domingo, 3 de fevereiro de 2008

QWERTY

No British patent office encontra-se, pela graça da raínha Anna, o seguinte registo de patente garantida em 1714 ao engenheiro inglês Henry Mill: "An artificial machine or method for the impressing or transcribing of letters singly or progressively one after another, as in writing, whereby all writing whatever may be engrossed in paper or parchment so neat and exact as not to be distinguished from print."
Apesar da primeira máquina de transcrever e imprimir cartas ter sido imaginada por Henry Mill, o primeiro invento conhecido de máquina de escrever foi em 1837 o Cembalo scrivano do italiano Giuseppe Ravizza, patenteado em 1856.
Em 1865 foi inventado o Skriverkugle (hemisferio escrevente) do dinamarquês Rasmus Mailing-Hansen, patenteado em 1870.
Em 1866 uma máquina do tirolês Peter Mitterhofer baseada num protótipo de 1864 valeu na côrte de Viena um prémio de 200 Guilder do Imperador Franz Joseph, de modo a incentivar o desenvolvimento do projecto e eventual produção de um modelo perfeito.
É porém conhecida a existência de um typographer, uma espécie de aparelho de imprimir patenteado por William Burt no ano de 1829 em Detroit, Michigan, mas com um sistema tão ineficaz e absurdo que mais rápido se escreviam manualmente diversas cartas e cópias das mesmas do que somente uma na máquina.
Christopher Latham Sholes, editor chefe do Daily Milwaukee News patenteou a máquina Sholes & Glidden Type Writer
, fabricada a partir de 1873 pela fábrica de armas Remington & Sons, com o teclado QWERTY.
Depois de ter inventado uma máquina de imprimir números e antes do modelo para escrever que patenteou, Sholes testou dezenas de sistemas com diferentes localizações das letras do alfabeto, até que percebeu (após análise estatística da utilização de caracteres na língua inglesa) qual a configuração apropriada para uma distribuição equilibrada de quantidades de pressionamento por diferentes dedos das mãos e paralelamente reduzir a velocidade possível do funcionamento dos aparelhos, evitando que encravassem por sobreposição das hastes mecânicas.
As teclas dos primeiros protótipos apresentavam um travamento quando duas teclas próximas eram digitadas muito rápido. As hastes mecânicas ficavam presas umas nas outras e era preciso interromper o processo de digitação para libertar manualmente as hastes.
Na sequencia QWERTYUIOP da primeira linha, ASDFGHJKL da segunda e ZXCVBNM da terceira, as teclas estão posicionadas de acordo com a sua maior probabilidade de não serem digitadas sequencialmente na língua inglesa.
A partir de 1874 a máquina de escrever Remington foi produzida industrialmente.
Durante o século XX foi considerada um dos equipamentos indispensáveis de qualquer empresa moderna até à última década, onde repentinamente foi substituída pelo computador, utilizando a mesma lógica e sequência no teclado.
Com o desaparecimento da máquina de escrever e o aparecimento dos computadores, o teclado QWERTY não tem qualquer razão para ser mantido por questões técnicas a ver com contenção da velocidade (os computadores não encravam quando se escreve mais depressa).
A melhor sequencia de letras não é a QWERTY, portanto. Em 1932, depois de 20 anos de estudo, August Dvorak, também americano (de origem checa), criou um teclado (conhecido pelo seu nome) extremamente eficiente para língua inglesa: 3 000 palavras podem ser escritas com as letras da fileira principal (contra 50 no teclado QWERTY) e a mão direita é a mais usada. Uma pessoa digitando em inglês no teclado de Dvorak tem um esforço 20 vezes inferior do que digitando num teclado QWERTY.
Mas depois da configuração QWERTY passar a ser dominante (pela produção industrial) todas as tentativas de implementar outras sequências de digitação nunca foram bem sucedidas, mantendo-se um padrão que não privilegia ergonómicamente o digitador e não é o mais veloz, simplesmente porque nunca alguém esteve disposto a re-aprender a escrever em novos teclados.
O layout QWERTY é adoptado com alterações em algumas línguas (por exemplo, QWERTZ para a língua húngara) se bem que o mais comum é a inclusão de algumas teclas na configuração original sem alterar a base (por exemplo a inclusão do Ñ a seguir ao L no teclado espanhol ou o Ç a seguir ao L no teclado português).
Apenas o mundo francófono não é alinhado desta “globalização” ocidental nas configurações dos teclados, com o AZERTY, muito melhor e mais bem adaptado às línguas latinas apesar de sempre inferior ao posicionamento da sequência imaginada por Dvorak.
Apesar do AZERTY francês ser um pouco diferente do AZERTY belga, as diferenças básicas entre AZERTY e QWERTY são as trocas de posição entre A e Q, e Z com W, o M está depois do L e não depois do N, e a utilização dos números da linha superior obriga a premir simultâneamente a tecla SHIFT porque existem, para digitação directa, letras acentuadas e símbolos nessas teclas.

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