sexta-feira, 27 de abril de 2007

Pozsony

Tal como já referido anteriormente, a Hungria perdeu dois terços do seu território a partir do Tratado de Trianon, assinado a 4 de Junho de 1920 em Versalhes, França. O novo Estado húngaro substituiu o Reino da Hungria por decisão unilateral do Reino Unido, França, Itália, Estados Unidos, Roménia e Sérvia, os vencedores da primeira grande guerra mundial.
Em números, 325.000 km2 foram transformados em 93.000 km2 e a população passou de 19 para 7 milhões de habitantes. O acesso ao mar foi perdido (com as províncias de Voivodina, Eslavônia e Croácia entregues à Sérvia). De mínimo, para compensação moral, a República da Hungria regozijou-se recentemente com o facto de que apesar dos países vizinhos oportunistas lhes terem “subtraído” territórios, esses vieram a tornar-se países independentes alguns anos mais tarde, infelizmente nem todos por meios pacíficos (excepto a Transilvânia, que se mantém parte integrante da Roménia).
A Eslováquia, juntamente com a Morávia e a Boémia, formavam a Checoslováquia até à separação em 1938 (no "Acordo de Munique"), novamente unidos em 1945, e finalmente apartados em 1993, quase quatro anos após a "Revolução de veludo" encabeçada por Václav Havel (posteriormente presidente, o último da Checoslováquia e o primeiro da República Checa).
Posto isto, Bratislava, com os seus cerca de 450 mil habitantes tornou-se capital deste novo país há apenas 14 anos. Todavia já não era a primeira vez que esta pequena e modesta cidade se tornava uma capital...
Pozsony é o nome original desta cidade (origem na palavra latina Posonium), o único aliás que os húngaros reconhecem e manterão sem resignação enquanto a história do seu povo e orgulho não se queira apagada.
Pozsony foi durante os longos anos de ocupação otomana a capital do Reino da Hungria (1536-1784). Mesmo após a recuperação de Buda, e durante o mais tempo que conveio aos austríacos (não olvidando que a Áustria tomou posse do reino da Hungria porque resolveu contrariar o almejo turco, formando assim o império).
Para os austríacos Pozsony era chamada de Preßburg, e foi palco da última batalha entre estes e os exércitos da Prússia, frente ao mesmo Danúbio que atravessa Viena e Budapeste.
No alto temos o castelo e as respectivas residências reais, de linhas simples e cor sóbria. De forma ortogonal, as suas quatro torres a cada vértice são consideradas o símbolo da cidade, na morada oficial do presidente da república.
Desse lugar é possível alcançar quase todo o limite da cidade bem como encontrar as terras dos vizinhos (Bratislava é a única capital europeia que faz fronteira com dois países). O Parlamento, edifício recente e de desenho discutível é logo ali ao lado, assim como o anexo restaurante, o Parlamentka, igualzinho como há dez anos excepto nos arruamentos da entrada.
A cidade de Pozsony apresenta exactamente o mesmo estilo de outras cidades (capitais de província) húngaras, as suas casas, casarões e palacetes encostados ainda mostram algum encanto obviamente que pela preservação patrimonial e reserva pedonal do pequeno centro histórico da parte baixa. As embaixadas de quase todos os países ocidentais estão estabelecidas (recentemente) nesse espaço, enquanto outras na zona da colina do castelo.

Os acessos à capital da Eslováquia são relativamente fáceis, um pequeno desvio de meia dúzia de quilómetros à auto-estrada M1 que conecta Budapeste a Viena, e dá-se bem com o local através de uma via rápida. Por via aérea, o pequeno aeroporto de terminal único situa-se a apenas 9 km (a nordeste obviamente).

quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril de 1974

Antes da partida para a Madeira, rumo ao exílio, a última decisão política de Marcelo Caetano, que havia substituído um outro grande português em 1968, foi no dia 25 de Abril de 1974 entregar o poder ao General António de Spínola, para que “não caísse na rua”. Essa brilhante condição, de quem nada mais tinha a perder do que a própria vida, somente revela um amor à pátria que nunca preocupou os seus sucessores, como se veio a revelar com uma descolonização baseada na entrega de poderes a bandidos, nacionalizações sem qualquer plano a longo ou médio prazo de interesse e benefício à economia, a delapidação do tesouro público e o desaparecimento de reservas.
No seu entender (do presidente do conselho de ministros, ex-ministro das colónias e da presidência, autor dos manuais de direito administrativo e professor de direito administrativo português), esta decisão era como uma rendição à teoria de secessão do “Portugal e o futuro” do General Spínola, de que somente uma solução política daria fim à crise separatista das províncias ultramarinas (a publicação desse livro terá sido razão para exoneração do militar no ano anterior).
Mas o General não pertencia ao revolucionário movimento das forças armadas e nem sequer estava de acordo com os princípios básicos que tornaram efectivo este movimento. É que a "revolução dos cravos" dá-se por razões que nem de todo estão relacionadas com a vontade do povo, não sendo por isso inteiramente verdade o preâmbulo do decretado na constituição da república de 1976:
1- Não existiu nenhuma “longa resistência do povo português
2- Não foram “interpretados os seus sentimentos profundos” (dos portugueses)
3- É discutível se foi “derrubado um regime fascista
4- A revolução não “restituiu” nenhuns “direitos e liberdades fundamentais” aos portugueses
5- A constituição elaborada não correspondeu a quaisquer “aspirações do país”.
É verdade que se deu uma “transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa” e é também verdade que foi eliminado um regime de ditadura política (que havia sucedido a um outro de ditadura militar iniciado nos anos 20). Mas que os portugueses haviam experimentado uma "longa resistência", não é verdade. Os portugueses na sua esmagadora maioria eram obedientes, ordeiros e respeitadores da ordem que lhes foi sendo imposta, logo, seus "sentimentos profundos" (da maioria) não eram revolucionários. As “aspirações do país” foram ditadas por quem seguidamente tomou o poder e inscreveu quais haviam de ser. Também não foi “restituído” aquilo que nunca existiu anteriormente, porque antes da ditadura militar do princípio do século XX, existiu uma república inconstante precedida por uma monarquia.
O movimento das forças armadas foi fundado por oficiais de patentes intermédias pelas seguintes razões principais que pouco têm a ver com aquilo que os oportunistas do momento (e que subiram gratuitamente ao poder) andaram e ainda andam a “vender” às gerações seguintes:
1- A guerra nas províncias ultramarinas não tinha uma solução militar previsível, as próprias altas patentes o afirmaram por escrito, pelo que o envolvimento de novos contingentes, a manutenção do conflito só traria perda de vidas e a desilusão da derrota militar para breve.
2 – Os regulamentos aprovados recentemente por Marcelo Caetano para a promoção militar ultrajou os oficiais de carreira, que lhes prejudicaria a ascensão de patente e respectivas remunerações.
3- Os ideais de esquerda (da mesma esquerda que reivindicava a independência das províncias ultramarinas) tinham sucesso entre militares e oficiais subalternos porque eram inversos ao apoio que os seus superiores hierárquicos davam às políticas do governo da república (compreensível, porque num sentido elevado do dever, as chefias militares obrigam-se a uma lealdade ao Estado que é independente de convicções pessoais e políticas).
Sendo verdade que esses ideais de esquerda eram generosos para “injectar” no “sangue” do povo (apesar de por toda a Europa se mostrarem realmente falsos, e revelados com as tentativas de revolução de 56 na Hungria e em 68 na Checoslováquia), os líderes militares do movimento das forças armadas encostaram as razões dos seus intentos aos oportunistas socialistas e comunistas, que logo apareceram como heróis ou voltaram do exílio numa postura apoteótica de legítimos herdeiros do poder sobre o Estado português.
O Povo, como sempre obediente, ordeiro e respeitador da ordem que lhe é imposta, seguiu animado, aplaudiu esses novos dirigentes com o mesmo entusiasmo que aplaudia os discursos de Salazar, que Portugal teria um futuro de prosperidade, riqueza, bem estar, educação e outras mentiras proferidas por quem tinha capacidade de movimentar as massas ignorantes de modo a apoiarem o seu sucesso político, promoverem e validarem em eleições democráticas o seu estatuto auto-nomeado de governantes e gestores do património português.
O povo, como sempre obediente, ordeiro e respeitador da ordem que lhe é imposta, aplaudiu o grande feito heróico do ingresso de Portugal na Comunidade Económica Europeia, que os mesmos oportunistas, sem saída para os graves erros que cometeram em nome de ideais falsos e falidos, após a destruição completa da sustentabilidade da economia, após não terem alcançado melhor situação social do que os anteriores, mantendo seus postos e todos os postos dos restantes oportunistas que tomaram conta do poder (que foram alternando mercê de não ser possível tanto abuso por tantos ao mesmo tempo), apareceram como salvadores da pátria porque encontraram uma fonte fácil para proveitos futuros.
Reparar o que se destrói não é mérito, mérito e potenciar aquilo que já se tem ou no mínimo preservar aquilo que se tem. No acesso à União Europeia não houve portanto mérito.
O acesso à União foi importante, sim, tão importante quanto consequente. Não entrar na União (isolamento) ou fazer parte dela em conjunto com os países do leste europeu teria sido demasiado ruim, não só pelo volume de financiamentos provavelmente inferior, bem como pelas regras mais rigorosas a respeitar, já para não falar do poder individual nas decisões que passou a ser mais condicionado e limitado no “pacote” de ingresso destes.
A alteração do regime político, se significando maior liberdade de expressão e escolha individual, também foi muito importante.
A revolução de 25 de Abril de 1974 foi importante? Por ter acontecido, foi.
Mas se não tivesse acontecido:
1- A liberdade de expressão e escolha individual viria a ser verdade, com mais lentidão é certo, que se percebia ser o rumo das decisões seguintes de Marcelo Caetano, um liberal assumido. Talvez, nunca saberemos
2- A guerra no ultramar provavelmente seria substituída por uma solução diplomática que consideraria a preservação do património privado, o respeito por cidadãos estrangeiros e evitaria as guerras civis subsequentes (que acabaram na destruição de praticamente todo o património privado e público). Talvez, nunca saberemos.
3- O disparate de nacionalizações e ocupações de empresas produtivas, não teria acontecido (se nacionalizações fossem úteis, não seria lógica a ultra necessidade de efectuar privatizações nos anos seguintes) e a entrada na Comunidade Europeia seria feita pela “porta grande” de quem não aparece para pedir esmola mas integração, cooperação e competitividade. Talvez, nunca saberemos.
4- O oportunismo e a devassa de bens e valores do Estado não teria acontecido, ou seja todos aqueles com ideologias divergentes das do Estado Novo (e que por isso foram perseguidos, presos ou deportados) que residindo no território nacional acabariam integrados numa sociedade plural e justa, os no exílio voltariam e exerceriam profissões correspondentes aos ensinamentos que obtiveram, provavelmente com sucesso. Talvez, nunca saberemos.
Apenas sabemos que a revolução do dia 25 de Abril de 1974 foi importante. Segundo o preâmbulo da constituição foi importante porque marcou o “início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa”. Foi simplesmente importante porque aconteceu, como talvez fosse importante se nunca tivesse acontecido. Talvez, nunca saberemos.

domingo, 22 de abril de 2007

Eger

A “pérola barroca da Europa” encontra-se no centro da cidade (belváros) de Eger. A 128 km da capital, a cidade de Eger pode ser alcançada indirectamente através da auto-estrada M3 (Budapest - Debrecen) ou da estrada nacional 3 (Budapest – Miskolc). A ligação entre estas vias principais e Eger é a estrada nacional 25, uma meia dúzia de quilómetros desde Füzesabony. Tal como aconteceu (nos finais do século XIX) aquando da implantação da rede ferroviária, também no planeamento das estradas, Eger foi “esquecida” do itinerário principal.
Situada no norte da Hungria, Eger é afinal a capital da província de Heves, a leste das montanhas de Mátra. Na actualidade é bastante conhecida num ponto de vista turístico pelo seu castelo, banhos públicos, edifícios históricos preservados e principalmente por ser a capital da região produtora dos melhores vinhos tintos do país.
O povoamento de Eger remonta à idade da pedra. Durante o início da Idade média foi povoada por tribos germânicas, ávaras e eslavas. Os húngaros somente ocuparam a área no século X.
O Rei Istvan (997-1038) fundou aqui um episcopado, sendo a primeira catedral de Eger erigida na colina do castelo (hoje são ruínas arqueológicas a céu aberto, visitáveis dentro do castelo).
Os séculos XIV a XVI foram tempos de prosperidade, principalmente do tipo agrícola quando os vinhos se tornaram famosos e foi precisamente durante o reinado de Matyas (1458-1490) que a cultura renascentista afecta a Hungria e por consequência belos palácios foram construídos para os bispos de Eger.
A ocupação otomana aconteceu em 1596 por um poderoso exército e após curto cerco, como resposta à campanha falhada de 1552, quando 2100 húngaros (incluindo mulheres e crianças) sob o comando do capitão Dobó Istvan resistiram ao cerco de 80.000 soldados turcos. A transformação (fruto de uma ocupação de quase um século) passou obviamente pela transformação das igrejas em mesquitas, a reconstrução e alteração do castelo e a instalação dos inevitáveis banhos termais.
A libertação de Eger realizada pelos exércitos cristãos de Charles de Lorraine aconteceu em 1687 no seguimento da reconquista do castelo de Buda no ano anterior (também porque a ambição dos turcos levou-os à ousadia de tentar capturar Viena e por isso pagaram as consequências da enérgica reacção austríaca e de seus aliados cristãos).
Eger voltou a ser próspera, apoiou a primeira guerra de independência contra os Habsburgos (1703-1711) ao lado do príncipe Rákóczi Ferenc II (sem sucesso), sofreu diversas pragas, mas foi no século XIX que os maiores desatres se abateram sobre esta cidade: Em 1800 um incêndio devastou metade das habitações, em 1801 a muralha sul do castelo desabou e arruinou bastantes outras construções, em 1827 novo incêndio destruiu todo o centro, em 1831 uma epidemia matou centenas de habitantes, em 1848 a população e a aristocracia de Eger apoiaram a revolta contra os austríacos (novamente sem sucesso) e em 1854 a administração imperial retirou o poderes e propriedade aos “senhores” das terras e a gestão da cidade ao arcebispo.
Apesar da ocupação alemã e da “libertação” soviética da segunda guerra mundial, Eger nunca foi bombardeada apesar de ter sofrido alguns danos, desfrutando de um conjunto arquitectónico ao estilo barroco que vale a pena visitar.
Estacionar algures na Kossuth Lajos utca, apreciar a basílica na Eszterházy tér, seguir (sempre em vias pedonais) pela Széchenyi István utca, encontrar a praça Dobó, visitar a Igreja de Santo António e por fim subir ao castelo pela István utca – Dózsa György tér, é um percurso possível.

