quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Gyulai vár (2)

No ano de 2005 foi inaugurada a renovação do castelo de Gyula.
Se por uma lado pode ser considerado agradável visitar o património nacional bem cuidado, isto é, limpo e técnicamente seguro (não somente pelos sistemas de video-vigilância, alarme e protecção a incêndios mas também pela colocação de escadarias, passadiços e coberturas novas) por outro lado algumas sensações se vão perdendo, que o cheiro a materiais antigos (a humidade aliada a madeiras velhas habitadas por simpáticos insectos ou recantos onde mamíferos roedores descendem dos tempos medievais, tem o seu encanto) bem como um ambiente rústico (nada mais excitante do que tentar empurrar uma porta empenada com dobradiças que rangem há séculos) deixou de existir.
Ou seja, visitar o Castelo de Gyula por dentro é como visitar uma casa-museu do tipo Serralves, onde os espaços e a iluminação dos mesmos foram estudados ao milímetro da sabedoria arquitectónica moderna, onde infelizmente os acesso a deficientes ou a pessoas mais idosas e com fraca mobilidade (subir e descer escadarias, degraus e patamares) foi totalmente desconsiderado.
O bilhete cobrado à entrada merece devida justificação, porque existem funcionários e vigilantes que cuidam de preservar as peças expostas, algumas de valor ou de relevante importância, principalmente para os mais jovens.
Algumas salas do piso térreo foram preparadas para mostrar ferramentas e ofícios tradicionais, como a de oleiro, ferrageiro, carpinteiro, também uma moagem, e uma câmara de torturas, não significando por isso que alguma vez tivessem laborado dentro do castelo.
Nas salas de pisos superiores o objectivo da decoração é mais museológico, peças de mobiliário, vestimentas, armas, armaduras e peças de actividades bélicas ancestrais.
Existem duas peças expostas que despertam a atenção de qualquer visitante seguramente. Uma cama de adulto mas com dimensões pouco habituais nos dias de hoje (há alguns séculos atrás provavelmente as pessoas eram bem mais pequenas, eventualmente por motivos a ver com um regime de alimentação menos equilibrado) e também um cadeirão com estrutura em madeira mas com uns pormenores escultóricos, entalhamento de umas figuras femininas desnudas, o que leva a crer que seria uma peça de mobiliário própria num quarto de dormir (é verdade que estava exposta na mesma câmara que a cama) com um profundo sentido erótico.
De modo a visualizar o aspecto exterior e conhecer a história deste edifício, consultar o artigo A Gyulai var (1), publicado no Szerinting a 9 de Fevereiro de 2008.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Vénusz hercegnő

O futuro espera-se
O presente vive-se
O passado recorda-se

Quando o futuro passa a presente

E o presente se transforma em passado

Chega o momento do eternamente

E da história corrigindo o errado

Revela-se a verdade, sonhos e desilusões

Sabem-se aventuras, desafios e seduções

Lembram-se as revoltas, não tanto as tentações

Encerram-se os sorrisos, lamentam-se as paixões

terça-feira, 22 de abril de 2008

Duna & Budapest

O contraste geomorfológico que se verifica entre Buda e Pest, relevo de acidentes opostos e separados harmoniosamente por um rio, aliado ao estilo de arquitectura revivalista do século XIX, neoclássico, neogótico e eclético, fazem de Budapest uma das cidades mais românticas da Europa, uma beleza que se transforma em atracção tal qual uma paixão confundida com amor.
O Parlamento da Hungria é simplesmente impressionante, num estilo gótico revivalista e de traseiras voltadas para o Danúbio, os seus 17.700 metros quadrados são distribuídos por 691 salas num edifício simétrico com 268 metros de comprimento por 123 de largura e uma cúpula central com 96 metros de altura. Esse corpo central é uma sala hexadecagonal que dá acesso à câmara alta e à câmara baixa (actualmente somente existem plenários numa das câmaras, a baixa, renomeada de Assembleia Nacional). No centro desta sala está exposta a sagrada coroa real.
O Parlamento (Országház) foi inaugurado em 1896, exactamente 1000 anos após a fundação da nação. O arquitecto Imre Steindl, escolhido por concurso público, nunca chegou efectivamente a ver a sua obra finalizada porque adoeceu e ficou cego, acabando por morrer em 1902. As outras propostas que não venceram o concurso todavia foram construídas, são elas os edifícios frente ao Parlamento que servem o Ministério da Agricultura e o Museu Etnográfico.
O castelo de Vajdahunyad (cópia de um castelo existente com o mesmo nome na Transilvânia, hoje Roménia) foi originalmente construído em madeira e cartão-pedra para a Exposição Universal de 1896 e celebração do milénio sobre a fundação do Estado húngaro, segundo projecto também de Imre Steindl. Posteriormente foi reconstruído em pedra, materiais nobres e duradouros segundo planos de Ignác Alpár, o arquitecto projectista do edifício do Magyar Nemzeti Bank (Banco Nacional Húngaro), na Szabadság tér. O castelo de Vajdahunyad é um palácio lindíssimo embora confuso na mistura de estilos de arquitectura, implantado junto ao lago do jardim da cidade (Városliget).
Em conjunto com o Parlamento, a Basílica de Santo Estevão é o edifício mais alto de Budapest (também com 96 metros). Sendo a maior igreja da cidade, o estilo de arquitectura é neoclássico numa planta com forma de cruz grega e demorou 54 anos a construir (isso aconteceu porque em 1868, durante a construção, a estrutura colapsou e teve que ser completamente demolida para posteriormente ser reiniciada). Numa das duas torres sineiras está alojado o maior sino da Hungria que conta com 9 toneladas de peso (substituiu um anterior com 8 toneladas que foi retirado para o fabrico de peças de artilharia durante a II Guerra Mundial). Esta basílica tem o nome do primeiro rei húngaro (István) porque este foi reconhecido em Janeiro de 1001 pelo Papa Silvestre II como um rei cristão (de facto a coroa real foi oferecida pelo Papa) e assim integrando a Hungria numa Europa excluída de pagãos.
Os 28 quilómetros de Duna (Danúbio) que banham a cidade de Budapest são adornados por nove pontes diferentes onde se destaca a Széchenyi lánchíd (ponte de correntes Széchenyi) que liga o centro de Pest ao sopé da Várhegy (colina do castelo) onde encontramos o palácio de Buda, também do século XIX, implantado parcialmente no lugar do antigo castelo medieval destruído após as invasões turcas e reconquista austríaca (sob o comando do príncipe François-Eugène de Savoy, general francês ao serviço dos Habsburg). O aspecto actual resulta de uma remodelação recente que adaptou as instalações para propósitos museológicos (a Galeria Nacional de Arte, o Museu da cidade e a Biblioteca Nacional), embora tenha sofrido grandes alterações nas fachadas e coberturas quando foi reconstruído dos danos causados pelos bombardeamentos americanos da II Guerra Mundial.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Vejo-te nua

Nua, vejo-te nua ao amanhecer
Observo-te e gostas de ser observada
Sorris, não tens mais pelo que sofrer
A tua felicidade é a minha parada
Nua, vejo-te nua ao entardecer
Desejo-te e gostas de ser desejada
Provocas o que tem de acontecer
Amas mais por seres amada
Nua, vejo-te nua quando é de dia
Agarro-te e gostas de ser agarrada
Entregas o corpo sem artes de magia
Dás-me alegria com coisas de nada
Nua, vejo-te nua quando é de noite
Domino-te e gostas de ser dominada
Finges adorar um fingido açoite
E fazes de fantasias simples risada

sábado, 19 de abril de 2008

Kecskemét

Capital da província de Bács-Kiskun, na exacta meia distância entre Budapest e Szeged, Kecskemét com os seus cerca de cem mil habitantes é uma das maiores cidades da Hungria. Aqui estamos em Alföld (a grande depressão, planície), numa região bastante arenosa entre os rios Duna (Danúbio) e Tisza.
O grande atractivo arquitectónico é encontrado no centro da cidade, ao estilo Arte nova encontramos a Câmara Municipal (alguma semelhança com a Câmara Municipal de Szekszárd, embora esta muito mais pequena) na praça Kossuth e um conjunto de igrejas onde se destaca a católica de Szent Miklós e a protestante.
Na praça Szabadság (Liberdade) encontramos o edifício Cifra Palota (Palácio ornamentado), um belo exemplo de Jugenstil, terminado em 1902 por autoria do arquitecto Géza Márkus.
O festival da Primavera é uma feira com venda de artesanato nos espaços ajardinados amplos da belváros, onde não falta a aguardente de pêssego (barackpálinka), o mel, os utensílios de madeira, artigos de cabedal e chapéus, doces regionais.
Kecskemét foi referida pela primeira vez pelo rei Lajos I em 1368 como cidade (alguns aglomerados de população anteriores desapareceram com as invasões mongóis). As invasões turcas não afectaram, pelo contrário até beneficiaram o desenvolvimento desta cidade (serviu de refúgio para os camponeses) que se tornou um centro de comércio agrícola e animal (ainda hoje a actividade pecuária tem uma dimensão expressiva, principalmente a criação de cavalos) com a protecção directa do pasha de Buda entre os séculos XVI e XVII.
No final do século XIX a plantação de vinha em grandes propriedades resultou na acumulação de capital e um nível de riqueza que afinal explica a beleza algo excêntrica e grandeza dos edifícios no centro da cidade, exemplo do teatro Katona József, do casino, do liceu piarista por exemplo.
O compositor e etnomusicologista Kodály Zoltán nasceu em Kecskemét no ano de 1882.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Aveiro

