sábado, 5 de abril de 2008

Silva Porto (10)

Domingo era o dia da semana destinado a passear e descobrir outros lugares diferentes ou simplesmente para tratar de re-abastecer a casa de água, lavar as viaturas, comprar ferramentas no mercado, ler, escrever.
Certo domingo foi de visitar as povoações que existiam para leste do Kunge, a norte do Kuíto.
Tal como já imaginava, o estado das estradas para esses lados não era diferente das outras, a maior parte do alcatroado já havia desaparecido, restavam alguns marcos quilométricos, as tabuletas “danger mines” e carreirinhos de pedras pintadas a vermelho e branco nas bermas. As pontes de eucalipto aguentavam bem o peso do Land Rover, fazendo sempre falta verificar o estado e a posição dos troncos e tabuado antes de atravessar. Os restos de betão e ferro retorcido provavam a anterior existência de pontes a sério.
A idéia inicial era chegar a Camacupa (antiga General Machado), mas ao fim de algumas dezenas de quilómetros e a lentidão que os devidos cuidados obrigavam, uma pausa para fotografar os armazéns do "Grémio do milho" e os restos do edifício da administração de Chipeta junto com o Soba, reduziram-se as intenções a não mais do que 50 quilómetros de afastamento (umas 3 horas de viagem) para retornar desde Catabola.
Catabola foi um antigo posto administrativo com o mesmo nome, Município de Nova Sintra, junto ao quilómetro 676 da linha dos caminhos de ferro de Benguela, criada em 1922 por decreto do General Norton de Mattos.
Tão similar a outras vilas e pequenas cidades de Angola, uma pequena rotunda na entrada, uma avenida principal com separador ao centro e um posto de combustível, depois um largo com corêto e parque infantil frente a uma igreja, um campo de futebol (Sporting Clube de Nova Sintra). Armazens de comércio e outros edifícios do tipo industrial foram em tempos o complemento da grande produção agrícola que os caminhos de ferro distribuíam.
Equipada com escolas primária e preparatória (nos últimos anos da administração portuguesa) a sede do município de Nova Sintra foi certamente um lugar agradável e próspero.
Nesse domingo, aconteceu na vila algo parecido com uma procissão, cantares religiosos de devoção cristã muito ordenada e séria... porque Angola não somente herdou a língua, mas também a religião dos portugueses.
Imagens captadas em Catabola (antiga Nova Sintra), província do Bié, no ano 2004.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que bom vêr a minha terra de novo. Estive em N.Sintra em Novembro/2008.Parabéns pelo blog
Helder Sabino
Elvas

Joao Carrazedo disse...

Estive em Catabola ( Nova Sintra) em 1971 - com 19 anos, antes de ser colocado em Malange. Foram 9 meses de experiências fantásticas - joguei Futsal e Futebol, fiz muitas asneiras, conheci gente fantástica - nativos, comercientes- ...conheci o Nini Coutinho que na altura treinava o Sporting e leccionava no Bié.
Joguei com chuteiras cheias de pregos a "queimar" a palma dos pés.....que saudade!!!!
Gente dinâmica, trabalhadora e honrada.
Abraço a todos

António João Rodrigues