terça-feira, 17 de abril de 2007

N.U.A.

Nua está a estátua de Prometeu irreverente
Nua está a verdade de mentira imprudente
Nua está a intolerância de sabor indecente
Nua está a paisagem de construção ausente
Nua está a azinheira de bolota indigente
Nua está a ovelha de tosquiadela recente
Nua está a criança de nascimento inocente
Nua está a mulher de seriedade carente
Nua está a alma de escritor impertinente
Nua está a visão de sonhador indiferente
Nua está a história de passado e presente
Nua é uma sigla somente!
Narrativa Utópicamente Anatómica

Prometeu

Tornado amigo de Zeus pela sua capacidade de adivinhação, Prometeu, filho de Jápeto e Clímene, da raça dos Titãs (inimigos dos deuses do Olimpo), criou os primeiros seres humanos na Terra. Epimeteu, “o que pensa depois”, ficou responsável pela atribuição de qualidades ao seres vivos no tempo em que o mundo ainda estava a ser criado, enquanto seu irmão Prometeu, “o que pensa antes” estaria encarregue de examinar todo o trabalho.

Prometeu verificou que as diversas espécies de animais tinham todas as suas devidas virtudes e características por forma a prevalecerem e a ocuparem os seus lugares no universo. Apenas o homem nascia nu e fraco, sem uma qualquer qualidade que o distinguisse. Mas porque todas as qualidades possíveis de serem atribuídas já o tinham sido, apenas restavam as qualidades dos deuses. Assim, Prometeu arriscou subir ao Olimpo, a morada dos deuses, roubou a tocha acesa de Hefesto, o deus do fogo (filho de Zeus com sua irmã Hera), entregando-a aos homens de modo a evoluírem rapidamente como não aconteceria com as outras espécies.

Condenado por Zeus, senhor do céu e deus supremo, Prometeu foi acorrentado no monte Cáucaso e seu fígado seria devorado por uma águia. Mas como este era imortal, o seu fígado renovava-se todos os dias, assim como o seu castigo.

Quíron, metade homem e metade cavalo, participou numa batalha contra outros centauros junto com Héracles e daí saiu incuravelmente ferido. (Herácles havia atingido acidentalmente a coxa de Quínon com uma flecha ainda envenenada do sangue da derrotada Hydra de Lerna). Incapaz de suportar tanto sofrimento, pediu a Zeus que lhe retirasse a imortalidade e autorizasse a troca de lugar com Prometeu de modo a que pudesse morrer e acabar de vez com a dor de sua ferida.

Foi o mesmo Héracles (filho ambígeno de Zeus com Alcmena), tornado imortal por ter sido amamentado por Hera enquanto esta dormia, herói de lutas contra as forças da natureza, que libertou o Titã e acorrentou Quíron no seu lugar. A atitude nobre de Quíron, deu-lhe o direito ao reconhecimento na constelação de Sagitário.

Prometeu, que havia resistido à sedução de Pandora (a primeira mulher humana) e à sua caixa que continha os males do mundo, foi contudo obrigado por Zeus a utilizar eternamente um anel com um pedaço de rocha do monte Cáucaso, de modo a que a seu culpa não fosse esquecida.
Em Chernobyl encontra-se uma estátua em bronze de Prometeu, roubando o fogo aos deuses (removida recentemente do centro da cidade para local próximo da central nuclear acidentada).

Em New York, no centro Rockefeller existe exposta uma bela escultura dourada de Prometeu com tocha acesa, da autoria de Paul Manship no estilo “Art Deco”.

No jardim Constantino (Jardim do Florista), em Lisboa, uma estátua representando na posição sentada Prometeu acorrentado, resignado, da autoria de Francisco Santos em 1920.

Também no Museu do Louvre em Paris, uma estátua em mármore de 1762 esculpida por Nicolas Sébastien Adam, representa Prometeu tentando libertar-se das correntes.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Szeged

A meio caminho entre Budapeste e Belgrado encontramos Szeged. Tendo em conta a excelente rede rodoviária do país, é possível alcançar esta cidade em cerca de uma hora e meia desde a capital pelos 173 km da auto-estrada M5. Szeged, com os seus cerca de 163.000 habitantes é a capital da província de Csongrád e encontra-se junto à confluência fronteiriça da Roménia e da Sérvia.

