quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quase nua

Imaginava Luísa encontrar a praça de táxis do aeroporto de Lisboa enfileirada de bicolores e não pardos, enquanto aguardava por vez na confusão das Chegadas/Arrivals até descobrir as suas malas extraviadas, perdidas, desaparecidas e... “tome lá este talãozinho que depois nós telefonamos quando e se as encontrarmos”.
A Lisboa tem luz, tem mais luz. O céu e o firmamento são diferentes. A claridade aliada à mania de tudo transformarem em diminutivo, faz de Lisboa uma propriedade dos Lisboetas.
O motorista, condutor ou fogareiro ainda perguntou se a menina não traz malinhas, mas mais não insistiu porque o ofício tem ossos e os cantos da casa já o profissional conhece, foi suficiente o franzido na testa da cliente para saber em demasia qual a resposta, ademais o talãozinho erecto ainda na mão esquerda a denunciava.
Ignóbil, como tantos na sua arte, gastou a eternidade semafórica do percurso com um chorrilho de disparates demagógicos sobre a efectiva existência do afamado pipapapígrafo, acerca do qual, inchado e orgulhoso ele dizia saber filosofar... olha com quem.
Luísa largou as chaves sobre a mesa e também o talãozinho dos perdidos talvez achados, amarrotado em sintonia com o recibozinho emitido pelo senhor filósofo. Seguidamente afastou as cortinas, permitindo a explosão em sete cores de um raio de sol que atingiu os seus cabelos e logo entristeceu, sentiu-se nua, quase.
"O teu desejo, László, era também o meu desejo."

Sem comentários: