quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

K.G.S.T.

Kölcsönös Gazdasági Segítség Tanácsa é o nome, em húngaro para a СЭВ, (Совет экономической взаимопомощи), a associação económica de assistência mútua mais conhecida internacionalmente por COMECON (designação em inglês, por sinal uma língua não comum dos países membros).
A KGST surgiu por iniciativa da União Soviética, inicialmente como resposta ao Plano Marshall (programa americano de auxílio económico à Europa Ocidental) e posteriormente como bloco económico de oposição à Comunidade Europeia do Carvão e Aço, que gradualmente se transformou do modo que todos sabem, naquilo que hoje é a União Europeia.
Os membros da KGST, bem como todos os países observadores ou associados, respeitavam uma comum obrigação ideológica socialista (Marxismo-Leninismo) ao estilo soviético de planeamento centralizado. Por tal, os verdadeiros representantes e dirigentes desta organização eram os secretários dos partidos comunistas de cada país membro.
A KGST foi fundada em 1949 pela Bulgária, Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e União Soviética. A Albânia entrou no mês seguinte à fundação mas abandonou em 1961 enquanto a República Democrática Alemã entrou no ano seguinte à fundação. A Mongólia entrou em 1962, Cuba em 1972 e o Vietnam em 1978. A Jugoslávia manteve o estatuto de “membro associado” desde 1964. O Afeganistão, Angola, Etiópia, Iémen, Laos e Moçambique tornaram-se oficialmente “países observadores” (na verdade este países tornaram-se dependentes das ajudas económicas da União Soviética, principalmente no plano militar). Para além destes, A China, a Coreia do Norte, a Finlândia, o Iraque, o México e a Nicarágua mantiveram relações próximas, principalmente comerciais.
Enquanto Stalin era vivo, a KGST foi uma associação sob comando exclusivo da União Soviética, instrumento utilizado para conter a importação de bens e serviços, principalmente oriundos da Europa Ocidental e dos Estados Unidos por parte dos países membros do Pacto de Varsóvia ou simplesmente sob influência política socialista. Com Nikita Khrushchev no poder, a partir de 1956 (o ano da revolta na Hungria, esmagada pelas tropas russas) a Organização foi reestruturada com uma espécie de comissões independentes que tratavam assuntos económicos de teor distinto (uma comissão para o desenvolvimento agrícola, por exemplo, outra para a gestão industrial e outras para outros temas) e passaram a existir recursos partilhados de um modo até, digamos, magnífico. As redes ferroviárias foram redesenhadas num ponto de vista comunitário, a utilização dos rios foi melhor coordenada enquanto a construção de oleodutos e redes eléctricas para distribuição transnacional promoveram o desenvolvimento das trocas comerciais e a distribuição racional de energias. O Rublo passou a ser utilizado como moeda de referência nas trocas comerciais (Rublo "transferível”), resolvendo o problema de eventuais flutuações de valor dos produtos e serviços.
Em termos de relacionamento e comportamento dos membros como agentes económicos, a bem da verdade a KGST nunca foi muito diferente da C.E.E. no sentido em que sempre foi bem claro o real poder de voto de cada país, proporcional à sua dimensão geográfica, demográfica e política, resultando por isso no poder quase absoluto de decisão por parte da União Soviética por um lado e da França, Alemanha e Reino Unido (posteriormante) por outro. A grande diferença residia na qualidade das transacções, que por parte da União Soviética as exportações eram quase exclusivas de matérias primas, produtos agrícolas e combustíveis, recebendo em troca maquinaria, produtos transformados e alguma tecnologia produzida pelos restantes (os países do centro e leste da Europa aderiram posteriormente com relativa facilidade à União Europeia porque haviam atingido um patamar de desenvolvimento bastante razoável no seio da KGST, coisa que não aconteceu com a maioria das repúblicas soviéticas).
A KGST também teve os seus compromissos, equivalente aos “tratados” ocidentais, também recebeu novos membros e ideias inovadoras durante a sua existência, mas com o colapso político resultante da Perestroika (reestruturação na União Soviética) em meados dos anos 80 e com o inicial abandono da República Democrática Alemã por iniciativa de fusão com a República Federal em 1990, a KGST pura e simplesmente se extinguiu (declarada extinta em Junho de 1991, tal como o Pacto de Varsóvia).

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