em espiral, com sabor a chocolate e que estiveram presentes até quase ao final da viagem.
O controlo de fronteira entre Croácia (Republika Hrvatska) e a Eslovénia foi decididamente o pior momento da viagem Budapeste-Lisboa. É verdade que uma caixa de Lego enfiada no compartimento da bateria, ao lado do motor, não emprestou um sentimento de grande confiança aos guardas de fronteira… que rebuscavam entre números de série e recantos do automóvel, um não-sei-quê que acabou em nada, só desarrumo e mau humor.
Ainda era dia suficiente para o passeio a pé em Ljubljana, foram tiradas umas boas fotografias e trocadas imensas piadolas a cada sinal de trânsito e parqueamento encontrado (“zona” escreve-se com “c” e não com “z”).
Ljubljana parece ser uma vila e nem tanto uma cidade, bastante bonita por sinal.
Ljubljana é a capital de um Estado muito pequeno e que outrora foi uma província eslava da Áustria.
Anoitece ainda na Eslovénia mas a dormida aconteceu num excelente hotel de San Dona di Piave, uma pequena cidade na província de Veneza, sem dramas, mais ou menos fácil de encontrar… assim ao acaso e sorte.

Road trip - day 4

O pequeno almoço do hotel em San Dona di Piave foi farto e à mesa debateu-se acaloradamente o significado desse mesmo nome.
Na volta à estrada, o dia 2 de Junho estreava-se agradável com uma espécie de romaria, uma celebração local em dia feriado.
A primeira paragem prevista para a jornada era Veneza e assim foi. Não havia desconhecimento pelo acesso e bem que era impossível estacionar senão nos silos à entrada da cidade.
Os dois camaradas separaram-se por umas horas e novamente com a promessa de captarem umas boas fotos “para a troca”. Não menos importante eram as novidades, in loco, observar como resultara a nova passagem esgalhada pelo Calatrava.
A tradição continuava a ser o que era e ali estavam eles, os vaporettos a transportar turistas às centenas e milhares pelo grande canal adentro, invariavelmente com escala na famosa Piazza San Marco, que aliás é a única praça de Veneza.
Ao final da tarde já se encontravam em Milão, avenida acima, avenida abaixo a concluir que havia mais espaços verdes nos topos dos prédios do que propriamente junto ao chão.
O grande fascínio da catedral é não somente o tamanho mas o facto de ser toda forrada a mármore branco.
“- Toda em mármore?… é pá nem reparei”
“- Então foste à praça fazer o quê?”
“- Pois é… mas tú também foste lá fotografar o Scala e nem deste conta que o gajo da estátua em frente era o Da Vinci”
“Ah… puseram o gajo de costas”
Prometeram ir dormir a França, embora estivesse, por outro lado fora de questão transpor a fronteira sem antes "manjarem" uma pizza ou uma lasagna al forno, onde quer que fosse, mas havia de ser em Itália sem dúvidas.
Algures, no meio de um monte escuro como breu (que um nome certamente terá, mas que não se memorizou porque naquele momento pareceu ser em nenhures) de San Lorenzo al Mare ou lá perto, encontraram um restaurante à pinha de clientes. Entre anti pasti e pasti foram experimentados uns calamares fritos que reduziram espaço no estômago para acabar com as enormes pizzas.
Eram umas duas da manhã quando chegaram ao Mónaco.
Durante cerca de uma hora, talvez ainda sob parcial efeito das birras, a diversão estava em subir e descer as ruas de Monte Carlo em excesso de velocidade, a fazer de conta estarem no Grand Prix de Formula Um a pontos de aborrecer a polícia local que já extravasava de tolerância.
A pernoita acabou por ser em Cannes.

Road trip - day 5

O hotel era manhoso, daqueles que só reconhece o cliente à entrada pela exibição do cartão de crédito, tudo impessoal. A meio da noite foi aquilo que surgiu, assim do nada, à beira de uma estrada. Os primeiros e únicos funcionários que se encontraram foi quando do pequeno almoço, uma senhora que tratava da reposição dos alimentos e um outro indivíduo, com postura de chefe, junto a um balcão que parecia ser uma recepção diurna (não havia chaves a entregar, nem pagamentos a acertar porque tudo era automático). Serviu perguntar ao altivo onde era Cannes… e este indignado respondeu que estavam na Côte d’Azur, estavam ali mesmo em Cannes.
A verdade é que nem passados cinco minutos da abalada, já procuravam por estacionamento bem no centro da ville. Novamente os caprichos, ninguém sairia de Cannes sem um bom mergulho na praia.
Mas e depois de Cannes, sempre junto à costa, apareceram outras praias iguais e melhores.
Parando aqui, parando acoli, mais um mergulho e outro… contavam-se mais mergulhos do que quilómetros até surgirem outros caprichos… agora é que ninguém abandonaria o sul da França sem uma passagem por Saint Tropez e assim foi porque tinha que ser, mas desilusão também se lhe comente.
As horas a passar e o sol tórrido só dava apetite a mais mergulhos até que se perdeu a conta de quantas vezes se estacionou, às vezes bem, outras vezes de qualquer maneira em frente às tantas praias e lugares próximos ao paraíso se é que isso existe diferente daquilo.
Certa recordação, nome simpático para novo capricho, obrigava-os a procurar por um coliseu romano que se via desde uma auto-estrada, a que tomaram na direcção de Marselha. Pararam em Nimes, ali estiveram um bom bocado e já anoitecia à volta do coliseu e de todo o centro histórico.
Exaustos de tanta praia e tanto sol e já com a pele a arder de tão queimada, foi no limite que chegaram a Barcelona, novamente no trânsito da noite e já no dia seguinte. Surgiu um hotel de estudantes como alternativa para a dormida, daqueles em que se paga por pessoa e compartilha o quarto com estranhos. Mas a solução foi simples… pagaram o equivalente a seis pessoas e compartilharam o quarto com ninguém.