segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Estereograma (2)

Peixe de esqueleto cartilaginoso que partilha com quimeras e raias a classe dos Chondrichthyes, mas somente com as raias a subclasse dos Elasmobranchii. Pertence portanto à super ordem dos Selachimorpha e habita em todos os oceanos e alguns mares.
Estereograma do tipo “visão livre paralela”, onde se descobre a imagem tridimensional fixando o olhar no infinito.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Astrolábio de precisão, por Coutinho e Cabral

Por ocasião do 1º Centenário da Independência do Brasil, entendeu o Governo Português patrocinar uma travessia oceânica no Atlântico Sul, a primeira por meios aéreos. Já no ano anterior, em 1921, havia sido experimentada uma travessia bem sucedida entre Lisboa e Funchal.
Carlos Viegas Gago Coutinho e Artur de Sacadura Freire Cabral eram ambos oficiais da Armada e as suas carreiras observaram percursos comuns ao serviço da Marinha Portuguesa, principalmente nas comissões de serviço em África onde se dedicaram a missões de levantamento geográfico e delimitação cartográfica de fronteiras nas províncias ultramarinas.
Apesar de Coutinho ser o superior hierárquico, este não frequentou o curso de piloto aviador em França tal como fez Cabral, dedicou-se antes a trabalhos diversos de investigação geográfica e histórica bem como ao desenvolvimento e optimização de instrumentos de navegação, de onde se destacou um modelo inovador de Sextante de horizonte artificial (que o inventor baptizou de “astrolábio de precisão”) não sujeito a referências fixas (o invento tem a ver com a resolução técnica do problema de oscilações angulares por instabilidade horizontal do navio ou do avião durante a leitura da altura do astro) e um corrector de rumos.
A colaboração de Cabral na optimização do Sextante de precisão foi fundamental principalmente porque a sua influência tornou oportuna a utilização do modelo inventado para a navegação aérea, quando Coutinho essencialmente estudava a utilização marítima do instrumento, principalmente para as situações de horizonte de mar não visível de dia ou de noite.
Terá sido também Sacadura Cabral que incentivou o seu superior a trocar as missões geodésicas em África pelo assunto da aeronáutica.
O mesmo teve influência no processo de aquisição das aeronaves Fairey III-D de origem inglesa, onde a encomenda de duas unidades na versão corrente e uma unidade de fabricação específica não foi por acaso. Assim, o aparelho com o número de série F400 e a referência MkII Transatlantic, diferenciava dos F401 e F402 na maior envergadura das asas, comprimento e altura, assim área alar, também maior peso e raio de acção (instalados depósitos de combustível suplementares nos flutuadores), embora os motores Rolls-Royce Eagle VIII de 350 Cv. fossem idênticos (obviamente o MkII tornava-se mais lento e consumia mais combustível).
Na tarde de 30 de Março de 1922, o hidroavião Fairey FIII-D MkII, baptizado de Lusitânia, partiu de Lisboa rumo a Las Palmas nas ilhas Canárias e daí seguiu para S. Vicente em Cabo Verde. Os flutuadores deixavam entrar água e o consumo da aeronave era excessivo, pelo que alguns dias foram perdidos no arquipélago para reparações.
Em 13 horas e 21 minutos o Lusitânia efectuou a travessia de cerca de 1700 Km de distância entre o porto da Praia e o arquipélago de S. Pedro e S. Paulo. A amaragem nas águas brasileiras foi desastrosa por causa de condições meteorológicas adversas, a ondulação forte arrancou um dos flutuadores do Lusitânia no dia 18 de Abril.
O Governo Português decidiu enviar o Pátria (um dos outros Fairey III-D) para substituir o Lusitânia, numa empresa que já estava praticamente concluída (a travessia do Atlântico, de maior distância e risco, já tinha sido efectuada) por uma questão de prestígio e de opinião pública atingir-se-ia a capital do Brasil. Mas o motor deste Fairey III-D avariou alguns momentos após a descolagem e resultou em naufrágio, exactamente no mesmo local do anterior.
Como não há duas sem três e porque ainda existia um terceiro hidroavião disponível, foi mesmo este, o Santa Cruz, que terminou a viagem com diversas escalas no litoral do Brasil até à chegada ao Rio de Janeiro, a 17 de Junho de 1922.
Esta operação teve custos altíssimos, não somente pela perda de duas aeronaves bem como pelo dispositivo logístico montado a somar ao inesperado, principalmente o acompanhamento constante do cruzador República da Marinha Portuguesa as viagens dos navios Carvalho Araújo e Bagé (navio mercante) para as entregas dos aparelhos de substituição.
Sacadura Cabral desapareceu no ano de 1924, vítima de um acidente aéreo no Canal da Mancha ao comando de um Fokker, diferente de Gago Coutinho, que se reformou em 1939 e faleceu em 1959 com 90 anos de idade e o título de Almirante.
A representação em guache da autoria de Stuart (José Herculano Stuart Torres de Almeida Carvalhais) corresponde ao naufrágio do segundo Fairey (com o número de matrícula 16, ou seja o Pátria). A embarcação que resgatou os oficiais da Marinha Portuguesa foi o Paris City, proveniente de Cardiff e com destino ao Rio.
Embora os trabalhos artísticos de Stuart fossem essencialmente do tipo humorístico e caricatura, tornou-se um famoso ilustrador de capas de revista e posteriormente colaborador da Revista da Marinha.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Szerinted bolondság

