terça-feira, 10 de abril de 2007

O poder económico

O episódio de uma reunião profissional, que não durou mais de duas horas e por sinal foi infrutífera, obrigou a uma viagem Budapest - Amesterdam - Johannesburg. A estadia na África do sul, embora curta, foi suficiente para confirmar dúvidas e suspeições bem como para contrariar certas ideias que não estavam mormente correctas.
Como consequência do fim do Apartheid, foi criada a política de “black empowerment” (note-se que se chama “black empowerment” e não “dark empowerment” nem “negroes empowerment”, porque de todas as línguas europeias verbalizadas em África, somente aqueles que dominam o português têm essa “mania” do racismo na antonomásia em que a raça é nomeada pela cor que não é exactamente a real. Vale a pena acrescentar que apenas os Africanos que vivem na Europa e falam português têm esse vício imbecil, eventualmente apoiados por outros idiotas que falando a mesma língua nunca estiveram em África e por isso impossibilitados de perceber que os locais dizem “vocês os brancos” e “nós os pretos”). A medida consiste em diluir a intervenção e participação de pretos numa economia e sociedade desenhada por e para brancos, com empenho institucional e devidamente legislada, num regime puramente democrático que desde a primeira hora salvaguardou o direito de propriedade. O Estado Sul Africano apostou num modelo em que uma maioria se arroga no direito de tomar o lugar da minoria, compulsivamente. Esta medida é discutível (mas como diz o provérbio: “quem manda para lá do Marão, são os que lá estão”), embora não seja menos verdade que será a única possível por forma a refregar (para quem vê interesse nisso) o “Apartheid económico” que subsistiu à extinção do “Apartheid político”.
Este conceito “poder político” versus ”poder económico” não é difícil de entender por dois exemplo que a história nos ensinou:
1- A Alemanha, arrastada pela ânsia de afirmação do Império Austro-Húngaro como potência regional, ganhou aspirações de potência mundial em 1914 e posteriormente em 1939, mas desta feita como principal protagonista. Goradas estas duas diligências, foi à terceira, no final do século XX que a Alemanha se impôs, mas como forma de potência económica, atingindo o posto de 2ª maior economia mundial (poucos anos após a re-unificação) e como é obvio passou a ser o principal “motor” que empurrou a União Europeia para o estatuto poderoso que tem, amparada pela França e supostamente com a colaboração (se é que existe) do Reino unido e restantes participantes. Curiosamente esse destaque económico acabou (sem conflituosidade por fim) transformado em poder político no início do século XXI (note-se que a “ordem política” mundial da actualidade é discutida constantemente pelos membros permanentes do Conselho de segurança das Nações Unidas + Alemanha, que por razões da história contemporânea e da própria criação da O.N.U., nesse lugar não foi integrada).
2- Portugal, outrora com uma extensão territorial consideravelmente maior do que a actual, referida como “Império colonial” (não será de todo correcta a denominação “império”, tendo em conta que não existiu um líder único sobre diversas monarquias nem diversos estados independentes sob uma chefia e muito menos a definição “colonial” tendo em conta a existência de províncias com governação e gestão autónoma), perdeu parte da soberania política e económica ultramarina no século XIX (Brasil) e posteriormente a totalidade na segunda metade do século XX (com a entrega das províncias no continente Africano a grupos insurgentes, patrocinando desse modo a formação de regimes baseados em oligarquia e gerontocracia com o resultado sabido). No início do século XXI, tem sido outorgado a Portugal o estabelecimento de soberania económica nas suas ex-províncias, sendo o caso mais exemplar o de investimento privado em grande escala na República de Angola, onde a intervenção directa do Estado português e a anuência local são primordiais. Comparando Portugal com os seus parceiros europeus da União, a proporcionalidade actual do investimento público e privado no estrangeiro tem uma evolução bem mais expressiva do que no território nacional, trazendo a esta economia rapidamente um estatuto de potência económica em outros lugares que não o mercado europeu.
