O edifício com o número 60 da Andrássy út em Budapeste é actualmente um museu. O museu é simplesmente o próprio edifício, anterior sede de distintas organizações políticas da Hungria.
Arrendado desde 1937 a uma associação (espécie de movimento) nacional-socialista, em 1944 chamava-se Hűség Háza (Casa da Lealdade) enquanto esteve instalada a direcção do “Partido cruz de flechas”, de iniciativas concertadas com o regime nazi da alemanha. A partir de 1945 e até 1956 o mesmo edifício albergou os serviços centrais da ÁVO e posteriormente da AVH, as polícias políticas do regime comunista.
A Andrássy út é uma avenida (alameda) classificada como património mundial pela Unesco, onde a beleza harmoniosa dos edifícios de finais do séc. XIX (neo-renascentistas) alinham com a larga via separada por árvores e onde a segunda linha de metro mais antiga do mundo percorre o eixo em subterrâneo e com paragens frente à “Casa da Ópera”.
Mas nas caves do edifício número 60 centenas de pessoas foram torturadas e mortas pelas mãos dos membros de um partido extremista que arrastou a Hungria para a destruição total (impossibilitaram o acordo político tentado por Horthy Miklós com diversos países que efectivamente cancelaria a aliança com a Alemanha), após terem sido exterminados (enviados para campos de concentração nazis) milhares de cidadãos húngaros judeus, ciganos ou “anti-sociais” e após outros tantos milhares de militares terem também perdido a vida na própria guerra que em 1944 estava literalmente perdida.
Com a ocupação (referida durante décadas como “libertação”) soviética de 1945, o PRO (Politikai Rendészeti Osztály, ou seja Departamento de Polícia Política) tomou conta das instalações sob ordem dos comunistas húngaros, que as transformaram em sede da ÁVO (Államvédelmi Osztálynak, ou seja Departamento de Segurança do Estado) e que posteriormente se passou a chamar de ÁVH (Államvédelmi Hatóságnak, Autoridade para a Segurança do Estado). As três organizações foram comandadas pela mesma pessoa, Gábor Péter, o aprendiz de alfaiate que se tornou mestre na perseguição política, instalando a vigia e a delação como armas, o interrogatório e a tortura como meio, a deportação e o assassinato como consequência.
O museu Terror Háza (Casa do Terror) é por um lado um monumento em honra das vítimas dos regimes dictatoriais opostos na Hungria, mas principalmente é uma memória que se pretende sempre viva sobre os erros do passado, para que não se repita.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
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1 comentário:
Simplesmente o melhor museu que visite este ano. A última sala corta a respiração enquanto as lágrimas correriam-me pela cara...
Um museu universal!
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