A história da fundação de Szeged é algo incerta, sendo provável que Attila, rei dos Hunos se tenha estabelecido neste local. As primeiras referências credíveis sobre a existência desta cidade datam de 1183 em documentos do rei Béla III.

A breve invasão Mongol devastou por completo a cidade no século XIII.

No ano de 1543 foi tomada pelo império Otomano, tendo sido libertada somente em 23 de Outubro de 1686.

Desempenhou um papel principal na revolução e guerra de independência (1848-1849) com o discurso proclamador de Kossuth Lajos.

Grandes cheias provocadas por transbordo do rio Tisza em 1879 destruíram quase por completo a cidade (somente restaram intactos 265 dos 5723 edifícios), razão pela qual a cidade foi transformada numa reconstrução exemplar com largas avenidas, praças e palácios alinhados com a maior inteligência e por determinação do imperador austríaco Francisco José.

A revolução iniciada em 23 de Outubro de 1956 em Budapeste acontece somente após e também por consequência de movimentos estudantis em Szeged (Há porém uma relação directa com outros movimentos de protesto iniciados na cidade de Poznań na Polónia).

Actualmente, uma visita a pé no centro histórico é o suficiente para perceber que deve ser a cidade no mundo com a maior quantidade estátuas expostas em espaços públicos, todas diferentes (em estilo, idade, material, dimensões e significado) e todas de uma beleza que vale a pena admirar.

O Teatro Nacional foi desenhado e construído pela famosa empresa Hellmer & Fellner de Viena, num estilo neo-barroco em 1883. A fachada do edifício é ornamentada pelas estátuas de Erkel Ferenc e Katona József.

Na praça Széchenyi encontra-se a estátua do próprio (Conde István Széchenyi, aristocrata húngaro nascido em Viena e tradicionalmente leal à dinastia Habsburg, oficial do Império austríaco durante as contra-ofensivas Napoleónicas, posteriormente Ministro de assuntos sociais e transportes da Hungria) em mármore branco de Carrara, a estátua de Vásárhelyi Pál segurando o livro de registos sobre o nível das águas, bem como as outras em bronze existentes frente à Câmara Municipal (demonstrando simbolicamente as bênçãos e devastações do rio Tisza).

A Câmara Municipal, construída também no estilo neo-barroco (estilo comum em quase todo o centro histórico) em 1883 (reconstrução efectuada por Lechner Ödön e Pártos Gyula sobre as fundações de um edifício de 1799). O salão principal é decorado com pinturas a óleo e um fresco no tecto, da autoria de Vajda Zsigmond. A ponte envidraçada que liga o edifício Municipal ao edifício vizinho, foi colocada por motivo da curta visita do Imperador, permitindo acesso directo entre os seus aposentos e o alojamento dos elementos restantes da sua comitiva.

Na Klauzál tér, uma praça de inspiração arquitectónica mediterrânea, é possível apreciar uma estátua de Kossuth Lajos em proporção exacta bem como a “fonte régia”, um fontanário em bronze e mármore da autoria de Tóbiás Klára representando os poderes da monarquia, bravura, sabedoria... por quatro animais alados (parecem ser leões com asas) suportando o “ceptro” da coroa da Hungria (a esfera e cruz original, em ouro e de dimensões inferiores está exposta ao público junto com a coroa, no átrio central do parlamento em Budapeste).

A porta dos heróis é um conjunto deprimente (em tons de cinzento e sangue) de gravuras pintadas nos tectos abobadados de uma passagem inferior num edifício da praça Aradi vértanúk, representando os santos protectores, a crucificação de cristo relacionada à generalidade dos mártires guerreiros da pátria até às vítimas militares da primeira guerra mundial. O conjunto de três arcos é adornado por duas figuras em pedra de soldados combatentes em 1914-1918 sob motivo de memorial.

Na mesma praça, perto do arco que liga à praça da catedral, sobre um pedestal, uma imponente estátua equestre de Rákóczi Ferenc II (o mesmo que aparece estampado nas notas de 500 Forints) príncipe da transilvânia, soberano parcial do reino da Hungria. O seu título em latim: “Franciscus II. Dei Gratia Sacri Romani Imperii, Transylvaniae princeps. Rakoczi. Particum Regni Hungariae Dominus, Siculorum Comes, Regni Hungariae Pro Libertate Confoederatorum Statuum necnon Munkacsiensis, Makoviczensis Dux, Perpetuus Comes de Saros; Dominus in Patak, Tokaj, Regécz, Ecsed, Somlyó, Lednicze, Szerencs, Onod".

