segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Teorema

A caminho de Siracusa disse Pitágoras aos seus netos: o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.
O teorema “num triângulo rectângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos” apenas foi registado por Euclides cerca de 200 anos após a morte de Pitágoras, seu autor.

domingo, 12 de julho de 2009

E quando o vermelho cai?

O verde cai, diferente do vermelho e ao meio está o amarelo. O amarelo acende na sequência dessa queda, a do verde. Mas enquanto forma de expressão, permita-se ao vermelho cair nos semáforos.
É já noite avançada e cai o vermelho quando se vê no presente o que parece estar à vista no futuro, projecções nas paredes brancas de um betão que por ser branco se excusou à pintura. “Verão na casa” é turbulência inusitada na Praça Mouzinho de Albuquerque, no lugar de um edifício mais parecido com um meteorito e que seria fabuloso se apenas fosse maior, bem maior.
Mas os jovens acotovelam-se às centenas anestesiados por um sabe-se lá quê, mas que entendem como música, ensurdecedora e a despropósito dos sonhos iniciais para o monumento... enquanto nas segundas filas dos semáforos que caem verdes por sequência inversa à forma da expressão, aguardam os impacientes idiotas do código morse e buzina estridente.
Assim é o Verão na cidade onde a música tem uma casa à sua medida.
A imagem apresentada e um olhar atento foram gentilmente cedidos por Bee Amacke.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Meles meles

Se um menino come muito acaba por ficar gordo, assim "que nem um texuguinho”, diz-se por graça de ilustração.
Um texuguinho é um texugo pequeno, embora seja verdade que os texugos adultos não são assim muito grandes, se comparados com pessoas. Podem ter 1 metro de comprimento e pesar uns 15 quilos. Os texugos existem em todos os Continentes excepto na Oceania, com algumas diferenças entre eles, embora o mais conhecido de todos seja o Meles meles, o texugo europeu.
Tratam-se de mamíferos, mustelídeos e ominívoros, ou seja com alimentação do tipo vegetal e animal (bolotas, cogumelos, raízes, tubérculos, insectos, minhocas, larvas, caracóis, rãs, sapos mas também outros pequenos mamíferos, principalmente roedores). Os texugos têm hábitos nocturnos ou crepusculares e hibernam durante o Inverno nas suas tocas feitas de muitos túneis após terem acumulado bastante gordura no Outono. Podem viver até 14 anos, mas estão a desaparecer vítimas dos métodos utilizados para matar raposas, também por causa de poluição e do desaparecimento de florestas e cursos de água limpa.
A imagem apresentada não é propriedade do autor.

Mnemonização

Desengane-se quem pense haver nele hábitos de escrita em papel, amontoados de Moleskines e notas dispersos por todos os recantos de uma escrivaninha. É verdade um ou outro bloco de notas e até um desses livrinhos, uns quantos papelinhos autocolantes amarelos e rabiscos em guardanapos, mas geralmente é diante de um Travel Mate, tecnologia portátil movida a cargas eléctricas, onde faz registo e compõe letras em palavras e em textos.
Sucede agarrar-se a umas palavras, motivos e ideias de dia ou de noite, entre paredes ou fora delas e depois assenta para não se olvidar. Certas há que são fixação, outras que desencadeiam um humor raro, onde se torna possível relacionar "alhos com bugalhos" numa tal avidez que até ao autor faz estranheza. Também acontece tudo começar por uma singular imagem ou por diversas, que juntas ou em separado podem estar relacionadas entre si, mesmo tal não parecendo nem se julgue.
Havia meses que uma imagem de uma sandes de carne picada estava ali no arquivo, em espera, à espera. Disse assim o moço ao amesendado: “tem sanduíche com queijo, com fiambre, com alface, com tomate e com cenoura”. O sotaque sul americano oferecia quase todas as dúvidas possíveis, principalmente se eram opcionais os ingredientes da descrição ou se se tratava da composição integral de uma sandes de hamburger, ao que faltava então referir a carne. A tal sandes fez parte de uma história, como algumas outras de encontros imediatos, mas sempre diferentes, com leitores e curiosos. Uma fundação de amizade por algo em comum, referências, hábitos e jeitos que se confundem por vezes com vícios.
No intercâmbio de pensamentos e comentários, de correcções e opiniões, não encontraram capacidades de ver corpos por dentro, uma Sete-Luas, não pareceu ele ser maneta da esquerda, um Sete-Sóis. A habilidade para a representação de alguém só por fora, silhuetas, por mãos destras e razões específicas e que têm pouco ou nada a ver com arte mas com realização de peças que consumaram as vontades sobre telas. Assim é também na escrita, menos partilhada por um à falta de vagar e nem tanto do tempo, mas igualmente afastada de conceitos artísticos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Santa Comba (5)

