Não é maior esforço comparar Luís Vaz de Camões com Miguel de Cervantes Saavedra, pelo facto de serem contemporâneos e terem garantido o mais alto reconhecimento por artes de escrita a título póstumo.
Enquanto as suas vidas foram recheadas de aventuras e desventuras, onde não faltaram a ambos diversas viagens terrestres e marítimas, participações em guerras, contacto com culturas distintas, aprisionamento por duelos ou endividamento, as suas obras seguiram rumos completamente distintos, no estilo e no conteúdo. Camões produziu principalmente poesia lírica ou amorosa e algumas peças de teatro, de onde se destaca Os Lusíadas, uma obra poética com 1102 estrofes e que tem como argumento principal uma descrição da descoberta do caminho para a Índia pelo navegador Vasco da Gama e partes da história de Portugal. A obra Os Lusíadas glorifica a nação portuguesa da primeira à última oitava. Camões morreu pobre porque é esse o destino natural dos que se dedicam quase exclusivamente à poesia. Cervantes escreveu essencialmente teatro e novelas onde integrou alguma poesia. A grande obra reconhecida deste autor é El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha, uma novela moderna escrita em duas partes (a segunda parte é El ingenioso caballero Don Quixote de la Mancha), um livro de entertenimento e paródia, recheado de peripécias cómicas ou disparates muito bem escritos, com propósitos de divertir qualquer tipo de leitor. Alguns episódios ou partes desta novela foram aproveitados de umas peças escritas pelo árabe Cide Hamete Benengeli, sobre as quais Cervantes comprou os direitos da tradução, enquanto outros foram adaptados por causa de plágios que ocorreram de outros escritores espanhóis. Cervantes não enriqueceu porque nunca registou os direitos de propriedade e exclusividade da sua principal novela fora de Castilla. A novela Don Quijote tornou-se tão popular que foi alvo de milhares de cópias e traduções, vendidas mais baratas do que as edições originais.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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4 comentários:
Nota de editor: O artigo publicado no Szerinting acontece imediatamente após James Stuart finalizar a leitura de Don Quijote de la Mancha, edição revisada e comentada por Francisco Rico, em Castelhano, onde Cervantes em verso ou prosa "aspiró alcanzar un público amplio, con obras de honesto entretenimiento, que deleiten con el lenguaje y admiren y suspendan con la invención, sin merma de la verosimilitud y la coherencia."
Lusíadas ou Don Quixote?
Bem,a resposta é facil: Don Quixote. Em todo o mundo se conhece esta obra, em todo o mundo há pessoas que se deleitam com as peripécias de D. Quixote e Sancho Pança.
Os Lusíadas são conhecidos somente em Portugal, e, mesmo cá, nem todos apreciam esta obra.
Don Quixote é uma obra universal, que pode ser compreendida por todos. Os Lusíadas são uma obra nacionalista que só fez sentido na época em que foi escrita.
Obrigado por Blog intiresny
Só quem não leu os Lusíadas é que acha que é uma "obra nacionalista" e que "glorifica a nação portuguesa da primeira à última oitava". É um mito, criado e reaproveitado por regimes políticos.
O Camões não era parvo nenhum. Queria glorificar um povo e a última palavra do seu texto é "inveja". Que estranho. Ou então não...
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