Eventualmente aufere um salário compatível com a experiência, capacidades e habilitações adquiridas. Usufrui de diversas regalias em vigor mas não lhe terá sido confiada uma viatura de serviço porque trabalha por conta de uma empresa que só tem um empregado, é o gerente e accionista único.
A utilização de um automóvel particular no desempenho das suas funções profissionais é coerente porquanto qualquer solução diferente obriga ao pagamento de impostos específicos que nunca compensam a dedução dos gastos em combustíveis e afins, a menos que percorra muitos quilómetros todos os meses.

sábado, 11 de outubro de 2008

Árpád

Apesar de não ser considerado ou classificado como o Legnagyobb (o mais grandioso), Árpád é aquele a quem os húngaros reconhecem o maior protagonismo e importância no estabelecimento da nação magyar (que posteriormente se transformou em reino através de Vajk, membro da sua linhagem dinástica).
Álmos foi o primeiro Nagyfedelem (Grande Príncipe) e Árpád foi o segundo, tendo sido nomeado por eleição (não por sucessão, apesar de ser filho de Álmos) organizada entre os líderes das sete tribos magyar (as tribos Jenő, Kér, Keszi, Kürt-Gyarmat, Megyer, Nyék e Tarján).
Tendo sido Álmos, Előd, Ond, Kond, Tas, Huba e Töhötöm os líderes tribais que decidiram sobre os destinos e fundação da nação magyar, numa perspectiva de tomada de independência política e responsáveis pela iniciativa da conquista territorial a oeste das suas origens (migração da federação), foi Árpád, após a morte de seu pai, que na verdade assumiu a realização estratégica dos desafios propostos, fez a gestão dos conflitos militares inerentes e por fim conquistou a bacia dos Cárpatos no ano 896 para ali estabelecer o seu povo de modo definitivo, criando as condições para a rápida expansão (Honfoglalás) que conduziu posteriormente (em conjunto com os Kabar, as 3 tribos turkic também dissidentes do Império Khazar).
Árpád ganhou o lugar de maior prestígio na história do povo húngaro (tornou-se conhecido como o pai dos húngaros) e iniciou uma dinastia com o seu nome.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cygnus

Quando não é uma constelação trata-se de um Anserinae, bicho de hábitos aeronáuticos com algumas capacidades anfíbias, nidificador e monogâmico que partilha com gansos e patos o seu lugar na família Anatidae dos Anseriformes. Os cisnes habitam felizes nos grandes lagos da Europa central (também no Balaton) e segundo antiga lenda alemã é até possível que alguns se transformem em belas mulheres durante a noite.
Em 1877 tornou-se público o Лебединое Озеро, o primeiro ballet composto por Piotr Tchaikovsky. O Lago dos Cisnes estreou sem grande sucesso no afamado teatro Bolshoi (o grande) de Moscovo.
Segundo o libretto, a mãe do Príncipe Siegfried oferece um arco e flechas como prenda de aniversário e apela para que eleja no dia seguinte uma esposa entre as convidadas da sua festa. Porém um bando de cisnes brancos passa perto do castelo e desperta a atenção do príncipe que decide caçá-los.
O malévolo Von Rothbart líder do “bando” de disfarçados em aves de rapina foi o feiticeiro responsável pelo efeito especial de transformação da Princesa Odette e suas aias em cisnes (embora durante a noite as raparigas voltem à sua condição humana). Siegfried apercebendo-se do esquema urdido, apaixona-se pela Princesa e jura que desmanchará o feitiço, o que somente é possível desde o momento em que seja comprovado um amor fidedigno.
Ambicioso, Rothbard aparece entretanto na Corte da Raínha disfarçado de cavaleiro nobre e acompanhado por Odile, sua filha também disfarçada. Ingénuamente o Príncipe Siegfried deixa-se encantar por Odile (cisne negro) por acreditar que se trata de Odette e anuncia a sua escolha, deixando em apuro a cisne branca, que na sua condição de “boazinha” acaba por se conformar.
No quarto acto o Príncipe “abre os olhos” e vê-se obrigado a demonstrar a Odette a sua condição incontornável de vítima no embuste, mas pede perdão. O facto de ambos renovarem juras de amor eterno é coisa que desagrada ao feiticeiro que se enfurece e inunda as margens do lago. Este acto de vingança resultou no trágico afogamento de Siegfried e assim tornada impossível a quebra do feitiço sobre as cisnes.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Erdély

