quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ano novo

De tantas coisas que nunca mudam, ocasiões garantidas, são os concertos no Musikverein de Viena com as mais representativas composições de Strauss, novamente transmitido pelas televisões, com a orquestra filarmónica dirigida por Daniel Barenboim. O maestro proferiu o seu desejo em inglês (de modo a que alguém mais o ouvisse e não somente o público presente que naturalmente preferiria o alemão) numa frase curta mas indicativa de tanto (“peace to the world and understanding for the middle-east”), que as prioridades de 2009 são para muitos as mesmas dos anos anteriores, a miséria de outras partes é mal menor, simplesmente irrelevante.
Independentemente e à parte desse pormenor infeliz, foram representadas outras obras tais como a “Sinfonia do Adeus” de Haydn (novidade para alguns certamente, dado o espanto e emoção verificado na plateia, completado com um mais eufórico e entusiasmado reconhecimento final) bastante apropriada e de elevada complexidade técnica, principalmente quando a menor quantidade de instrumentos apura a capacidade dos ouvintes para a avaliação da qualidade dos músicos.
O 2009 começou em Budapest do mesmo modo como prometido, a nevar suavemente enquanto foguetes e artifícios estalavam no ar e o Presidente da República repetia o seu discurso do ano anterior com palavras diversas.

3 comentários:

sombra e luz disse...

Bom ano, James...;)

A nevar suavemente por entre o fogo de artifício... e a música!...;) Que bela deve ter sido a primeira noite do ano aí por budapeste...

boa continuação
beijinho

Anónimo disse...

Vem noite antiquíssima e idêntica,
Noite rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio,
Noite com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde escuro ao longe,
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Alvaro de Campos


Uma noite como todas as outras, única e com a magia de todas as outras, mas arrancada ao seu antiquíssimo sossego: dando a volta ao mundo, doze badaladas, a exuberância de milhões de fogos de luz e côr, cortando o silêncio, celebrando uma alegria urgente, como novo ponto de partida e desejo de mudanças radicais e renovação.

Ao fim de tantos meses, reentro neste seu espaço, James. Rasga-se um sorriso. A sensação tem aquela dimensão curiosa que nos é dada pela nossa memória de gentes e lugares, físicos ou imaginários (re)visitados, que nos leva enquanto seus leitores a (re)visitar e as impressões sempre novas de um retorno.

Bee

Lis disse...

Hoje, também aqui nevou :)