Não raras eram as vezes em que a visita à avó durava o inteiro fim de semana. O melhor dessas ocasiões era definitivamente o cheiro a café pela manhã e as fatias do pão regional, a que chamavam de caseiro, barradas com manteiga. No entanto a pernoita era horrorosa, não somente pelo mêdo de papões em forma de aranhiços, melgas e mosquitos, mas pelas dores nas pernas de um frio que impiedosamente entranhava nos ossos e nem sacos de água quente por vezes valiam ao desconforto. Havia um neto preferido a mais do que os outros, por razões que somente a avó saberia explicar embora nunca o tenha feito. Dizer cumplicidade pode parecer estranho, mas era algo dessa espécie a relação entre os dois: às escondidas dos outros aconteceram as primeiras provas de vinho e a iniciação ao café. Para sempre ficou na memória a intolerância quanto ao recheio excessivo nas sandes “ou queijo ou fiambre, mas não os dois ao mesmo tempo”. Ficou para sempre esse conceito.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
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