segunda-feira, 16 de abril de 2007

Szeged

A meio caminho entre Budapeste e Belgrado encontramos Szeged. Tendo em conta a excelente rede rodoviária do país, é possível alcançar esta cidade em cerca de uma hora e meia desde a capital pelos 173 km da auto-estrada M5. Szeged, com os seus cerca de 163.000 habitantes é a capital da província de Csongrád e encontra-se junto à confluência fronteiriça da Roménia e da Sérvia.

A história da fundação de Szeged é algo incerta, sendo provável que Attila, rei dos Hunos se tenha estabelecido neste local. As primeiras referências credíveis sobre a existência desta cidade datam de 1183 em documentos do rei Béla III.

A breve invasão Mongol devastou por completo a cidade no século XIII.

No ano de 1543 foi tomada pelo império Otomano, tendo sido libertada somente em 23 de Outubro de 1686.

Desempenhou um papel principal na revolução e guerra de independência (1848-1849) com o discurso proclamador de Kossuth Lajos.

Grandes cheias provocadas por transbordo do rio Tisza em 1879 destruíram quase por completo a cidade (somente restaram intactos 265 dos 5723 edifícios), razão pela qual a cidade foi transformada numa reconstrução exemplar com largas avenidas, praças e palácios alinhados com a maior inteligência e por determinação do imperador austríaco Francisco José.

A revolução iniciada em 23 de Outubro de 1956 em Budapeste acontece somente após e também por consequência de movimentos estudantis em Szeged (Há porém uma relação directa com outros movimentos de protesto iniciados na cidade de Poznań na Polónia).

Actualmente, uma visita a pé no centro histórico é o suficiente para perceber que deve ser a cidade no mundo com a maior quantidade estátuas expostas em espaços públicos, todas diferentes (em estilo, idade, material, dimensões e significado) e todas de uma beleza que vale a pena admirar.

O Teatro Nacional foi desenhado e construído pela famosa empresa Hellmer & Fellner de Viena, num estilo neo-barroco em 1883. A fachada do edifício é ornamentada pelas estátuas de Erkel Ferenc e Katona József.

Na praça Széchenyi encontra-se a estátua do próprio (Conde István Széchenyi, aristocrata húngaro nascido em Viena e tradicionalmente leal à dinastia Habsburg, oficial do Império austríaco durante as contra-ofensivas Napoleónicas, posteriormente Ministro de assuntos sociais e transportes da Hungria) em mármore branco de Carrara, a estátua de Vásárhelyi Pál segurando o livro de registos sobre o nível das águas, bem como as outras em bronze existentes frente à Câmara Municipal (demonstrando simbolicamente as bênçãos e devastações do rio Tisza).

A Câmara Municipal, construída também no estilo neo-barroco (estilo comum em quase todo o centro histórico) em 1883 (reconstrução efectuada por Lechner Ödön e Pártos Gyula sobre as fundações de um edifício de 1799). O salão principal é decorado com pinturas a óleo e um fresco no tecto, da autoria de Vajda Zsigmond. A ponte envidraçada que liga o edifício Municipal ao edifício vizinho, foi colocada por motivo da curta visita do Imperador, permitindo acesso directo entre os seus aposentos e o alojamento dos elementos restantes da sua comitiva.

Na Klauzál tér, uma praça de inspiração arquitectónica mediterrânea, é possível apreciar uma estátua de Kossuth Lajos em proporção exacta bem como a “fonte régia”, um fontanário em bronze e mármore da autoria de Tóbiás Klára representando os poderes da monarquia, bravura, sabedoria... por quatro animais alados (parecem ser leões com asas) suportando o “ceptro” da coroa da Hungria (a esfera e cruz original, em ouro e de dimensões inferiores está exposta ao público junto com a coroa, no átrio central do parlamento em Budapeste).

A porta dos heróis é um conjunto deprimente (em tons de cinzento e sangue) de gravuras pintadas nos tectos abobadados de uma passagem inferior num edifício da praça Aradi vértanúk, representando os santos protectores, a crucificação de cristo relacionada à generalidade dos mártires guerreiros da pátria até às vítimas militares da primeira guerra mundial. O conjunto de três arcos é adornado por duas figuras em pedra de soldados combatentes em 1914-1918 sob motivo de memorial.

Na mesma praça, perto do arco que liga à praça da catedral, sobre um pedestal, uma imponente estátua equestre de Rákóczi Ferenc II (o mesmo que aparece estampado nas notas de 500 Forints) príncipe da transilvânia, soberano parcial do reino da Hungria. O seu título em latim: “Franciscus II. Dei Gratia Sacri Romani Imperii, Transylvaniae princeps. Rakoczi. Particum Regni Hungariae Dominus, Siculorum Comes, Regni Hungariae Pro Libertate Confoederatorum Statuum necnon Munkacsiensis, Makoviczensis Dux, Perpetuus Comes de Saros; Dominus in Patak, Tokaj, Regécz, Ecsed, Somlyó, Lednicze, Szerencs, Onod".

A Catedral de Szeged, num estilo e dimensões (12.000 m2) idênticas à catedral de S. Marcos em Veneza, conta também com um dos maiores órgãos do mundo (9040 tubos). A praça da catedral é composta também por edifícios da universidade e institutos de investigação científica, pela torre de S. Demétrio (estilo românico do século XI alterada a gótico no século XIII) e um relógio musical de fachada (símbolo das universidades medievais). A cada hora desde 1936 abrem-se umas portas de madeira e saem para o exterior umas figuras de eminências catedráticas que aprovam a graduação dos estudantes (umas outras figuras que giram em redor das primeiras mas a nível inferior).

O centro da cidade de Szeged, em termos arquitectónicos, para além do estilo neo-barroco, já mencionado, tem também uma importante quantidade de património preservado no estilo “art noveau” principalmente sob uma forma específica alemã “Jugendstil”, prelúdio do modernismo do século XX, linhas curvilíneas e flutuantes estilizadas, desenhos florais e vegetais, num estilo chique e reformista que não durou muito mais que três décadas.

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