terça-feira, 23 de junho de 2009

Mnemonização

Desengane-se quem pense haver nele hábitos de escrita em papel, amontoados de Moleskines e notas dispersos por todos os recantos de uma escrivaninha. É verdade um ou outro bloco de notas e até um desses livrinhos, uns quantos papelinhos autocolantes amarelos e rabiscos em guardanapos, mas geralmente é diante de um Travel Mate, tecnologia portátil movida a cargas eléctricas, onde faz registo e compõe letras em palavras e em textos.
Sucede agarrar-se a umas palavras, motivos e ideias de dia ou de noite, entre paredes ou fora delas e depois assenta para não se olvidar. Certas há que são fixação, outras que desencadeiam um humor raro, onde se torna possível relacionar "alhos com bugalhos" numa tal avidez que até ao autor faz estranheza. Também acontece tudo começar por uma singular imagem ou por diversas, que juntas ou em separado podem estar relacionadas entre si, mesmo tal não parecendo nem se julgue.
Havia meses que uma imagem de uma sandes de carne picada estava ali no arquivo, em espera, à espera. Disse assim o moço ao amesendado: “tem sanduíche com queijo, com fiambre, com alface, com tomate e com cenoura”. O sotaque sul americano oferecia quase todas as dúvidas possíveis, principalmente se eram opcionais os ingredientes da descrição ou se se tratava da composição integral de uma sandes de hamburger, ao que faltava então referir a carne. A tal sandes fez parte de uma história, como algumas outras de encontros imediatos, mas sempre diferentes, com leitores e curiosos. Uma fundação de amizade por algo em comum, referências, hábitos e jeitos que se confundem por vezes com vícios.
No intercâmbio de pensamentos e comentários, de correcções e opiniões, não encontraram capacidades de ver corpos por dentro, uma Sete-Luas, não pareceu ele ser maneta da esquerda, um Sete-Sóis. A habilidade para a representação de alguém só por fora, silhuetas, por mãos destras e razões específicas e que têm pouco ou nada a ver com arte mas com realização de peças que consumaram as vontades sobre telas. Assim é também na escrita, menos partilhada por um à falta de vagar e nem tanto do tempo, mas igualmente afastada de conceitos artísticos.

1 comentário:

jose disse...

nao percebo nada disto, mas com calma vou começar a conversar com todos, uma boa tarde para todos