sábado, 13 de dezembro de 2008

A vörös ruha

A reunião de Varsóvia marcou a interrupção dos trabalhos na cidade de Bucareste em finais de 2005, mas o estabelecimento de medidas imediatas para o início de actividades em Budapeste. Era Novembro quando pegou no caderno que dizia Hungria, o segundo destino estratégico antes da República Checa, terceiro e último do plano.
Tinha passado quase uma década desde a última vez que entrara em Magyarország, mais precisamente na República da Hungria (Magyar Köztársaság).
Alojado no magnífico Hotel Nemzeti da Blaha Lujza tér, distraía-se uma grande parte do tempo, gastava a solidão por assim dizer, a descobrir os afazeres dos turistas vizinhos pela transparência das janelas dos quartos e casas de banho, tão próximas umas das outras mas intercaladas por belas estátuas brancas sobre um fundo azul de fachada ortogonal.
O anoitecer trazia aos mesmos espaços representações diferentes: Para alguns apenas o sono vencia o cansaço, enquanto para outros o romantismo de Budapeste tornava oportuno o amor ardente.
De vez em quando jantava no hotel outras vezes fora, muitas delas no Alcatraz onde nunca falhava em pedir a sopa de cebola dentro de um pão desmiolado.
Uma certa vez passeava a ver montras na Király utca, naqueles dias em que o vagar é aliado do tempo, quando descobre o vestido carmíneo da loja Siptár, um motivo de fixação. Se coisa desta natureza é classificável como vício, então seja, porque sempre que calhava a caminho ou lá perto, muitos foram os dias de Dezembro em que esteve ali imóvel frente ao vidro a tentar imaginar uma face diferente para o manequim, uma outra bela que não adormecida e desejou tanto tanto encontrar a Cinderela.
O Natal aconteceu em Lisboa e a passagem de ano no Porto. Regressou a Budapeste em Janeiro.

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