Ao caracterizar o poder económico dos Estados há que nunca abstrair o papel dos recursos humanos. Invariavelmente, quer se observe a evolução da União europeia, dos Estados Unidos da América, da Alemanha, da França ou de Portugal, há factores migratórios responsáveis. Seja numa colonização, seja num pós guerra, seja numa integração de mercado ou numa internacionalização de economia, a importação ou exportação de recursos (emigração/imigração) foi e é determinante nos resultados (sejam eles positivos ou negativos).
Numa análise muito sucinta, Portugal parece estagiar numa fase de exportação de recursos para suporte da internacionalização da sua economia e importação de recursos para manutenção do funcionamento interno de base.
As razões que têm a ver com a administração da evolução económica dos Estados é complexa mas lógica: Um importador/exportador de recursos tem de ser controlado e controlador eficiente por forma a não perder aquilo que lhe faz falta internamente e não permitir o excesso do que não lhe faz falta de modo a nunca retroceder ao nível do colapso social e económico.
A gestão de recursos humanos de um Estado não é muito diferente da gestão de uma empresa: Uma empresa de camionagem não pode ter 1000 camiões com 100 motoristas e 1 mecânico, nem 1000 mecânicos, 100 motoristas e 1 camião.
Os administradores dos Estados (vulgo governos) devem respeitar os constituintes de modo a que a sua identidade, soberania, cidadania, propriedade territorial, independência, liberdade, bem-estar, qualidade de vida, igualdade, educação, valorização cultural estejam sempre garantidas salvaguardando o respeito por maiorias e minorias. É nesta linha de pensamento e contexto que os administradores dos Estados têm deveres e responsabilidades, interditos ao desleixo que ultima no ponto em que minorias decidem o futuro de maiorias. Mais interditos deverão ser (e impensável que aconteça) se permitirem que minorias ou maiorias estrangeiras decidam o futuro de maiorias ou minorias constituintes de um Estado.
O anteriormente exposto é valido para qualquer Estado, em qualquer fase de desenvolvimento e em qualquer continente. A título de exemplo e citando um comentário apenso à coluna “o postal de Lisboa” de 5 de Abril do jornal “A semana - Online” de Cabo verde, verifica-se que não é ambíguo um desejo de protecção do Estado por parte dos seus constituintes mesmo em Estados com reduzidas dimensões e com índices de emigração superiores ao de imigração: “...Que aprendam a nos respeitar, que vivam no nosso País de acordo com as nossas normas. O país é nosso, as regras nós as estabelecemos.”
A imigração merece uma análise tão cuidadosa como a emigração, controlo, organização, contingência e inteligência aplicada por forma a que não se admitam 1000 mecânicos para 1 camião nem por outro lado se veja fugir o último indivíduo que percebe de reparar camiões. Um Estado não deve ser uma casa de porta fechada, mas também não de porta aberta em risco de junto com gente venha outra coisa diferente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro James Stuart, naturalmente que existem muitos conceitos sobre o racismo que foram fabricados e de tal forma, que a verdade é dficil de repor. Creio mesmo que interessa esse conceito de "inferiorizado", "coitadinho do preto" explorado pelo Europeu. Existem muitos livros e documentos da época da escravatura que relatam verdades que muitos não gostariam de ouvir...A escravatura era um comércio fomentado pelos chefes tribais que não tinham pejo nem estima pelo seu semelhante e o vendiam ao ao europeu. Foi uma época vergonhosa sim, onde muitos povos considerados impolutos, como o que é hoje a Suécia, ao tempo do rei da Belgica que também mercantilizaram escravos africanos, assim como havia escravos brancos. Já agora gostava de ouvir os "negros" que não querem ser "pretos" ,dizer dos povos de pele clara, "esses claros" em vez de dizerem "esses brancos!". Caro Stuart, você é muito observador, pois eu também reparei nesse tal "comentario" nesse tal Postal de Lisboa "...(..)o país é nosso". Isso sabemos nós, os europeus, que se fosse dado o poder económico, a esses frágeis paises complexados com as suas cores, eles seriam mais racistas do que os europeus. Veja-se o belo exemplo de Mugabe que comeu na mão dos ingleses e agora querem ser mais papistas que o papa!
O ser humano é assim, meu amigo, não presta! mas uns prestam menos que os outros! saudações de Roril