Desde sempre tão deliciosa como os ovos moles e tão esbelta como os moliceiros, “in Aluario et Salinas” i.e. a cidade de Aveiro.
A Arte Nova tardia é contraste de Barroco e a ria formou os canais para aquelas embarcações coloridas navegarem.

Aveiro em Março é mais preciosa, onde toda a harmonia que a natureza entregou a S. Jacinto, de areias finas a salinas brancas, de enguias em caldeirada ou dôces de um amarelo cristalino e espesso, desde o século XV é relembrada ao povo que da arte somente sabe que a sente.

De Buga ou a pé, as quatro estações do ano podem sentir-se no mesmo dia e na mesma rua, enquanto a azulejaria tradicional portuguesa se conforma num envolvimento urbano único.

domingo, 13 de abril de 2008

Porto sentido

Alda era uma bolacha maria, nascida e criada na Ribeira, em tudo e nada contrastava com o murcão do seu marido, Arnaldo, um finguelinhas. Filhos de ambos e também de anteriores amigagens, uma salgalhada de amores passados e difíceis de ordenar, a canalha ruidosa aos pinchos no páteo da vila era indiferente às constantes trocas de injúrias e lapadas que invariávelmente a mãe distribuía no pai, justificada pela sua incomparável sostrice e irreparável falta de jeito para a profissão de picheleiro que afirmava orgulhosamente desempenhar, significando a ausência da correspondente contribuição financeira para as necessidades do lar. Arnaldo era apenas um trolha incerto, especialista em serviços assapateirados, simplesmente um trengo.

Para desanuviar as consumições domésticas, passava os serões no café Nasoni, ali à beira da Sé, uma enxovia de borrachos mas que à meia-hora servia tripas para fora ou então umas francesinhas de categoria, as melhores do Porto e Gaia.

Amigo jurado e companheiro mirolha de presenças no Dragão, Armando era um eterno embufado por razões idênticas a Arnaldo e nem sequer o facto de este ser môina e apresentar corpo em casa, não passava de um azeiteiro fácil de calcar por Alzira, companheira desde sempre, caga-tacos mas fiúza.

Arnaldo e Armando competiam no calote aos finos do Nasoni a par de se entreterem a mandar priscas e sameiras para as sardinheiras de Amândia, a taberneira, quarentona vistosa de um louro em toutiço pintado quase até à raiz, saia curta e meias com foguetes interrompidos a verniz.

Certa vez, por via do álcool ou de tanto ressentimento derivado de fartura às lôstras e pisaduras caseiras, estes dois touços acederam de inventar assaltos perfeitos, mudar de vida para melhor, julgavam. Amândia ouviu-lhes os planos, mas era mulher de confiança sem risco de chibar, que lhe interessava a capacidade dos clientes para inverter o fiado, não importava como.

Decidiram em grande, uma moradia da foz, junto à praça do Império, que Armando sabia, por acidente profissional ter alarme avariado e riquezas bastantes para subtrair.

O Fiat Uno preto de Armando estacionou na bouça das traseiras, saltaram o muro, calcaram as hidrângeas do jardim e introduziram-se pela janela pequenina aberta de um quarto de banho.

Tiveram tempo para inclusivé se confortarem com uma refeição por conta dos proprietários ausentes, um estrugido de cebola com ciclistas na sertã e guarnecido com penca cozida à falta de carne. Mas ainda havia na cozinha meia dúzia de tigelinhas e uns quantos magnórios do quintal, que serviram de sobremesa rematada por um cimbalino tirado em máquina eléctrica para o Arnaldo, e um pingo para o Armando.