Fotografar crianças sempre era tarefa fácil em Angola, como provavelmente o será em outras paragens que tais, dado o fascínio que lhes merece a máquina e o preparo para a captação do momento numa imagem que depois nunca irão ver, mas acreditam.
Eles são uma dúzia porque nasceram quinze, sendo também verdade que nem todos desta dúzia chegarão a ser adultos. A lei da sobrevivência é a única lei assimilável... por não haver outra com mais razão ou por nada mais ter sentido.
Imagem captada em 2004 em Waku Kungo (ou Waco Cungo, ou similar), antiga Santa Comba (Cela), província de Kwanza-sul.

sábado, 20 de junho de 2009

Feira Popular de Lisboa

Havia a Feira Popular de Lisboa e o Café dos pretos, o caldo verde e o pão com chouriço. Haviam as farturas, os algodões doces, as rifas que saíam sempre, os tiros das armas empenadas e os furos dos chocolates Regina. Ainda o Combóio fantasma, a Montanha russa e o Poço da morte.
Naquele espaço de Entrecampos existia antigamente um mercado de gado. No espaço da anterior Feira Popular, na Palhavã, passou a haver um museu, um centro cultural, uma galeria de exposições de arte moderna, um anfiteatro, um auditório para conferências, concertos e bailados... rodeados por um belíssimo jardim, a Fundação Calouste Gulbenkian.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Reino de Portugal em 1766

Ao serviço do rei Louis XV, Charles François Dumouriez realizou missões de informação e diplomacia paralela. No ano de 1766 esteve em Portugal recolhendo a maior quantidade de informações possíveis sobre as características da sociedade, história, geografia, hábitos e tradições portuguesas:
“O carácter da nação portuguesa é um pouco mais ou menos o mesmo que o dos espanhóis, o mesmo fundo de preguiça e de superstição, o mesmo tipo de coragem, o mesmo orgulho, mas mais educação e falsidade...”
"A miséria é o menor dos males a que os portugueses se deixam condenar voluntariamente, em vez de trabalhar; limitados ao necessário, quase insuficiente, eles deixam-se abater e enredam-se na sujidade, na desolação, na ignorância, na indisposição e na superstição. A sua cobardia negligente leva-os a encontrar doenças e males no mais belo país do mundo, e que seria o mais são e o mais feliz se fosse melhor habitado."
“No meio do país, particularmente em Lisboa, os habitantes são ladrões, avarentos, traidores, brutais, orgulhosos, mal humorados e também maus de corpo como de espírito; encontram-se, contudo, algumas excepções e sobretudo entre a nobreza, que é mais culta do que a nobreza espanhola, mais afável e comunicativa, o que devem ao grande convívio com estrangeiros.”
Os serviços de informação e espionagem prestados por Dumouriez à corte francesa acabaram por ser muito mais úteis (principalmente os de carácter militar e geográfico) a Napoleão Bonaparte para a definição das estratégias nas suas invasões, porquanto eram exaustivas, realistas e bastante claras as suas descrições cartográficas e também coerentes os relatórios sobre as potencialidades económicas das colónias. A importância que os franceses davam às análises de ordem social eram explicadas pelas conclusões genéricas sobre a organização política.
Charles Dumouriez foi leal à coroa durante mais de 30 anos até que se deu a revolução na França e passou a servir com lealdade a República enquanto oficial de carreira multi-facetado. Após duas vitórias militares em campos de batalha a norte do seu país e já dentro da Bélgica, contra os exércitos da Prússia e da Áustria, respectivamente, foi por fim derrotado nos Países baixos. Posteriormente sem ter alcançado apoios para a organização de um golpe de Estado, abandonou a Convenção para se juntar aos inimigos externos num exílio bem remunerado pelo Reino Unido.
Extractos de
État présent du Royaume du Portugal en l'année MDCCLXVI. A imagem apresentada não é propriedade do autor.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bánki Donát

