sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Fado do estudante

O Fado do Estudante é cantado em A Canção de Lisboa de Cottineli Telmo, primeiro filme sonoro português, realizado em 1933:
Que negra sina ver-me assim

Que sorte e vil degradante

Ai que saudades eu sinto em mim

Do meu viver de estudante

Nesse fugaz tempo de amor

Que de um rapaz é o melhor

Era um audaz conquistador das raparigas

De capa ao ar cabeça ao léu

Sem me ralar vivia eu

A vadiar e tudo o mais eram cantigas

Nenhuma delas me prendeu

Deixá-las eu era canja

Até ao dia que apareceu

Essa traidora de franja

Sempre a tinir sem um tostão

Batina a abrir por um rasgão

Botas a rir num bengalão e ar descarado

A malandrar com outros tais

E a dançar para os arraiais

Para namorar beber folgar cantar o fado

Recordo agora com saudade

Os calhamaços que eu lia

Os professores da faculdade

E a mesa da anatomia

Invoco em mim recordações

Que não têm fim dessas lições

Frente ao jardim do velho Campo de Santana

Aulas que eu dava se eu estudasse

Onde ainda estava nessa classe

A que eu faltava sete dias por semana

O fado é toda a minha fé

Embala encanta e inebria

Dá gosto à gente ouvi-lo até

Na radio-telefonia

Quando é cantado e a rigor

Bem afinado e com fulgor

É belo o fado ninguém há que lhe resista

É a canção mais popular toda a emoção faz-nos vibrar

Eis a razão de eu ser doutor e ser fadista
A cena do filme A canção de Lisboa onde Vasco Santana canta o Fado do Estudante está disponível de seguida em vídeo. Antes de activar essa função será oportuno desligar primeiro a música de Chopin no leitor áudio da barra lateral de modo a evitar sobreposição sonora

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