segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sabedoria árabe do séc XVIII

Al-Sayed Haroun Ibn Hussein Al-Makhzoumi foi um médico árabe, nascido no Iémen mas que exerceu a sua profissão em diversas lugares, desde a Arábia até Al Andalus, na península Ibérica. A especialidade não aparece revelada nos seus escritos mas o teor dos mesmos indica algo a ver com urologia ou ginecologia, provavelmente dava consultas sobre sexologia e planeamento familiar. Nasceu no séc. XVII mas escreveu com muita objectividade e clareza sobre as artes da cópula, descreveu as diversas formas e aspectos possíveis de orgãos sexuais, estudou a relação directa existente entre as diferentes características físicas de centenas de homens e mulheres e os diferentes tipos de orgasmo experimentados e por fim deixou registadas as suas observações de sabedoria árabe à data de 1725, relativamente à natureza sexual do homem e da mulher:
“A mulher é irresistivelmente atraída pelo homem forte, corajoso e viril, pois nos seus braços encontra o seu abrigo de gratificação e de segurança física.
A mulher não necessita, nem tem compaixão pelo homem fraco, e olha para ele com aversão e desprezo, pois nele vê reflectida a sua própria fragilidade. Se o destino a coloca junto de um homem fraco, sente-se muito perturbada, já que isso significa insegurança e possível perigo para ela e para os seus filhos. Dele não pode obter conforto, e segurança, nem para o corpo, nem para o espírito. Torna-se fria e apática e pode lançar-lhe todo o tipo de censuras, para castigá-lo pela fraqueza que a torna infeliz.
A mulher satisfeita é uma criatura deliciosamente doce. É um deleite para os olhos, o corpo e o espírito do homem, que terá através dela um vislumbre do Paraíso. A mulher insatisfeita é uma criatura terrível, pois na sua insatisfação ela perde tudo, e a sua vida torna-se tão desolada quanto o grande Sahara, e o seu espírito tão negro quanto a noite eterna. A arma suprema do homem é a sua mente; a arma suprema da mulher é o seu corpo.
Alá disse acerca das mulheres: "É grande a astúcia delas". Há nisso muita sabedoria e significado. As mulheres são astutas porque são fracas e dependentes, visto que a astúcia é basicamente um traço dos fracos. É também um traço do homem fraco. Se a mulher for protegida e amada como deve ser, não precisará de ser astuta, mas será doce como uma criança.
As mulheres são como as crianças: são o que delas se fizer. Mime-as, e colherá tormentos. Trate-as mal, e colherá a ira de Alá. Dê-lhes o seu amor e a sua atenção, e desabrocharão como lindas flores.
As mulheres são na sua essência, criaturas de prazeres sensuais. Para elas, nada mais importa; satisfaça os seus desejos e gratifique os seus corpos e elas fecharão os olhos a todas as suas transgressões e se tornarão nas suas alegres e bem dispostas escravas.
Quando uma mulher deseja um homem e rejeita todos os demais, diz-se que ela está apaixonada por ele. Ela não consegue ter prazer com outros.
Quando um homem está apaixonado por uma mulher, tern com ela o maior prazer, mas pode ter prazer com outras.
Há homens que amam certas mulheres desesperadamente, à exclusão de todas as demais, e são fiéis a elas. Isso não é normal, e tais homens são carentes de masculinidade.
A mulher gosta de estar sempre com o homem que ama e de passar todo o seu tempo com ele, em todas as circunstâncias e condições.
Para agradar a um homem, louve-lhe a mente. Para agradar a uma mulher, louve-lhe a sua beleza e os seus encantos.
O casamento é tudo para a mulher, preenche quase toda a sua vida e ocupação. O casamento é apenas um episódio na vida do homem.
A existência da mulher em sociedade fora do casamento nao pode ser justificada. Seria como uma árvore inútil que não dá frutos.
A existência do homem em sociedade só é jus­tificada pelas suas realizações intelectuais.
Os homens não devem lutar por causa de mulheres, pois assim serão iguais aos animais.
Uma mulher que espalha propositadamente a discórdia entre os homens usando o seu próprio corpo como isca é maléfica, e deve ser isolada do convívio com os homens.
Demonstre grande compaixão pela adúltera, pois é mais provável que você mesmo a tenha levado a esse caminho pela sua insensibilidade. No entanto, não deverá perdoá-la e aceitá-la de volta na sua cama, mas sim devolvê-la aos seus, ou vendê-la, se for sua escrava.
Nao copule com a mulher que tiver perdido a cabeça. Ela não entenderá verdadeiramente o que lhe fizer, mesmo estando com a vagina húmida. Copular com ela será como montar um animal estúpido.
Pode acontecer que sua vagina prenda o pénis do homem como a da cadela prende o do cão. Em tal situação, faça-a perder a consciência golpeando-lhe a cabeca com um porrete acolchoado, pois somente assim a vagina dela soltará a presa.
Não copule com uma mulher idiota, pois os seus filhos serão como ela.
Não copule com a mulher que chegou à menopausa, pois ela é como uma videira retorcida que já não dá frutos. A sua vagina é seca e irritante, os seus seios estão caídos e enrugados, e o sabor da sua saliva é azedo.
A mais doce das mulheres pode ser transformada numa mulher cínica pelo hornem que a excita mas não a satisfaz. Para domá-la e levá-la de volta à doçura, ele precisa copular com ela e dar-lhe prazer, para que mude imediatamente, como a noite se transforma em dia.
Nunca castigue uma mulher que lhe desobedece afastando-se dela na cópula. Será mais piedoso espancá-la. Tome cuidado, porém, pois há mulheres que têm um prazer intenso e voluptuoso quando são espancadas, e o objectivo do castigo perde o sentido. Ao espancar uma mulher, nunca a golpeie nos seios ou no ventre. É melhor colocá-la sobre os joelhos e espancar-lhe firmemente as nádegas. Assim como as crianças, embora de facto cause dor, o espancamento é apreciado pela mulher, por significar que você se preocupou com ela o bastante para gastar o seu tempo disciplinando-a. Depois, é bastante aconselhável copular com elas, para mostrar que tudo está bem, e convém que seja ainda mais terno e hábil do que é hábito; a sua recompensa será grande na apaixonada reacção da mulher, pois ela também terá como objectivo agraciar-lhe mais do que o normal.”
Em: Fountains of pleasure, tradução de árabe para inglês efectuada por Hatem El-Khalidi (não tendo sido editado na língua original).
Desenhos de Mihály Von Zichy, pintor ilustrador húngaro do séc. XIX.

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