Ficou conhecido como o inventor da turbina hidráulica, mas a sua carreira de engenheiro mecânico e professor na Universidade Técnica de Budapeste foi de maior talento e sabedoria, um contributo formidável para o progresso na sua época.
Em conjunto com János Csonka, patenteou o motor a gasolina em 1888 e o carburador em 1893. Posteriormente, em 1894 patenteou o invento do motor de combustão a alta pressão com sistema de arrefecimento a água, em 1903 a turbina a vapor e então por fim, em 1916 desenvolveu a turbina hidráulica.
É digno de nota que algumas centenas de turbinas hidráulicas concebidas por Bánki Donát ainda hoje se encontram em funcionamento na Hungria.
As imagens apresentadas não são propriedade do autor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Feira Agrícola de Santarém

Certa freguesa comentava em voz alta “esta é uma belônde de acuitáine”, enquanto o marido anuía com o olhar posto nas charolesas, ambas no sector dos bovinos premiados. O odor aqui era menos intenso do que junto às celas dos porcos de raça ibérica e também menos enjoativo do que o bedum emanado pelas dezenas de ovinos e caprinos expostos, alguns lavados e escovados para vaidade dos produtores.
O contentamento das crianças notava-se maior no contacto visual ou físico com os diversos animais vivos do que pelas barracas de gelados e expositores de doces mais ou menos regionais, mais ou menos artesanais que se encontravam no recinto.
À entrada havia rancho, do foclórico e também muita confusão no controlo dos bilhetes. Depois, alguma euforia em redor de uma distribuição de sacos de plástico publicitário cheios de ar às crianças, modo já batido de estímulo comercial, desta feita a um banco de créditos supostamente a propósito.
Em sector distinto estavam os equídeos, especificamente só cavalos de algumas raças comuns na produção nacional. Um exemplar raro de égua albina também se encontrava em exposição, embora não se tratasse de um animal extraordinário na generalidade comparativa.
A despropósito de agricultura, papagaios, periquitos e outros do mesmo reino mas de menor utilidade, assim como ratos e ratinhos ou cães da pradaria, a acreditar nas etiquetas apostas nas gaiolas.
Os campinos, lá subiam e desciam as ruas do CNEMA por entre barracas e tendas de comerciantes sob solo abrasador, para distracção e entretenimento da populaça, mais não fosse do que para registo fotográfico.
Há habitos que sempre valem a pena de repetir, nem que estejam passados uns quinze anos desde a última vez.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Erinaceus europaeus

Na Hungria também há ouriços-cacheiros, alguns até nos quintais!
Tal como indicam os entendidos na matéria, in situ se verifica que esta espécie de mamífero insectívoro é um animal solitário e nocturno. A amostra encontrada tem o dorso coberto de espinhos longos e aguçados, uma cor acastanhada e com bandas escuras nas extremidades. A cauda e as orelhas por serem muito pequenas quase não se notam.
O ouriço-cacheiro alimenta-se principalmente de invertebrados que encontra no solo, por exemplo caracóis, lesmas, minhocas, lagartas, escaravelhos, aranhas, sendo que não rejeitará uma boa lagartixa ou ovos de aves ou répteis.
Todavia, diferentemente do que dizem os sábios da animalia, o exemplar fotografado não se enrolou numa bola expondo somente os espinhos, ficou assim parado, petrificado, talvez por se sentir demasiado assustado ou simplesmente é um indivíduo do tipo impávido e até já se habituou aos flashes de máquinas digitais nos quintais do seu bairro...

