quinta-feira, 2 de abril de 2009

Murgeira 6/6

Memórias são poucas e dispersas, tão pouco objectivas quanto a momentos e sentimentos como vagas nas formas e espaços.
As raras limonadas experimentadas enquanto adulto, avivam a memória das muitas tomadas enquanto criança, de um limoeiro existente nas traseiras e que era a árvore mais especial de todas no pequeno pomar, apenas porque necessitava de muita água, sim do poço atirada em baldes. Quando apareceu a água canalizada alguns objectos deixaram de fazer o mesmo sentido, exemplo do cântaro em plástico azul com uma forma assim como que trapezoidal e que permanecia na cozinha junto à bilha de barro, de reserva.
Da família que normalmente se encontrava na Murgeira ficaram entre outras, palavras e expressões como a já referida “caneta de cinco bicos” ou o “chincachéque”, ainda hoje utilizadas com a maior normalidade.
O pão de todas as manhãs, transformado em torradas por opção, é o mesmo de sempre, mistura de trigo e centeio.
Os hábitos de leitura são outros, é maior a diversidade, mas igual o empenho, embora nunca aconteça ler sentado numa cadeira junto à porta da entrada.
A televisão branca está ali em cima do frigorífico, sempre presente, à vista mas a pouca distância deste parágrafo.

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