É um ondulado constante, sempre igual sem arestas, sempre verde mas não de floresta.
Os Cárpatos são também a Transilvânia, Erdély na língua húngara, um acidente geográfico que resultou desde sempre em natural divisão política e por consequência em diferenciação social. As linhas de fronteira que os homens admitiram coincidir desde sempre com a morfologia do terreno são os limites das grandes planícies da Hungria, onde as ambições de ocupantes e invasores se satisfaziam. Foram afinal os constantes conflitos militares que provocaram a repartição do reino e portanto a separação da Transilvânia, não tanto a dissociação das etnias porque em verdade nunca foram unidas. Se por um lado o Tratado de Trianon definiu uma alienação que desde há muito já estava definida pelas gentes, a decepção do mesmo foi tornar o território numa província do reino romeno.
Apesar de actualmente a religião em preferencia ser a ortodoxa ao invés da católica, os povos da Transilvânia assimilaram a língua romena (latina) sem anular porém o húngaro (fino-úgrico). Ali também se encontram populações de etnia Rom, curiosamente tão antigas nestas paragens como as de origem magyar. O som das suas palavras é internacional e independente de idiomas, bem como o modo vestir, agir e interagir com os demais.
As aldeias e lugares apresentam exactamente a mesma organização urbanística verificada na Hungria, as casas, de forma rectangular, estão implantadas sempre perpendicularmente à estrada que atravessa as povoações (contudo afastadas da mesma) e paralelas entre si.
Junto aos portões das entradas quase todas têm um banco protegido por um telheiro, onde as provincianas mais velhas aproveitam alguma luz e calor do sol enquanto as horas passam de conversa e as movimentações “alienígenas” são monitorizadas.
Demográficamente aquele interior (compreendendo interior tudo o que é afastado dos grandes centros urbanos) não é diferente das estatísticas para o espaço europeu, população envelhecida e ainda bastante dependente da agricultura.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Operation Overlord

A batalha ou invasão de Normandie, a 6 de Junho de 1944 e que se tornou conhecida como o "Dia D" (Day of Defeat), tinha o nome de código Operation Neptune, onde forças americanas, canadenses, britânicas, holandesas, nova zelandesas, australianas, francesas livres, polacas e norueguesas em aliança combateram as forças alemãs comandadas por Gerd Von Rundstedt e Erwin Rommel.
As praias de Colleville-sur-Mer, St. Laurent-sur-Mer e Vierville-sur-Mer (junto à península de Cotentin, toda a costa litoral entre Cherbourg e Le Havre) receberam nomes de código que as transformaram no momento em Juno, Gold, Sword, Omaha e Utah... beach.
Apesar de bastante distribuídas por uma linha de costa extensa, as forças alemãs estavam em desvantagem numérica mas contavam com equipamentos e construções que os protegiam e posicionavam de modo quase impenetrável. As centenas de bunkers construídos em betão armado eram guarnecidos com armamento altamente repelente (por exemplo canhões de 155mm e metralhadoras Mg42) embora estivessem sob constante ataque aéreo e naval.
Os alemães aguardavam pela invasão desde o mês de Abril, altura em que tiveram a oportunidade de interferir nuns ensaios de desembarque efectuados em South Devon (Reino Unido) com o lançamento de alguns torpedos que até causaram centenas de mortes na infantaria americana, durante os exercícios Tiger. Por outro lado as fugas de informação numa operação militar que pretendia envolver 1 milhão de homens, mais de 10.000 embarcações e outros tantos meios aéreos eram impossíveis de conter. Já naquela época um jornalismo extremamente liberal e que olvidava a importância dos “segredos de justiça” resultava invariávelmente em desastre, não fossem os responsáveis militares obrigados a confundir tudo e todos com informações carentes de sentido e verdade, bem como operações de invasão falsas como as de nome Fortitud North e Fortitud South marcadas para a mesma data mas em locais geográficos diferentes.
Actualmente as praias da Normandie são frequentadas essencialmente por um forte turismo de estrangeiros que procura o lugar físico da história e não os banhos. Visitam os museus, as localidades ou vilas próximas, tal como Formigny, Caen ou Cherbourg, procuram pelos memoriais e pelos imensos objectos e construções bélicas que por ali se encontram sem grande problema. Também e sobretudo, são lugares de visita obrigatória (para muitos, o propósito principal da sua visita) os cemitérios militares. Entre tantos outros, destacam-se o de La Cambe (alemão) o de Bény-sur-Mer (canadense) e o de Colleville-sur-Mer, que com os seus cerca de 70 hectares é apenas um dos 14 cemitérios americanos da II Guerra Mundial em solo estrangeiro. Este local está sob autoridade da ABMC (American Battle Monuments Commission), a comissão responsável por memoriais relativos a serviços e conquistas norte-americanas e cemitérios em solo estrangeiro.
Na capela do cemitério de Colleville-sur-Mer, encontra-se uma placa de mármore com a inscrição: I give unto them eternal life and they shall never perish.