quarta-feira, 1 de abril de 2009

Murgeira 4/6

Ir a Mafra, modo mais corrente ou simplista de referir a Murgeira, envolvia muito mais de interessante do que visitar a avó e rever os mamíferos da Tapada. Numa primeira etapa, porque auto-estradas não haviam e os percursos eram por assim dizer mais demorados, parava-se sempre na Malveira. O principal eram as trouxas, mas quando havia mercado, nome simpático para um arruamento com barracas e bancas de venda ambulante, sempre se levavam algumas broas de erva doce em forma de ferradura e um pão típico, chamado de Mafra e que naquele tempo não era fabricado na Encarnação como agora são todos. Depois havia a passagem lenta frente à fachada do convento que sempre fascinava e ainda hoje fascina.
A última paragem, a poucos metros do destino, era sim por obstáculo, as carrinhas do Albino merceeiro ou similares de seus clientes impediam o acesso. Era portanto quase matemática a necessidade de entrar no estabelecimento para reivindicar a desobstrução da serventia. O cheiro a bacalhau e a enchidos na loja era apenas uma questão de pormenor para um ambiente predominantemente sujo que atraía moscas e afins às dezenas, num espaço exíguo onde se acatitavam grandes sacas de feijão e outros leguminosos junto ao pavimento e tantos objectos de drogaria mais do que os imensos de mercearia.

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