quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Silva Porto (7)

Silva Porto é exemplo da mais excelente organização urbana - onde inteligência administrativa soube erguer uma cidade quase perfeita - na província ultramarina portuguesa de Angola.
Uma avenida de separador central (Av. Freitas Morna) “rasga” esta pequena cidade em duas partes, rematada nos topos por uma rotunda e por um largo.
Numa das partes encontramos escolas, institutos, um mosteiro, edifícios governamentais, um pavilhão gimno-desportivo, hospital, moradias.
Na outra, o mercado, os bancos, o tribunal, os correios, a residência do governador, a igreja, o hotel, a piscina e muito comércio em lojas e armazéns.
Silva Porto é uma cidade auto-suficiente, tem de tudo... cafés, restaurantes, padarias, supermercados, cabeleireiros, drogarias, carpintarias, fábrica de discos, outra de tijolos e telhas, cinema, campo de futebol, barragem, produção termo-eléctrica, oficinas, parques infantis, jardins, fontanários, aeroporto.
Na rotunda de entrada uma estação de serviço automóvel, descendo a referida avenida central encontramos três bombas de gasolina.
Frente ao hotel Girão bem como no Jardim central estão oficinas completas também com combustível.
O centro é um jardim frente a um largo (Praça Marcello Caetano) onde se implantaram em simetria majestosa os palácios do governo e assembleia municipal.
Esse jardim (espelhos de água) é ladeado pela estação de correios e pela igreja.
Uma pequena ponte, por entre calçada e canteiros facilita num modo artístico a travessia pedonal por cima daqueles tanques de água forrados a azulejos azuis, de altimetria diferenciada de modo a que à agua se mova em cascata e se renove bombada, onde duas esbeltas e desnudas jovens brancas em bronze se precipitam ao banho.
A capital da província do Bié, na República Popular de Angola, chama-se Kuíto (ou Cuíto como apeteça a quem não se interessa de como se escreve o que se diz) e não tem nada disto tão perfeito como se descreve... apenas aquelas duas estátuas, de uma beleza única, eróticas portanto, mas representando a felicidade de um povo que ali chegou a acreditar o paraíso.
Neste artigo publicado, somente as imagens das estátuas são propriedade do autor, captadas em 2004, tendo sido as restantes captadas entre o final dos anos 60, início dos 70.

1 comentário:

A. João Soares disse...

Nem sempre os portugueses careciam de qualidades de planeamento e organização. Hoje por cá deixa-se construir ao acaso e, depois, preparam-se as ruas no espaço que ficou entre os edifícios mal alinhados. Os arredores de Lisboa estão cheios de muitos exemplos de «bairros clandestinos», mal recuperados.
Foi pena que, no tocante ao Ultramar, nem sempre as decisões tivessem vistas largas e bem delineadas.
Abraço