Para lá da vidraça havia o sopé e a sombra daquela enorme e horrível estrutura de betão, espécie de acidente não orográfico chamado Estádio das Antas, denominação ignominiosa per si, entenda-se. Por uma questão de bom senso sentou-se portanto o mais distante possível das vistas, preparando-se para embuchar uma lasagna al forno quando deu conta do poster encaixilhado e pendurado, um bleu de Matisse.
Numa folha de caderno, copiou ali mesmo a toque de esferográfica a reprodução da obra fauvista no restaurante-pizaria da torre das Antas, edifício-sede das empresas de transportes públicos colectivos rodoviários e ferroviários do Porto, entre outras. Henri-Émile-Benoît Matisse nasceu em Le Cateau, França, a 31 de dezembro de 1869. Estudou na École des Arts Décoratifs de Paris e fundou um movimento que explorava o sensualismo das cores fortes, evoluindo posteriormente para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade. Tangier, a cidade mais europeia de Marrocos, influenciou fortemente Matisse na pintura, talvez não tanto como aconteceu com Paul Bowles na escrita, para uma composição livre e harmoniosa de cores bem delimitadas e que nunca se dissolvem em matizes, sempre sensuais ou de grande erotismo. A carreira de Henri Matisse passou pela escultura, desenho e litografia, decoração de interiores e exteriores como complemento de arquitectura planeada e ilustração de papiers collés et gouaches découpées. Reconhecido na sua pátria e também no “Novo Mundo”, Matisse morreu em Nice a 3 de novembro de 1954.
Do “boneco” rabiscado na página pautada de um caderno, nasceu uma original variação de um nu azul ao estilo de Matisse.
Também uma versão alternativa, distinta no estilo e na técnica, um oposto de contraste, ambas em óleo sobre tela.
As imagens apresentadas, excepto a última, não são propriedade do autor.
terça-feira, 7 de abril de 2009
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