Búék é uma palavra que se ouve habitualmente nestes dias finais de 2008. Não aparece nos dicionários porque na realidade nem sequer existe, é apenas um abreviado de boldog új évet kívánok (significa “feliz novo ano desejo”) que todos entendem e retribuem com naturalidade (neked is búék). Este tipo de vocábulos (palavras feitas de abreviaturas) têm tanto de comum como de normal na língua húngara, tal como em outros idiomas existem expressões que somente são entendidas por nativos (ex.: “apanhar bonés”, “fazer farinha”, “boca no trombone”).
Neva suavemente em Budapest e com mais intensidade na província, que é na verdade onde a natureza mais se compatibiliza (os assuntos do céu, não os do firmamento, são menos influenciados pela poluição) e se repete sempre idêntica desde o início das suas forças.
Mesmo assim, mesmo reconhecendo que a beleza da primeira precipitação se transforma em lastimosa melancolia e por fim em incómodo, há as surpresas do Inverno, coloridas por vezes, comestíveis por outras.
Em húngaro cogumelo é gomba, óptimo em sopas, grelhado simples ou frito panado, de preferencia com queijo füstölt (fumado).
O Inverno é belo quando se comporta como tal, vindo o frio e o rigor que regula também o mundo animal, reduz drasticamente a quantidade de insectos que aparecem logo com as primeiras flores da Primavera e regula o sono e a fome dos mamíferos selvagens, principalmente dos que hibernam e não tanto dos que fazem túneis nos quintais.
Em Fonyód não se encontram veleiros no porto, somente fora da água que entretanto solidificou à superfície, serena e vagarosamente, agora a reflectir como um espelho perfeito. Cisnes, patos e outros que tais, dos que ficam resistentes e não sabem o Hemisfério Sul, ganham o sossego que gela as suas patas de forma especial para nado. Nesta pequena povoação os restaurantes, lojas e supermercados não abrem porquanto não existem clientes, logo os empregos são essencialmente sazonais, nada acontece e até a frequência dos comboios é menor.
Fora do porto, as praias congelaram na sua forma habitual, a fraca ondulação existiu até ao momento em que as próprias cristas congelaram, assim como a espuma da rebentação junto às margens. O peixe que sobrevive a estas condições de amplitude tão extrema (tendo em conta que a temperatura da água atinge os 24ºC no Verão), sobrevive lá mais para o centro do lago, onde a profundidade média é de 3 metros e em alguns pontos um pouco mais (a quantidade de dias muito frios do Inverno não é bastante para congelar toda a água do Balaton).
Assim termina o Dezembro, com temperaturas perto dos -10ºC por agora e provavelmente durante as próximas semanas. O ano 2009 começará portanto do mesmo modo como termina o 2008 nos termos ditados pela natureza, assim sempre diferentes das doutrinas humanas, que invariávelmente são previsões ou esperanças para melhores dias, oxalá.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
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2 comentários:
Bom ano!
E com ele, chego com um novo blog.
És da casa, aparece.
Beijinhos,
Lis
Está explicado o Buek 2007 que vi nas bolachas no Mercado de Natal. Bom ano, James!
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