Mihály Von Zichy nasceu a 15 de Outubro de 1827 em Zala, no Sudoeste da Hungria mas aos dezassete anos de idade encontrava-se em Viena junto de Ferdinand Georg Waldmüller, um grande mestre da pintura romântica austríaca.
Entre diversas obras do mesmo género, tornou-se bastante fomoso o retrato oficial de Lajos Batthyány (primeiro ministro do governo revolucionário húngaro de 1849) que é de sua autoria.
A representação do salvamento a um náufrago, uma das primeiras obras realizadas por Zichy é bastante interessante em termos de equilíbrio de cor e movimento, apesar do seu sentido obviamente religioso, onde o drama é substituído pela esperança e coisas da fé cristã. Esta imagem apresenta o jovem, o idoso, a mãe, o bebé, a esposa e o marido, o solteiro e o casto, é bastante completa.
Também se tornaram conhecidas muitas pinturas a óleo e alguns dos seus trabalhos a lápis ou aguarelas, principalmente as que foram produzidas enquanto pintor ao serviço da corte russa. Em S. Petersburgo representou recepções diplomáticas, ocasiões comemorativas, cenas de teatro e concertos, bailes e cerimónias, visitas oficiais a diversos locais, reuniões e outras actividades da família real, também motivos militares e a própria coroação do Czar Aleksander II, retratos diversos das imperatrizes Fiodorovna e Maria Alexandrovna e outros familiares da casa.
A pintura de 1878 A rombolás géniuszának diadala (O triunfo do génio da destruição), preparada para apresentação na Exposição de Paris é uma obra magnífica, com um conjunto explícito de mensagens e significados de subjectiva interpretação (na altura as autoridades francesas acabaram por excluir a exibição desta pintura na exposição por considerarem uma interpretação demasiadamente antimilitarista e com afectação política).
A forma humana é realçada em quase todas as suas obras, sendo que alguns desenhos são apenas belos estudos das formas do corpo e não propriamente produções artísticas.
O trabalho de ilustração foi uma das tarefas onde o autor, excluídos os anos de serviço na Rússia e temporadas em Paris, dedicou mais tempo de actividade (a contar pela quantidade produzida de desenhos) participando em diversas edições conhecidas da literatura húngara. A título de exemplo, são da sua autoria as ilustrações de Az ember tragédiája (A tragédia do homem) de Imre Madách em 1887 e a maioria das baladas de János Arány escritas entre 1894 e 1898.
Todavia são os desenhos eróticos de Zichy aqueles que mais despertam a atenção de todos.
O autor explora as formas humanas numa experimentação extremamente despudorada com a representação explícita de actividades sexuais, coisa que para a época seria um tanto ao quanto arrojado, pelo que provavelmente a maioria destas obras nunca atingiram o estatuto de publicáveis.
Embora seja desconhecida a quantidade real de desenhos existentes neste género, a totalidade daqueles que se reconhecem pertencentes ao mesmo autor revelam uma tendência para a representação de relacionamentos e actividades heterossexuais, seja por cópula, masturbação, felação ou cunnilingus.
Alguns desenhos parecem mostrar que um dos intervenientes é o próprio artista, quando a figura masculina é apresentada a segurar utensílios de pintura ou similares.
Ou simplesmente o espaço onde se dedica a oferecer prazer ao elemento feminino é o escritório de um artista ou desenhador ilustrador, identificando seguramente em fantasia o autor com o caso (embora não sejam identificadas traços faciais de ambos os elementos de modo a estabelecer relações efectivas entre objectos e protagonistas dos motivos desenhados).
O que afinal temos como certo é o facto de estas imagens hoje terem valor museológico, são apreciadas por todas as idades como peças de valor artístico e pretendem no mesmo âmbito ser prova de que o ser humano se repete desde a sua existência.
A actualidade dos desenhos eróticos é explicada pela intemporalidade das múltiplas expressões físicas do amor que o ser humano sempre foi capaz de inventar.
Na primavera deste ano aconteceu em Budapest uma exposição (na sala das mostras temporárias da Magyar Nemzeti Galéria) das obras de Mihály Zichy pertencentes ao museu Hermitage de S. Petersburgo. Pois afinal aquilo eram fotocópias ou fotografias das obras e não os originais, coisa indecente (por parte de quem emprestou e também de quem aceitou emprestado) porque é obviamente desinteressante apreciar arte desse modo. Qualquer um pode aceder ao site do museu russo por internet e vizualizar tudo no computador, copiar e imprimir sem ter que pagar bilhete de visita.
Mihály Zichy morreu em S. Petersburgo a 28 de Fevereiro de 1906.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
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2 comentários:
olá james, como vai?...;)
ando muito impressionada com as suas várias colecções de desenhos, pintores e técnicas de pintura...;P
com a partitura do chopin por detrás, torna-se realmente transportador, transformador e gerador de canticos de louvor ao amor...
beijinho
continuo a gostar de andar por aqui... e por aqui fico, se não se importar...
É sempre um prazer ter a "sombra e luz" por cá, bem como é um regalo que se sinta impressionada.
Há uns dias mudei a música, somente por uns dias, arrependi-me.
Pois esta é mesmo aquela que deve ser e não outra.
"isto está difícil demais" é uma pura acepção de palavras... pois tem apresentado poucas novidades.
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