Luísa precisava do tempo, pousou o telemóvel ali em cima da cama e descansou aconchegada ao lado da fotografia a preto e branco que guardava na cabeceira. Era dia frio.
A visita à cidade húngara tinha-a deixado coberta de beleza e não esquecia as flores depositadas no quarto do hotel. A palavra solitária no aparador começava a fazer sentido: “Amo-te”. László estava longe e isso deixava-a tranquila.
Banho quente trouxe dormida justa e para o dia seguinte foram relegados os compromissos da existência afectiva:
- Desculpa o meu silêncio de ontem.
- A nudez provoca quietude, eu entendo.
- Eu não estava nua.
- Eu sei, Luísa... tinhas apenas chegado de viagem... conheço os teus hábitos: Saia na cadeira, corpo deitado, fotografia na mesa e olhos cheios de memórias.
- Tenho pena que saibas tudo sobre mim.
- Também eu.
Duas estradas podem ser construídas desde a mesma origem e para o mesmo destino, mas os percursos nunca são iguais quando deixam de ser paralelas e vistas de perto.
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