A Catedral de Szeged, num estilo e dimensões (12.000 m2) idênticas à catedral de S. Marcos em Veneza, conta também com um dos maiores órgãos do mundo (9040 tubos). A praça da catedral é composta também por edifícios da universidade e institutos de investigação científica, pela torre de S. Demétrio (estilo românico do século XI alterada a gótico no século XIII) e um relógio musical de fachada (símbolo das universidades medievais). A cada hora desde 1936 abrem-se umas portas de madeira e saem para o exterior umas figuras de eminências catedráticas que aprovam a graduação dos estudantes (umas outras figuras que giram em redor das primeiras mas a nível inferior).

O centro da cidade de Szeged, em termos arquitectónicos, para além do estilo neo-barroco, já mencionado, tem também uma importante quantidade de património preservado no estilo “art noveau” principalmente sob uma forma específica alemã “Jugendstil”, prelúdio do modernismo do século XX, linhas curvilíneas e flutuantes estilizadas, desenhos florais e vegetais, num estilo chique e reformista que não durou muito mais que três décadas.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Royal Golf Club

Aos Domingos de manhã tinha esse aprazível hábito de tomar o pequeno almoço, um sumo de laranja e uma tosta mista na esplanada do bar-restaurante do Tangier Royal Golf Club. Ali encontrava-se com o director da dependência do Banco de Marrocos, com o cônsul de Espanha (com quem até aprofundou algum relacionamento, pese a diferença de idades, pois partilhavam memórias de lugares que ambos conheciam), com promotores imobiliários e também com a “malta” portuguesa expatriada, na sua maioria gerentes de empresas nacionais ou estrangeiras estabelecidas na zona franca, perto do aeroporto Ibn Batouta. Com estes últimos, o principal divertimento era posicionar “baterias” na fairway e ensaiar swings com vista a atingir os putos que passavam de balde na mão a apanhar bolas, coisa que raramente conseguiam, mas eram feitas apostas.
Um clube de golfe serve para tudo e mais alguma coisa que se possa imaginar e que está para além do desporto. Logo à partida, a admissão de novos sócios obriga ao convite efectuado por veteranos, o respeito por umas normativas complexas de ética e comportamento social que pouco ou nada têm que ver com a actividade em causa. Ali se reserva o estatuto de quem pode pagar, sendo na maior parte dos casos uma mera aplicação financeira com vista no retorno.
Ser sócio de um clube de golfe é como ser membro de um partido político, há que aparecer, gerir contactos, jogar de vez em quando ou mostrar que se sabe qualquer coisita do jogo (praticar uns swings no mínimo), mandar umas “postas de pescada” sobre os campeonatos internacionais em curso, colocar o boné da marca Wilson e calçar uns sapatos de sola especial grampada. A luva branca da mão esquerda (caso seja destro) também é imprescindível. O resto do equipamento pode fazer falta ou não, sendo verdade que os "tacos" são caros é sempre possível utilizar material emprestado.

