Silva Porto (1)

Edifício Gabiconta, ao lado a antiga fábrica de discos. Ainda se encontra cravado numa das empenas os restos do letreiro do Banco Pinto e Sottomayor, bem como o emblema em Bronze no piso térreo. Dentro desta antiga agência, vazia, as paredes estão negras de fogo, apenas funciona um gerador rodeado por lixo, numa nauseabunda combinação de odores que se distinguem ser gasóleo derramado e urina. Na cave do edifício funciona uma loja de serviços informáticos diversos e internet. O edifício continua habitado, mas não tem abastecimento de água e tampouco o sistema de esgotos funciona. O pátio interior está cheio de lixo até ao primeiro piso de altura, é impossível respirar ali.

Numa das lojas do edifício contíguo funciona um cabeleireiro relativamente aceitável (tendo em conta o local e o que se pode esperar encontrar, entenda-se). Nos outros edifícios que encostam do lado da avenida também existem lojas, nomeadamente um estúdio de fotografia (explorado por chineses), onde é possível revelar rolos 135 a cores (numas máquinas automáticas que de tanto usadas e mal calibradas resultam em imagens um pouco desfocadas e descoloradas), uma taberna sebenta e um pequeno supermercado muito jeitoso e limpo (onde é possível encontrar uma espécie de iogurtes espanhóis que não necessitam de refrigeração, leite em pó, bolachas, e às vezes até chocolates).

Imagem captada em 2004 no Cuíto (ou Kuito), antiga Silva Porto, província do Bié