terça-feira, 22 de abril de 2008

Duna & Budapest

O contraste geomorfológico que se verifica entre Buda e Pest, relevo de acidentes opostos e separados harmoniosamente por um rio, aliado ao estilo de arquitectura revivalista do século XIX, neoclássico, neogótico e eclético, fazem de Budapest uma das cidades mais românticas da Europa, uma beleza que se transforma em atracção tal qual uma paixão confundida com amor.
O Parlamento da Hungria é simplesmente impressionante, num estilo gótico revivalista e de traseiras voltadas para o Danúbio, os seus 17.700 metros quadrados são distribuídos por 691 salas num edifício simétrico com 268 metros de comprimento por 123 de largura e uma cúpula central com 96 metros de altura. Esse corpo central é uma sala hexadecagonal que dá acesso à câmara alta e à câmara baixa (actualmente somente existem plenários numa das câmaras, a baixa, renomeada de Assembleia Nacional). No centro desta sala está exposta a sagrada coroa real.
O Parlamento (Országház) foi inaugurado em 1896, exactamente 1000 anos após a fundação da nação. O arquitecto Imre Steindl, escolhido por concurso público, nunca chegou efectivamente a ver a sua obra finalizada porque adoeceu e ficou cego, acabando por morrer em 1902. As outras propostas que não venceram o concurso todavia foram construídas, são elas os edifícios frente ao Parlamento que servem o Ministério da Agricultura e o Museu Etnográfico.
O castelo de Vajdahunyad (cópia de um castelo existente com o mesmo nome na Transilvânia, hoje Roménia) foi originalmente construído em madeira e cartão-pedra para a Exposição Universal de 1896 e celebração do milénio sobre a fundação do Estado húngaro, segundo projecto também de Imre Steindl. Posteriormente foi reconstruído em pedra, materiais nobres e duradouros segundo planos de Ignác Alpár, o arquitecto projectista do edifício do Magyar Nemzeti Bank (Banco Nacional Húngaro), na Szabadság tér. O castelo de Vajdahunyad é um palácio lindíssimo embora confuso na mistura de estilos de arquitectura, implantado junto ao lago do jardim da cidade (Városliget).
Em conjunto com o Parlamento, a Basílica de Santo Estevão é o edifício mais alto de Budapest (também com 96 metros). Sendo a maior igreja da cidade, o estilo de arquitectura é neoclássico numa planta com forma de cruz grega e demorou 54 anos a construir (isso aconteceu porque em 1868, durante a construção, a estrutura colapsou e teve que ser completamente demolida para posteriormente ser reiniciada). Numa das duas torres sineiras está alojado o maior sino da Hungria que conta com 9 toneladas de peso (substituiu um anterior com 8 toneladas que foi retirado para o fabrico de peças de artilharia durante a II Guerra Mundial). Esta basílica tem o nome do primeiro rei húngaro (István) porque este foi reconhecido em Janeiro de 1001 pelo Papa Silvestre II como um rei cristão (de facto a coroa real foi oferecida pelo Papa) e assim integrando a Hungria numa Europa excluída de pagãos.
Os 28 quilómetros de Duna (Danúbio) que banham a cidade de Budapest são adornados por nove pontes diferentes onde se destaca a Széchenyi lánchíd (ponte de correntes Széchenyi) que liga o centro de Pest ao sopé da Várhegy (colina do castelo) onde encontramos o palácio de Buda, também do século XIX, implantado parcialmente no lugar do antigo castelo medieval destruído após as invasões turcas e reconquista austríaca (sob o comando do príncipe François-Eugène de Savoy, general francês ao serviço dos Habsburg). O aspecto actual resulta de uma remodelação recente que adaptou as instalações para propósitos museológicos (a Galeria Nacional de Arte, o Museu da cidade e a Biblioteca Nacional), embora tenha sofrido grandes alterações nas fachadas e coberturas quando foi reconstruído dos danos causados pelos bombardeamentos americanos da II Guerra Mundial.

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