terça-feira, 10 de abril de 2007

O poder económico

O episódio de uma reunião profissional, que não durou mais de duas horas e por sinal foi infrutífera, obrigou a uma viagem Budapest - Amesterdam - Johannesburg. A estadia na África do sul, embora curta, foi suficiente para confirmar dúvidas e suspeições bem como para contrariar certas ideias que não estavam mormente correctas.
Como consequência do fim do Apartheid, foi criada a política de “black empowerment” (note-se que se chama “black empowerment” e não “dark empowerment” nem “negroes empowerment”, porque de todas as línguas europeias verbalizadas em África, somente aqueles que dominam o português têm essa “mania” do racismo na antonomásia em que a raça é nomeada pela cor que não é exactamente a real. Vale a pena acrescentar que apenas os Africanos que vivem na Europa e falam português têm esse vício imbecil, eventualmente apoiados por outros idiotas que falando a mesma língua nunca estiveram em África e por isso impossibilitados de perceber que os locais dizem “vocês os brancos” e “nós os pretos”). A medida consiste em diluir a intervenção e participação de pretos numa economia e sociedade desenhada por e para brancos, com empenho institucional e devidamente legislada, num regime puramente democrático que desde a primeira hora salvaguardou o direito de propriedade. O Estado Sul Africano apostou num modelo em que uma maioria se arroga no direito de tomar o lugar da minoria, compulsivamente. Esta medida é discutível (mas como diz o provérbio: “quem manda para lá do Marão, são os que lá estão”), embora não seja menos verdade que será a única possível por forma a refregar (para quem vê interesse nisso) o “Apartheid económico” que subsistiu à extinção do “Apartheid político”.
Este conceito “poder político” versus ”poder económico” não é difícil de entender por dois exemplo que a história nos ensinou:
1- A Alemanha, arrastada pela ânsia de afirmação do Império Austro-Húngaro como potência regional, ganhou aspirações de potência mundial em 1914 e posteriormente em 1939, mas desta feita como principal protagonista. Goradas estas duas diligências, foi à terceira, no final do século XX que a Alemanha se impôs, mas como forma de potência económica, atingindo o posto de 2ª maior economia mundial (poucos anos após a re-unificação) e como é obvio passou a ser o principal “motor” que empurrou a União Europeia para o estatuto poderoso que tem, amparada pela França e supostamente com a colaboração (se é que existe) do Reino unido e restantes participantes. Curiosamente esse destaque económico acabou (sem conflituosidade por fim) transformado em poder político no início do século XXI (note-se que a “ordem política” mundial da actualidade é discutida constantemente pelos membros permanentes do Conselho de segurança das Nações Unidas + Alemanha, que por razões da história contemporânea e da própria criação da O.N.U., nesse lugar não foi integrada).
2- Portugal, outrora com uma extensão territorial consideravelmente maior do que a actual, referida como “Império colonial” (não será de todo correcta a denominação “império”, tendo em conta que não existiu um líder único sobre diversas monarquias nem diversos estados independentes sob uma chefia e muito menos a definição “colonial” tendo em conta a existência de províncias com governação e gestão autónoma), perdeu parte da soberania política e económica ultramarina no século XIX (Brasil) e posteriormente a totalidade na segunda metade do século XX (com a entrega das províncias no continente Africano a grupos insurgentes, patrocinando desse modo a formação de regimes baseados em oligarquia e gerontocracia com o resultado sabido). No início do século XXI, tem sido outorgado a Portugal o estabelecimento de soberania económica nas suas ex-províncias, sendo o caso mais exemplar o de investimento privado em grande escala na República de Angola, onde a intervenção directa do Estado português e a anuência local são primordiais. Comparando Portugal com os seus parceiros europeus da União, a proporcionalidade actual do investimento público e privado no estrangeiro tem uma evolução bem mais expressiva do que no território nacional, trazendo a esta economia rapidamente um estatuto de potência económica em outros lugares que não o mercado europeu.
Ao caracterizar o poder económico dos Estados há que nunca abstrair o papel dos recursos humanos. Invariavelmente, quer se observe a evolução da União europeia, dos Estados Unidos da América, da Alemanha, da França ou de Portugal, há factores migratórios responsáveis. Seja numa colonização, seja num pós guerra, seja numa integração de mercado ou numa internacionalização de economia, a importação ou exportação de recursos (emigração/imigração) foi e é determinante nos resultados (sejam eles positivos ou negativos).
Numa análise muito sucinta, Portugal parece estagiar numa fase de exportação de recursos para suporte da internacionalização da sua economia e importação de recursos para manutenção do funcionamento interno de base.
As razões que têm a ver com a administração da evolução económica dos Estados é complexa mas lógica: Um importador/exportador de recursos tem de ser controlado e controlador eficiente por forma a não perder aquilo que lhe faz falta internamente e não permitir o excesso do que não lhe faz falta de modo a nunca retroceder ao nível do colapso social e económico.
A gestão de recursos humanos de um Estado não é muito diferente da gestão de uma empresa: Uma empresa de camionagem não pode ter 1000 camiões com 100 motoristas e 1 mecânico, nem 1000 mecânicos, 100 motoristas e 1 camião.
Os administradores dos Estados (vulgo governos) devem respeitar os constituintes de modo a que a sua identidade, soberania, cidadania, propriedade territorial, independência, liberdade, bem-estar, qualidade de vida, igualdade, educação, valorização cultural estejam sempre garantidas salvaguardando o respeito por maiorias e minorias. É nesta linha de pensamento e contexto que os administradores dos Estados têm deveres e responsabilidades, interditos ao desleixo que ultima no ponto em que minorias decidem o futuro de maiorias. Mais interditos deverão ser (e impensável que aconteça) se permitirem que minorias ou maiorias estrangeiras decidam o futuro de maiorias ou minorias constituintes de um Estado.
O anteriormente exposto é valido para qualquer Estado, em qualquer fase de desenvolvimento e em qualquer continente. A título de exemplo e citando um comentário apenso à coluna “o postal de Lisboa” de 5 de Abril do jornal “A semana - Online” de Cabo verde, verifica-se que não é ambíguo um desejo de protecção do Estado por parte dos seus constituintes mesmo em Estados com reduzidas dimensões e com índices de emigração superiores ao de imigração: “...Que aprendam a nos respeitar, que vivam no nosso País de acordo com as nossas normas. O país é nosso, as regras nós as estabelecemos.”
A imigração merece uma análise tão cuidadosa como a emigração, controlo, organização, contingência e inteligência aplicada por forma a que não se admitam 1000 mecânicos para 1 camião nem por outro lado se veja fugir o último indivíduo que percebe de reparar camiões. Um Estado não deve ser uma casa de porta fechada, mas também não de porta aberta em risco de junto com gente venha outra coisa diferente.