domingo, 14 de junho de 2009

Laranjas & Laranjas

Não há laranjas na Hungria, só de importação. Existem mais de 400 espécies de laranjas no mundo. Mesmo na Bimby, é complicado fazer gelado de laranja. É estranho conceber algo “melhor do que pão com laranjas”. Comer laranjas quentes em dia de Verão dá mau resultado. As laranjas doces foram trazidas da China para a Europa no séc. XVI pelos navegadores portugueses, razão pela qual em muitas línguas a palavra Portugal significa laranja. As laranjas são a melhor fonte conhecida de vitamina C. "Laranja mecânica" é um romance de Anthony Burgess adaptado para o cinema em 1971 por Stanley Kubrick. As melhores tonalidades da cor laranja podem ser vistas no fogo. O Clima ideal para a produção de laranjas é o Tropical ou o Sub-Tropical. Bic laranja é uma esferográfica de traço especialmente fino mas ao mesmo preço que o modelo normal. Laranja é nome de cor na maior parte das línguas. Na escala de alertas das Autoridades Nacionais de Protecção Civil, o laranja é o terceiro de quatro. Quando da proclamação da independência dos Países-Baixos, em 1579, a bandeira neerlandesa arvorava a cor laranja (junto com a branca e a azul) da dinastia de Guilherme I. O laranja é a cor nacional da Holanda. O Fiat 127 Surf era laranja com risca preta ou preto com risca laranja. No Bolo-rei, a única fruta cristalizada somente feita de casca é a da laranja. No ciclismo a camisola laranja significa a liderança da juventude. Um belo pôr-do-sol é sempre cor de laranja. A torta de laranja é enjoativa por ser muito doce. Na Tapada Nacional de Mafra vivem muitos tritões-de-ventre-laranja (Triturus boscai), animais anfíbios. Uma importante empresa de telecomunicações franco-britânica tem o nome da laranja. Uma das cores do arco-íris é o laranja. Em Portugal existem algumas praias chamadas "meia-laranja" mas nenhuma de laranja inteira. Pele "casca-de-laranja" é um termo popular que define de um modo simpático as concentrações de celulite em nádegas femininas. Um elefante glutão morreu de tanto comer laranjas. Laranja é o nome de um rio e de um Estado da África do Sul e de diversas cidades americanas e européias. Помаранчева революція significa “revolução laranja” em ucraniano, um movimento de protesto que resultou na eleição presidencial de Viktor Yushchenko em 2005. Zezé encontrou no quintal um pequeno pé de laranja lima que falava e que se tornou amigo e confidente. Garfield é um gato laranja. A mascote do campeonato mundial de futebol de 1982 era uma pequena laranja. Pato no forno leva laranja. O Lightning Mcqueen (faisca) é um carro laranja. O maior produtor mundial de laranjas é o Brasil. O cinto laranja é o 7º Kyu do Karaté e o 4º do Judo. A caixa negra dos aviões é cor de laranja. 87% de uma laranja é água. Em certa lenda açoreana uma rapariga passou a acreditar no amor por causa de uma laranja coberta de ouro.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Palácio e Convento de Mafra

Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.

O edifício foi mandado construir por D. João V na primeira metade do séc. XVIII, composto por um Paço Real, uma Basílica, um Convento Franciscano e uma grande Biblioteca.

João Frederico Ludovice, um ourives alemão mas com formação de arquitectura em Itália foi o projectista do mais belo e significativo monumento barroco em Portugal, inspirado na Roma papal mas com influência berniniana e elementos borrominianos.

