quarta-feira, 22 de abril de 2009

Venezia

Veneza, a cidade dos mitos e segredos, das artes e palcos, de amor e coincidências, são cento e dezoito ilhas num emaranhado de canais fácil de entender quando visualizados em mapa, mas complexo por palavras, simplesmente fascinante.
O Canal Grande é o trajecto que importa tomar na viagem de Vaporetto (o transporte público fluvial que faz o lugar de um autocarro, parecido com um Cacilheiro em miniatura) para alcançar a afamada Piazza San Marco. Porque as paragens e apeadeiros são imensos até lá chegar, a capacidade de armazenamento da máquina fotográfica deve ser razoavelmente boa, porque tudo parece monumental na cidade líquida, extraordinário se o céu estiver puro de azul.
É verdade que a referida praça principal (onde se encontra o Leão de Ouro, símbolo da Cidade-Estado, presente também na bandeira) é um ponto obrigatório para o turista apressado, desafogado de vistas mas apinhado de gentes, onde o Grande Canal se funde com o Canal della Giudecca e se captam óptimas imagens de longo alcance panorâmico.
A ordenação numérica das portas está organizada por sestieri (bairro) e não por ruas, o que significa que cada um dos seis bairros de Veneza (Cannaregio, Castello, Dorsoduro, San Marco, San Polo e Santa Croce) tem a sua organização sequencial independente.
Na primeira quinzena de Junho é quando tudo acontece na Serenissima, festivais, exposições, festas e concertos, onde se juntam artistas, coleccionadores, curadores, críticos e jornalistas, para a Bienal Internacional de Artes nos anos pares, para a Bienal de Arquitectura nos anos ímpares, também a Bienal de Teatro, Dança e Música. Fora deste mês, ou seja em Setembro acontece o Festival Internacional de Cinema, o mais antigo do mundo.
Desde a “entrada” de Veneza, um bilhete simples (comprado na bilheteira) de transporte público custa 6 Euros, não importa o destino, seja mais apropriado para o turista estreante a utilização do vaporetto nº 1 aquele que percorre o Gande Canal, já referido ser o mais interessante. Não esquecendo que uma ida obriga a uma volta, conte-se com outros 6 Euros, a menos que a ideia seja saltitar de cais em cais durante 72 horas e assim compensa o passe de 33 Euros. Para os mais exigentes de privacidade, uma viagem de taxi (lancha em madeira, a motor) custará entre os 70 a 100 Euros, dependendo do destino, enquanto para os tradicionalistas, o passeio de gôndola é qualquer coisa como 100 Euros por hora.
A falta dos automóveis é um benefício para o ambiente, uma poluição baixa no ar, compensada no entanto com uma alta das águas. A ausência de ruído de motorizações seria também uma vantagem, não fosse a quantidade imensa de turistas e artistas, comerciantes e actores que se fazem notar, não somente nos dias do sumptuoso Carnaval de festas e surpresas mascaradas.
Com mais tempo e sem o azar de “apanhar” uma Acqua Alta (marés vivas) durante a visita, vale a pena visitar o imponente Museo Storico Navale, a Igreja de Santa Maria Formosa, do séc. VII e o mercado de Rialto (este aos sábados de manhã) ou então seguir as vias de Casino Royale e armar ao James Bond, de preferência sem uma mala de rodinhas a esfolar-se por arrasto nos degraus das pontes.

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