sábado, 7 de abril de 2007

Székesfehérvár

Fundada no ano 977 pelo príncipe Géza (descendente de Árpád, chefe da tribo magyar) a Noroeste do grande lago Balaton, Székesfehérvár foi até ao século XVI a cidade onde se coroaram todos os reis da Hungria. A partir da coroação do primeiro rei da Hungria, no ano 1000, foram coroados outros 36 reis e trazidos a enterro um total de 17 nesta cidade. Durante o período de ocupação otomana o que restou da cidade esteve praticamente desabitado, sendo repovoada somente a partir do século XVIII, por húngaros, alemães e sérvios. A cidade actual tem poucos vestígios que a relacionem com a sua origem, pois foi constantemente destruída por inimigos e reconstruída pelo reino, dada a importância histórica da mesma. Essas reconstruções eram desprovidas do sentido actual de “preservação de património arquitectónico”, sendo que a última traçada mais marcante seja ao estilo “rocaille”. Transformada recentemente em zona pedonal, encontramos no centro histórico a Szabadság tér (praça da liberdade), a Városház tér (praça do município) e a Fő tér (praça principal) onde temos o palácio real e episcopal, uma fonte representando a nação sob o comando do rei Béla por detrás da basílica, no jardim de ruínas o túmulo do rei Istvan (beatificado posteriormente, pela sua fé católica). O museu do rei Istvan conta com uma colecção de esculturas romanas, bem como objectos de artesanato celtas, avaros e eslavas. Székesfehérvár fica a uns 65 km de Budapest, pela auto–estrada M7 ou pela estrada nacional nº 7 se pelo caminho valer a pena espreitar a beleza natural e a fauna migratória (para ornitólogos está claro) que frequenta o grande lago Velence.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Oświęcim

A uns sessenta quilómetros a sudoeste de Cracóvia fica o município de Oświęcim, actualmente com 43.000 habitantes no voivodato da Pequena Polónia. Mas este lugar tornou-se conhecido para sempre pelo seu nome em alemão: Auschwitz Do mesmo modo Birkenau significa Brzezinka.
Auschwitz-Birkenau é o nome dos três campos de concentração principais e trinta e nove auxiliares, nomeadamente:
Auschwitz I - Campo de concentração original que servia de centro administrativo para todo o complexo. Neste campo morreram cerca de 70.000 presos políticos, de resistência ou intelectuais polacos, prisioneiros de guerra soviéticos, prisioneiros de delito comum alemães, elementos anti-sociais e homossexuais. Sendo aproveitamento de umas instalações anteriormente pertencentes ao exército polaco, este campo foi aberto em Maio de 1940. Inicialmente preparado para albergar entre treze a dezasseis mil prisioneiros, alcançou a capacidade de vinte mil prisioneiros em 1942.
A entrada de Auschwitz I é adornada com um arco onde se lê a seguinte frase: "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta). Embora em 1941 se tenham feito neste campo (no bloco 11) as primeiras experiências com Zyklon B e por consequência a construção de uma câmara de gás e respectivo crematório, essas instalações somente funcionaram entre 1941 e 1942 (transformadas posteriormente em abrigo anti-aéreo).
Isto é explicado pela entrada em funcionamento pleno do campo Auschwitz II em Birkenau.

Auschwitz II (Birkenau) - Campo de extermínio onde se estima terem sido mortos aproximadamente um milhão de judeus e cerca de dezanove mil ciganos. O objectivo principal deste campo, não era de manter prisioneiros como força de trabalho (como era o caso de Auschwitz I e III) mas sim o extermínio. Para cumprir com este objectivo foi equipado com quatro câmaras de gás e respectivos crematórios. O extermínio em grande escala começou na primavera de 1942.
Após a ocupação da Hungria pela Alemanha em março de 1944, entre Maio e Julho de 1944, perto de 438.000 judeus da Hungria foram deportados para Auschwitz-Birkenau e a maioria foram ali executados. Importa reflectir neste número e perceber que isto não somente aconteceu por determinação Nazi mas por colaboracionismo das autoridades Húngaras.
Auschwitz III (Monowitz) e campos auxiliares - Campos de trabalho escravo para a empresa IG Farben , Buna Werke e outras.
Importa também reflectir que o genocídio de Auschwitz é apenas uma parte de dos quase 12 milhões de assassinatos perpetrados pelos Alemães em campos de concentração: cerca de 6 milhões de Judeus e 6 milhões de Ciganos, Eslavos, Comunistas, Homossexuais, deficientes e outros grupos. A segunda grande guerra (1939-1945) dizimou a população mundial em cerca de 60 milhões.