sexta-feira, 24 de abril de 2009

Salazar e o Estado Novo

António de Oliveira Salazar, (Vimieiro de Santa Comba Dão, 28 de Abril de 1889 – Lisboa, 27 de Julho de 1970), foi Professor universitário em Coimbra (Ciência Económica) desde 1918, Ministro das Finanças a partir de 1928 e Primeiro-ministro de Portugal entre 1930 e 1968.
"Tudo pela Nação, nada contra a Nação"
A instauração da República, em 5 de Outubro de 1910 resultou somente em instabilidade política, injustiça social, lutas de trabalhadores, revoltas e tumultos, aumento do crime e impunidade aliados a uma profunda crise financeira.
"As discussões têm revelado o equívoco, mas não esclarecido o problema; já nem mesmo se sabe o que há-de entender-se por democracia".
A 28 de Maio de 1926, o exército comandado pelo General Gomes da Costa tomou o poder através de um golpe militar que se tornou conhecido por Revolução Nacional.
"Estado é a Nação socialmente organizada".
A revolução de 1926 encerrou o imprestável período de liberalismo republicano que sucedia ao constitucionalismo monárquico. Este movimento militar era portanto anti-liberal, anti-parlamentar e nacionalista.
"Manda quem pode, obedece quem deve."
A grave desorganização económica e financeira aliada a uma passiva incapacidade de resolução dos problemas estruturais e uma degradação continuada da imagem do país no plano internacional sustentada pelo anterior Estado democrático e liberal republicano, levaram ao aparecimento de um Estado Novo, promotor de progresso ordenado.
"Não devemos deixar entrar a desordem onde há ordem."
António de Oliveira Salazar foi de imediato convidado pela Ditadura Militar a assumir a tutela das Finanças do novo governo, mas após treze dias renunciou ao cargo por não terem sido satisfeitas as condições que determinou como indispensáveis ao seu exercício de funções.
"Sei muito bem o que quero, e para onde vou!"
Em 1928, após a eleição presidencial do Marechal Óscar Carmona, António Salazar assumiu o cargo de Ministro das Finanças, na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir empréstimos externos para compensar as dívidas públicas.
"Não tem que agradecer-me ter aceitado o encargo, porque representa para mim tão grande sacrifício que por favor ou amabilidade o não faria a ninguém. Faço-o ao meu país como dever de consciência, friamente, serenamente cumprido".
O primeiro passo foi o equilíbrio das contas públicas, por medidas austeras de controlo de despesa e captação de receita, invertendo o défice permanente. Consequentemente tornou-se possível controlar a elevada inflacção através da estabilização de preços.
"Ensinai aos vossos filhos o trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da economia. E se não poderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles cristãos".
O corporativismo foi a forma de organização económica e social encontrada para ultrapassar os problemas gerados pelo capitalismo liberal e uma forma de ultrapassar a luta de classes, ideia central da ideologia marxista.
"Não discutimos Deus e a virtude. Não discutimos a pátria e a sua história. Não discutimos a autoridade e o seu prestígio. Não discutimos a família e a sua moral. Não discutimos a glória do trabalho e o seu dever."
Ao Estado liberal, abstencionista em matéria económica e laboral sucedeu um Estado intervencionista na economia, aceitando o capitalismo, mas reconhecendo a função social da propriedade, do capital e do trabalho, obrigando os indivíduos a viverem num clima de harmonia social e deixando para o Estado o papel de regulador da vida económica e social.
"Em política, o que parece é”
O corporativismo do Estado Novo promoveu portanto a harmonia, em oposição ao clima de constante confrontação social conhecido anteriormente. O facto do poder executivo depender pouco de partidos políticos tornou o Estado forte e bastante independente de influências externas, num mundo transformado por uma grande guerra, com o aparecimento de novos países e diferentes centros de poder internacional.
"As Nações Unidas são inúteis. [...] São também nocivas. Não passam de um terreno onde floresce a demagogia com um bando de países recém nascidos, desprovidos de qualquer tradição.”
É verdade que o corporativismo do Estado Novo não foi perfeito, não resultou em toda a linha tampouco pôde ser aplicado na totali­dade da lógica do seu sistema. Isto aconteceu em parte porque a 1ª República havia alimentado em curto espaço de tempo demasiados preguiçosos e incompetentes, corruptos e traidores, sem a mesma integridade e autoridade moral do governante.
"No dia em que eu abandonar o poder, quem voltar os meus bolsos do avesso só encontrará pó."
Salazar tinha melhor do que ninguém um sentido da grandeza do Estado mas a noção das suas proporções. A sua aversão por sistemas políticos do tipo fascista totalitário como eram os da itália e Alemanha na década de 30 (O Primeiro-ministro português nutria um profundo desprezo intelectual pelos seus homólogos destes dois países), como também animosidade quanto a democracias multipartidárias que se perdiam em discussões estéreis e em erros condenáveis pela história (exemplo da que havia envolvido Portugal na 1ª Guerra Mundial, consumindo inutilmente as energias da nação), tornaram o Estadista impopular.
"Não se pode, ao mesmo tempo, governar e encantar a multidão."
Os discursos de Salazar são dignos de estudo e reflexão, não somente pela sua actualidade mas principalmente como exemplo de genialidade em pensamento político. O valor da autoridade e respeito para garantir a liberdade, demonstrado numa dimensão que extravasava os interesses particulares em favor dos interesses da Nação, remeteram o líder para uma rota de dever pessoal conduzida orgulhosamente só.
"Vós pensais nos vossos filhos, eu penso nos filhos de todos vós".
A imagem apresentada pertence à capa da revista Time, edição de 22 de Julho de 1946.

2 comentários:

james stuart disse...

Após o Estado Novo foi edificado um Portugal democrático, reduzido a um inviável e anárquico território no sul da Europa.

Portugal, em 1975 empurrou entretanto alguns milhões de africanos para regimes dictatoriais comunistas (sem o tal alegado direito de escolha dos povos, tão defendido por quem assim decidiu ser o melhor), selvagens por sinal e instrumentalizados pela União Soviética, que resultaram em guerras civis devastadoras, miséria, fome e pobreza... até hoje.

Em 1976 foi identificada como direito fundamental da liberdade e seguidamente imposta, uma ideologia obrigatória de antifascismo, com referências expeditas na Constituição da República Portuguesa.

Para benefício exclusivo de alguns, não o dos desfavorecidos e desprotegidos, foi arrasada a economia, para a conduzir novamente à miséria intelectual onde o importante é diminuir o trabalho e aumentar o ganho.

No séc. XXI, a independência nacional, depois de penhoradas as reservas de ouro, é mantida através de empréstimos e favores prestados por outros países capitalistas que decidem hoje os destinos da Nação.

Anónimo disse...

apreciei muito o texto é raro encontrar alguém que realmente entenda o estado novo e quem foi o Dr.Salazar .
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