Para além de uma volta de ouro e um aguça em prata, o melhor e mais fino que entrou nas sacas de serapilheira deste par de artistas foi um chuço de marca italiana, uns carapins ainda embalados, alguns casacos de cabedal sacados às cruzetas dos roupeiros, dois pares de coturnos de marca, e uma caixa pesada com sabe-se lá o quê dentro e que não deu para abrir por causa de um aloquete.

A fuga, se a vagareza do crime pode conter esta definição, foi atribulada, o doberman que impávido assistiu à entrada, estancava agora de olhar fixo frente à janela, espumando pelas beiças e preparando o ataque para o qual foi treinado.

Arnaldo e Armando começaram por tentar distrair o bicho com o arremesso de catotas, à distância obviamente, depois levando mais a sério o assunto, o animal recebeu uma saraivada de objectos diversos, um apanhador, um alguidar e uma bacia voaram seguidos de uma meia-dúzia de bijús sêcos e por fim um testo, enviesado, parecia um disco, certeiro nas vistas do animal que de imediato tombou, que se notava o focinho assim como que ourado e impedido de ferrar, obra de Arnaldo.

A dupla bufava de alívio e enquanto o canídeo se dispunha a espilrar a saliva entalada no gasganete e tendo a sua atenção desviada da janelita da entrada que agora serviria de saída, ambos se escapuliram tão fácilmente como entraram, excepto as sacas que trilharam e num esforço de repuxo que esbotenou o aro, rasgou uma delas, precisamente a que continha a volta de ouro que se perdeu escorregada para o bueiro do quintal.

Num ápice levado pelo mêdo e contornado de má sorte, Arnaldo e Armando encerraram o golpe perfeito com um abandono acelerado e desvairado, descendo a Avenida da Boavista pelas faixas centrais agora renovadas, contornando o Castelo do Queijo e estacionando por fim tão perto do local do crime mas sem se aperceberem.

As sacas ficaram na mala do Fiat Uno, excepto a caixa do aloquete, que foi aberta na esplanada do café da Praia da Luz, num amanhecer acompanhado de bolinhos de bacalhau e dois finos. A caixa não era de Pandora, mas uma espécie de chaveiro onde o acesso a imensos armazéns de Vila Nova de Gaia estava assim garantido, códigos de alarme e tudo.

Arnaldo e Armando sorriram de imaginar a fortuna e a sorte do seu achado, não tendo de imediato em conta de que caves de vinhos do Porto não se assaltam com sacas de serapilheira.

sábado, 5 de abril de 2008

Silva Porto (10)

Domingo era o dia da semana destinado a passear e descobrir outros lugares diferentes ou simplesmente para tratar de re-abastecer a casa de água, lavar as viaturas, comprar ferramentas no mercado, ler, escrever.
Certo domingo foi de visitar as povoações que existiam para leste do Kunge, a norte do Kuíto.
Tal como já imaginava, o estado das estradas para esses lados não era diferente das outras, a maior parte do alcatroado já havia desaparecido, restavam alguns marcos quilométricos, as tabuletas “danger mines” e carreirinhos de pedras pintadas a vermelho e branco nas bermas. As pontes de eucalipto aguentavam bem o peso do Land Rover, fazendo sempre falta verificar o estado e a posição dos troncos e tabuado antes de atravessar. Os restos de betão e ferro retorcido provavam a anterior existência de pontes a sério.
A idéia inicial era chegar a Camacupa (antiga General Machado), mas ao fim de algumas dezenas de quilómetros e a lentidão que os devidos cuidados obrigavam, uma pausa para fotografar os armazéns do "Grémio do milho" e os restos do edifício da administração de Chipeta junto com o Soba, reduziram-se as intenções a não mais do que 50 quilómetros de afastamento (umas 3 horas de viagem) para retornar desde Catabola.
Catabola foi um antigo posto administrativo com o mesmo nome, Município de Nova Sintra, junto ao quilómetro 676 da linha dos caminhos de ferro de Benguela, criada em 1922 por decreto do General Norton de Mattos.
Tão similar a outras vilas e pequenas cidades de Angola, uma pequena rotunda na entrada, uma avenida principal com separador ao centro e um posto de combustível, depois um largo com corêto e parque infantil frente a uma igreja, um campo de futebol (Sporting Clube de Nova Sintra). Armazens de comércio e outros edifícios do tipo industrial foram em tempos o complemento da grande produção agrícola que os caminhos de ferro distribuíam.
Equipada com escolas primária e preparatória (nos últimos anos da administração portuguesa) a sede do município de Nova Sintra foi certamente um lugar agradável e próspero.
Nesse domingo, aconteceu na vila algo parecido com uma procissão, cantares religiosos de devoção cristã muito ordenada e séria... porque Angola não somente herdou a língua, mas também a religião dos portugueses.
Imagens captadas em Catabola (antiga Nova Sintra), província do Bié, no ano 2004.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Amsterdam