“Medita D. João V no que fará a tão grandes somas de dinheiro, a tão extrema riqueza, medita hoje e ontem meditou, e sempre conclui que a alma há-de ser a primeira consideração, por todos os meios devemos preservá-la, sobretudo quando a podem consolar tambem os confortos da terra e do corpo. Vá pois ao frade e à freira o necessário, vá tambem o supérfluo, porque o frade me põe em primeiro lugar nas suas orações, porque a freira me aconchega a dobra do lençol e outras partes, e a Roma, se com bom dinheiro Ihe pagámos para ter o Santo Ofício, vá mais quanto ela pedir por menos cruentas benfeitorias, a troco de embaixadas e presentes, e se desta pobre terra de analfabetos, de rústicos, de toscos artífices não se podem esperar supremas artes e ofícios, encomendem-se à Europa, para o meu convento de Mafra, pagando-se, com o ouro das minhas minas e mais fazendas, os recheios e ornamentos, que deixarão, como dira o frade historiador, ricos os artífices de lá, e a nós, vendo-os, aos ornamentos e recheios, admirados. De Portugal nao se requeira mais que pedra, tijolo e lenha para queimar, e homens para a força bruta, ciência pouca. Se o arquitecto é alemão, se italianos sao os mestres dos carpinteiros e dos alvenéus e canteiros, se negociantes ingleses, franceses, holandeses e outras reses todos os dias nos vendem e nos compram, está muito certo que venham de Roma, de Veneza, de Milão e de Génova, e de Liège, e da França, e da Holanda, os sinos e os carrilhões, e os candeeiros, as lâmpadas, os castiçais, os tocheiros de bronze, e os cálices, as custódias de prata sobredourada, os sacrários, e as estátuas dos santos de que el-rei é mais devoto, e os paramentos dos altares, os frontais, as dalmaticas, as planetas, os pluviais, os cordões, os dosseis, os pálios, as alvas de peregrinas, as rendas, e três mil pranclias de pau de nogueira para os caixões da sacristia e cadeiral do coro, por ser madeira muito estimada para esse fim por S. Carlos Borromeu, e dos paises do Norte navios inteiros carregados de tabuado para os andaimes, telheiros e casas de acomodação, e cordas e amarras para os cabrestantes e roldanas, e do Brasil pranchas de angelim, incontáveis, para as portas e janelas do convento, para o solho das celas, dormitórios, refeitório e mais dependências, incluindo as grades dos espulgadoiros, por ser incorrompível madeira, não como este rachante pinho português, que só serve para ferver as panelas e sentar-se nele gente de pouco peso e aliviada de algibeiras. Desde que na vila de Mafra, já lá vão oito anos, foi lançada a primeira pedra da basílica, essa de Pêro Pinheiro gragas a Deus, tudo quanto é Europa vira consoladamente a lembrança para nós, para o dinheiro que receberam adiantado, muito mais para o que há-de cobrar no termo de cada prazo e na obra acabada, ele e os ourives do ouro e da prata, ele e os fundidores dos sinos, ele e os escultores de estátuas e relevos, ele e os tecelões, ele e as rendeiras e bordadeiras, ele e os relojoeiros, ele e os entalhadores, ele e os pintores, ele e os cordoeiros, ele e os serradores e madeireiros, ele e os passamaneiros, ele e os lavrantes do couro, ele e os tapeceiros, ele e os carrilhadores, ele e os armadores de navios...” In Memorial do Convento, de José Saramago.

D. João VI foi o único rei que habitou permanentemente o Palácio, durante todo o ano de 1807, imediatamente antes da partida da corte para o Brasil. Tendo sido utilizado esporadicamente pelo rei D. Carlos, principalmente por causa da Tapada, foi o seu filho mais novo, D. Manuel II, o último monarca que aqui pernoitou até à partida para o exílio, a 5 de Outubro de 1910.

sábado, 30 de maio de 2009

Álmos fejedelem

Filho de Ogyek e Emese, neto de Olnedobel, o Príncipe Álmos foi o pai de Árpád, o Grande Príncipe. Provavelmente nascido em 820 (numa região habitada por eslavos onde se formou posteriormente o Principado de Kiev) tornou-se líder tribal dos Magyar em 858 e viveu até ao ano 895 ou 896.
Existem algumas lendas em redor do nascimento e morte de Álmos, bem como algumas referências a profecias sobre os destinos e propósitos da sua liderança tribal, pois este príncipe nunca chegou a entrar na bacia dos Cárpatos.
Álmos, na língua húngara também significa “sonolento”

