quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uránia Nemzeti Filmszínház

E quando a ida ao cinema não acontece por causa do filme? É possível e normal, mas não em qualquer parte. Encontrar alternativas aos cinemas-pocilga (onde a sorvência estridente de refrigerantes se confunde ou alterna com ruminância, contando com um sempre presente cheiro nauseabundo a milho transfigurado no ar) é uma questão de atitude, de resistência ao medíocre ou simples não resignação.
Entrar no Uránia Nemzeti Filmszínház (Cine-teatro Nacional Uránia) pode portanto significar muito mais do que ir ao cinema, é um espaço onde a beleza não se distingue do luxo e o propósito popular se dilui na aparição museológica. Os átrios diversos do interior, sejam de convívio, refeição, ou até escadarias e guarda-roupa são extremamente belos, dignos de apreciar atentamente.
Segundo informação prestada pelo Oktatási és Kulturális Minisztérium, o edifício Uránia foi construído na última década do séc. XIX segundo projecto de Henrik Schmal, encomendado por Kálmán Rimanócsy.
O estilo arquitectónico, muito peculiar e único na cidade, incorpora o gótico-veneziano e o árabe-mouro. Apesar de ter sido desenhado com o propósito de exibir música e dança, foi inaugurado como cabaret e alugado pouco tempo depois à Academia de Ciências para conferências, apresentações científicas e educacionais.
Em 1917 o Uránia foi reconstruído de um incêndio e adaptado para a projecção cinematográfica, nos anos 30 remodelado e tantas mais vezes como as de ter cambiado de dono, até ao ano de 2002 quando o Estado decidiu reconstruír rigorosamente o imóvel, agora classificado e protegido, premiado e catalogado, esplêndido e pouco lucrativo (a ter em conta que o preço dos bilhetes no Uránia é inferior à maioria das salas de cinema de Budapest).
Arte nova, gótico e estilo mouro nas formas e decoração escondem moderna tecnologia na qualidade de som, segurança, instrumentos e aparelhos mecânicos de palco (actualmente o Uránia exibe paralelamente cinema e teatro) iluminação, sanitários, etc.
A sala principal e dois pequenos estúdios oferecem cerca de 700 lugares para as estreias de todos os filmes de produção nacional e alguns estrangeiros, bem como festivais de cinema e mostras independentes.

3 comentários:

Mª João C.Martins disse...

Querido James..
É sempre um prazer, viajar até esses recantos do mundo, à luz dos teus olhos e apoiada na descrição tão perfeita e cheia de pormenores, que fazes.
De outro modo seria quase impossivel conhecê-los!
Obrigado por isso e por me teres levado ao cinema, onde o filme não é mesmo a razão principal.
Um beijinho

james stuart disse...

Os raros mas fiéis leitores do Szerinting são a razão para a manutenção deste espaço, porque entendem e apreciam o formato apresentado.

Bem hajam!

Mariazita disse...

Entrei aqui por acaso. e aiinda bem que o fiz.
Gostei imenso deste espaço!
Texto muito bom, imagens lindas, enfim, um bom blog.
Vou voltar com mais tempo. Já está anotado nos meus Favoritos.

Bom fim de semana.

Beijinhos
Mariazita