quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Santiago de Compostela

A Reconquista cristã da península Ibérica iniciou poucos anos após as próprias invasões muçulmanas. Enquanto os muçulmanos conseguiram ocupar em menos de uma década quase todo o território da Hispânia (711-719), a “resposta” cristã demorou cerca de oito séculos, até ao ano de 1492 com a derrota do reino de Granada pelos Reis Católicos de Castela e Aragão. Para o Reino de Portugal o assunto foi encerrado muito anos antes, em 1253 com a conquista definitiva de Silves pelas forças de D. Afonso III.
A península Ibérica era o reino dos Visigodos, unido por uma monarquia electiva até à morte do Rei Vitiza. O reino foi dividido por dois partidários (Áquila e Rodrigo) que iniciaram uma disputa territorial. Ora Áquila (o herdeiro com direito ao trono) cometeu o disparate de solicitar auxílio a Musa ibn-Nusair, governador do Magrebe (norte de África), que de imediato enviou o General Tarik ibn-Ziyad, omíade e muçulmano berbere... e assim iniciaram as invasões muçulmanas.
Os muçulmanos somente não conseguiram ocupar a pequena região montanhosa das Astúrias, onde resistiram muitos refugiados, iniciando imediatamente um movimento para reconquistar o território perdido.
O conceito de “cruzadas” somente surge a partir do século XII, sendo que os momentos de conquista das praças africanas na expansão marítima portuguesa ainda foram de início considerados como reconquista.
As igrejas de peregrinação apareceram no período das cruzadas, a caminho dos locais sagrados, como Jerusalém, Roma, Toulouse, Tours ou Santiago de Compostela.
Uma característica comuns a essas igrejas é a sua forma de cruz latina com três ou cinco naves laterais prolongadas de modo a passar por detrás da ábside, formando um deambolatório de onde saem as absidíolas (capelas radiantes). Dentro de um conceito de monumentalidade e fortaleza em planta basilical, as estruturas em pedra apresentam grandes colunas de suporte às abóbadas, esculturais da base aos capitéis, bem como amplamente trabalhados os pórticos das entradas e decoradas as paredes nas ábsides e abóbadas das naves com pinturas e iluminuras, em estilo românico simbólico e antinaturalista (mas didático, de modo a transmitir os ensinamentos do Cristianismo, tendo em conta a grande quantidade de população analfabeta), antecedendo o gótico.
A catedral de Santiago de Compostela é portanto uma catedral em estilo românico, construída entre os anos de 1075 e 1128 situada na cidade com o mesmo nome, colocando a Espanha dentro dos círculos medievais graças ao chamado Caminho de Santiago dedicado a Santiago Maior, actual patrono e protector do Reino da Espanha.
Os caminhos de peregrinação espalham-se por toda a Europa e vão todos desaguar aos caminhos franceses que posteriormente se ligam aos espanhóis, com excepção do caminho português, que tem origem a sul.
Segundo o Novo Testamento, Tiago era filho de Zebedeu e Salomé, irmão de João, que também se tornou discípulo de Jesus da Nazaré. Segundo o livro de Marcos, Tiago e seu irmão são chamados por Jesus de “Filhos da Tempestade”, pela sua origem de pescadores.
Segundo o capítulo 12 do livro Actos dos Apóstolos é narrada a morte de Tiago, decapitado por ordem de Herodes Agripa I, rei da Judeia, uns onze anos após o próprio "mestre", em Jerusalém.
Há quem creia que Tiago tenha visitado a província romana de Hispânia para pregar a doutrina cristã antes de regressar à Judéia e ser martirizado. Os locais que alegadamente terá percorrido incluem Compostela (Galiza) e também Guimarães e Póvoa de Varzim, estas na Lusitânia.
Algumas lendas rezam que Tiago (beatificado) terá aparecido em diversas batalhas da Reconquista cristã, protegendo os cruzados em vitórias concedidas como por milagre.
Até ao final do século XIV, São Tiago era também o protector dos exércitos do Reino de Portugal, tendo sido “substituído” nessas funções por São Jorge, pelas razões que a história indica (Até então, nas batalhas entre portugueses e castelhanos o mesmo santo era invocado para protecção de ambas as partes opostas em conflito).

2 comentários:

Sal e Pimenta disse...

Nete blog respira-se história, coisa em que nunca fui forte. Mas admiro quem a domina.

E ouve-se música que eu também não costumo ouvir. Mas muito agradável e de bom gosto.

Parabéns pela iniciativa!

Sal e Pimenta disse...

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Abraço