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Atlântida

“Eu ouvi o meu avô contar essa história, a qual ouvira de Sólon, o célebre filósofo”, disse Crítias nos diálogos com Timeu, escritos por Platão.
O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) obteve no Egipto o conhecimento sobre a existência e a destruição de Atlântida, ocorrida mais de 9 mil anos antes.
“Há um manuscrito com o relato de uma guerra lavrada entre atenienses e uma poderosa nação que habitava uma ilha de grandes dimensões situada no Oceano Atlântico. Nas proximidades dela, existiam outras e, mais além, no extremo do Oceano, um grande Continente. A ilha chamava-se Poseidonis ou Atlantis e era governada pelos reis aos quais também pertenciam as ilhas próximas, assim como a Líbia e os países que cercam o mar Tirreno”, contaram os sacerdotes egípcios de Tebas a Sólon.
No início dos tempos, os deuses dividiram a Terra entre eles e a Poseidon (deus dos mares) coube a Atlântida, a ilha situada a oeste das Colunas de Hércules (o estreito de Gibraltar). No meio da ilha havia uma montanha, talvez um vulcão, onde moravam os humanos Evenor, sua mulher Leucipa e sua filha Clito. Após a morte de seus pais, Clito uniu-se a Poseidon e tiveram dez filhos. Atlas, o mais velho, governou os outros nove.
“Quando os deuses fizeram a partilha do mundo, a Atlântida coube a Poseidon, que ali viveu em companhia de Clito. De sua união com a mortal nasceram dez filhos, dos quais o mais velho era Atlas. Atlas recebeu do pai a supremacia da ilha, que dividiu em 10 partes, tomou uma para si e dividiu as restantes entre seus irmãos.”
Poseidon havia dividido a Atlântida em zonas concêntricas de terra e água. Com recursos naturais aparentemente inesgotáveis, os atlantes domesticaram animais selvagens, acederam a minerais e metais preciosos, desenvolveram conhecimentos sobre magnetismo e poderes de cristais. Também ergueram palácios, templos, canais e portos.
Tendo atingido um nível de cidadania desenvolvido e igualitário, segundo a narrativa de Platão, os atlantes tentaram invadir Atenas, mas foram vencidos pelos gregos. Depois os deuses extinguiram essa civilização através de uma catástrofe, um terramoto seguido de um maremoto. Atlântida, a ilha de Atlas, afundou no Oceano Atlântico.
“Punida por seus vícios e seu orgulho, a Atlântida foi engolida pelo oceano”.
“Mas depois ocorreram ali violentos terremotos e inundações e num único dia e noite de infortúnio, todos os seus guerreiros afundaram na terra e a ilha de Atlântida desapareceu nas profundezas do mar.”
Não é referido o destino dos eventuais sobreviventes atlantes ou de seus descendentes, talvez porque os diálogos não tenham sido terminados ou simplesmente porque a história de Atlântida é uma alegoria filosófica de Platão, tal como indicou Aristóteles, seu discípulo.
Verdade é que como relato histórico (hipotética verdade), existem bastantes contradições na narrativa de Platão: O Mundo havia sido dividido pelos deuses venerados por gregos (hoje mitológicos). Porém a queda de Atlântida, segundo os sacerdotes egípcios, aconteceu por volta de 9600 a.C., quando Atenas ainda não existia, tampouco técnicas agrícolas, ou a escrita. Platão refere também a existência de elefantes, quando nessa idade somente existiam mamutes ou mastodontes.
Centenas de historiadores e arqueólogos investigaram sobre a existência e localização de Atlântida, mas apenas filósofos entenderam o seu significado. A alegoria transformou-se em mito.
As imagens apresentadas não são propriedade do autor.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Géza fejedelem