Heldhaftig, Vastberaden, Barmhartig” é o lema da cidade capital da Holanda e significa “Valente, Decidida, Misericordiosa”.
O nome Amesterdam vem da palavra composta Amestelledamme (Dique de Amstel), de origem latina.
Os canais do rio Amstel envolvem a cidade de um modo natural, onde as maiores atracções turísticas são os bordéis, os cafés, a venda autorizada de drogas leves bem como as empresas de lapidação e comércio de diamantes, enquanto a concentração de actividades no sector financeiro é a grande marca de Amesterdam.
Os cerca de 750.000 habitantes desta cidade utilizam umas 700.000 bicicletas para se deslocarem, alcançando provavelmente a maior proporção de bicicletas por habitante do mundo.

Békécsaba

Fácilmente um turista que visite cidades ou vilas húngaras ganha a percepção quase óbvia de que neste país se pratica bastante desporto dada a quantidade de edifícios que são possíveis de encontrar com a inscrição “Gimnázium” na fachada principal.
O edifício da imagem encontra-se junto ao centro da cidade de Békécsaba, lugar de pouco interesse com um ou outro edifício mais antigo, de um modo geral bem conservados. É o Evangélikus Gimnázium contíguo a um evangélikus templom, ou seja igreja evangélica.
A palvara gimnázium significa liceu, uma mera coincidência (porque ginásio diz-se tornaterem).

Emlékpont – Hódmezővásárhely

Hoje em dia é cada vez mais comum verificar que cidades europeias procuram descobrir e revelar o seu passado, assim explicam o seu presente, assim reinventam o seu futuro.
A cidade de Hódmezővásárhely apresenta a sua história, que se torna completa quando partilhada através do museu/exposição permanente Émlekpont, fél évszázad Vásárhelyen (Ponto memorial, meio século em Vásárhely).
Situado na Andrássy út 69, o edifício é algo excêntrico e estranho, onde revestimentos metálicos contrastam com um vermelho garrido de painéis murais pintados ao estilo comunista e uma estátua de Lenin aparece empoleirada em posição de relaxe, como nunca aconteceu no passado.
Ainda no exterior outras estátuas em pedra, estas de maiores dimensões, bem como símbolos e imagens específicas representam a configuração do regime organizado na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e não tanto a dependência da própria Hungria.
O Émlekpont foi constituído com a colaboração técnica do museu Casa do Terror de Budapest (curiosamente também situado em avenida com o mesmo nome, Andrássy), assim fica explicado o estilo de arquitectura e decoração tão similares. Quando em Budapest encontramos um tanque de guerra bem ao centro do edifício, em Hódmezővásárhely temos uma enorme estátua em bronze.
Os cinquenta anos de comunismo implementados na Hungria são expostos pela forma de objectos, pinturas, máquinas e estátuas, fotografias de intelectuais ou políticos, protagonistas e anónimos, actores e vítimas.
Este país nunca deixou de ser um mero “celeiro”, outrora dos austríacos, posteriormente do “leste”, porque as suas planícies férteis lhe destinaram essa vocação.
Bastante interessante porém a imagem das jovens polícias, fora do típico quadro agrícola, acolhendo a provinciana que entretanto prova o seu uniforme na integração sob a “presença” destacada do camarada Stalin, o sempre eterno guia.
O Puli Elektromos Autó, embora fora do contexto, também é elemento presente no museu, não por pertencer à era comunista, mas apenas porque é um invento da Puli Jarmű és Gépgyártó Kft, empresa de Hódmezővásárhely, fabricado em 1992. Com chassis em aço mas carroçaria em polyester e plástico, o Puli é propulsionado por um motor eléctrico de 7,4 kw para 750 kg, atinge os 65 Km/h numa autonomia de apenas 100 km, transportando um máximo de 200 kg (dois passageiros e alguma carga).
Sobre a cidade de Hódmezővásárhely, pouco mais há a dizer, nada tem de especial pois é compatível com a sua pequena dimensão e localização (na província de Csongrád, entre as cidades Szeged e Békécsaba pela estrada nacional 47). Ali existe um outro museu, o Holokauszt Múzeum, novamente único no género fora de Budapest.