Géza foi um príncipe Magyar, filho de Taksony, neto de Zoltán e por consequência bisneto de Árpád.
Dirigiu as tribos e nação entre 970 e 997 e foi responsável por algumas decisões que mais marcaram o destino e o comportamento do seu povo.
Com Géza os Magyar estabeleceram-se definitivamente no território que os seus antecessores conquistaram, abandonaram o estilo de vida nómada e aproximaram-se dos restantes povos europeus.
De modo a garantir a paz e a tolerância das nações vizinhas foi fundamental a conversão em 972 do príncipe ao cristianismo, mesmo sendo verdade que somente o seu filho Vajk (baptizado posteriormente de Istvan) levou a sério o abandono dos costumes pagãos e a devoção ao Deus cristão.
Foi o próprio Otto I, o monarca germânico do Sacro Império Romano, que enviou um monge beneditino para baptizar o príncipe húngaro, no âmbito dos acordos de paz estabelecidos entre as partes onde o Império Bizantino também assentou.
Esta postura de aproximação ao Ocidente foi uma iniciativa completamente inovadora e oposta à do seu antecessor (de guerra e saque). Muitas tribos não o apoiaram por considerarem que estava em causa a perda da independência do povo, mas na verdade foi o início da diplomacia e do reconhecimento da nação Magyar como um reino.
Durante a governação de Géza ainda existiu expansão territorial, nomeadamente a ocidente do Danúbio e a norte.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Sztálinváros

Sztálinváros significa “Cidade de Estaline” e foi baptizada com esse nome no ano de 1952. A partir de 1961, ou seja quase dez anos após a fundação, Sztálinváros mudou de nome para Dunaújváros, que significa “Cidade nova do Danúbio”, capital da província de Fejér no centro da Hungria.
A cidade de Dunaújváros é uma das mais recentes na história do país, foi toda edificada na década de 50 durante o grande programa de industrialização nacional do pós-guerra.
Originalmente, ou seja, o plano para a construção de um centro industrial pesado era em Mohács, perto da fronteira com a Jugoslávia, mas porque estava em causa também o rearmamento nacional, por questões de segurança foi preferido este lugar ao centro do país.
A construção de Sztálinváros começou em Maio de 1950, perto da antiga Dunapentele (chamava-se Pentele quando foi fundada em meados do séc. X no local onde existiu a Intercisa, acampamento e cidade romana da Pannonia), projectada para cerca de 25.000 residentes, em 1954 (quando a grande indústria do ferro e aço começou a produzir) já contava com mais de 27.000, e em 1960 com mais de 31.000 habitantes.
Actualmente Dunaújvaros mantém as actividades centradas no plano industrial, a siderurgia nacional continua a produzir, mas entretanto instalaram-se no local outras industrias diversas, tais como fabricação de pneus, material para telecomunicações etc. Nos anos 80 chegou a ter uma população de 60.000 habitantes, mas que tem vindo a decrescer a par da terciarização da economia e dos atractivos criados na capital.
As imagens apresentadas não são propriedade do autor.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Új 200 Ft-os érme

Há cerca de ano e meio "estalou" uma polémia acesa em redor da imagem utilizada nas notas de banco de 200 Forint, representação de Róbert Károly, Rei da Hungria (Napoli 1288 – Visegrád 1342): Apareceu um indivíduo, por sinal "cara-chapada" da referida gravura do monarca, a afirmar (apresentando alegadas provas) de que haviam utilizado fotografias da sua face como modelo para a representação editada pelo Magyar Nemzeti Bank.
Para cúmulo, historiadores e entendidos de arte confirmaram não terem conhecimento de quaisquer pinturas ou gravuras contemporâneas do referido rei, pelo menos com tal perfeição e detalhe. Não existindo portanto uma imagem verdadeira de Róbert Károly, o Banco Nacional Húngaro perdeu a viabilidade de argumento, ou seja, remeteu-se ao silêncio.
Passados uns meses o MNB decidiu substituir o papel-moeda por dinheiro metálico, o que será uma realidade durante o mês de Junho de 2009. Os custos desta operação de recolha e reposição são tão altos que levará alguns anos para compensar, embora seja verdade que o banco deixará de gastar cerca de mil milhões de Forint anuais na impressão constante destas notas.
Decorria o Verão de 2008 quando durante quinze dias foi dada a possibilidade ao público (do tipo mais atento ou simplesmente interessado no tema) de votar a sua preferencia na página web da Magyar Pénzverő Zrt. (Casa-da-moeda húngara), escolher uma de seis propostas para a imagem a cunhar numa das faces da nova moeda.
O resultado são 70 milhões de unidades da nova moeda de 200 Forint, uma bi-color (liga de cobre, níquel e zinco) com 28,3 milímetros e 9 gramas de peso com a imagem em perspectiva da Lánchíd (ponte de correntes), também conhecida pelo nome de Széchenyi-híd, sobre o rio Danúbio em Budapeste.
As votações, segundo relatório emitido, revelaram 52% de intenções para a imagem da Lánchíd (ponte de correntes), 18% na fehér gólya (cegonha branca), 13% na Megyery-híd (um ponte inaugurada no final de 2008, também sobre o Danúbio, mas em perfil de auto-estrada, numa circular externa de Budapeste), 8% no fakopáncs (picapau), 6% na planta cifra kankalin e 3% na flôr kövér daravirág.
À data de hoje a taxa de câmbio Euro/Forint é de 1 Euro = 279,56 Forint. Portanto, uma moeda de 200 Forint vale cerca de 72 cêntimos de Euro (144 Escudos na anterior moeda portuguesa).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Nasci a 5 de Maio

Durante todo aquele dia estive constrangido, sentia tudo à minha volta a tremer, o coração da minha mãe a bater diferente e uma pressão constante no meu habitáculo.
Depois a coisa piorou quando começaram com empurrões nas minhas costas e puxões na cabeça e pelo pescoço.
Não entendi nada do que me estavam a fazer, enfiaram-me coisas na boca e no nariz, levantaram-me e baixaram-me umas quantas vezes que até tive tonturas, já para não falar do frio, intolerável.
Durante uns momentos voltei a estar junto da minha mãe, abraçou-me e falou comigo. Não durou muito esse conforto, fizeram-me voar novamente, como se fosse um pássaro, e aterrar debaixo de água, por sorte estava quentinha.
Continuei confuso, pensei que ia morrer de tanta maldade, com panos a esfregarem-me na cara e outros puxões, agora pelos braços e pernas.
A luz continuava tão forte que me doíam os olhos, mas passei a não sentir frio e ouvi o meu pai, falava enquanto agarrava a minha mão. Quis vê-lo mas não consegui, estava muito longe, pareceu-me ser verde.
Um pouco depois voltei a estar junto da mamã, já não falava tanto como antes, mas tocou-me na cara e também nas mãos, deixei de ter mêdo.
Não me recordo de mais nada nesse dia, estava tão cansado que adormeci.
Relato gentilmente cedido por Árpád Zsolt, recém nascido.

domingo, 3 de maio de 2009

Estereograma (4)

Novamente um animal de esqueleto cartilaginoso da classe dos Chondrichthyes, subclasse dos Elasmobranchii.
Este peixe da super ordem dos Selachimorpha habita em todos os oceanos e alguns mares, e aparece, através de um estereograma, no Szerinting pela segunda vez.
De modo a descobrir a silhueta, o exercício proposto é fixar o olhar num ponto de infinito durante alguns segundos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lusitânia

Estrabão (séc. I a.C.): “Ao norte do Tejo estende-se a Lusitânia, a mais forte das nações ibéricas e a que durante mais tempo resistiu aos Romanos (...) A região é naturalmente rica em frutos e gados, assim como em ouro, prata e muitos outros metais, mas, apesar disso, a maior parte destas tribos renunciou a viver do trabalho da terra para se dedicar ao banditismo, em lutas constantes uns com os outros (...) e o país encheu-se de ladrões.”