quinta-feira, 19 de julho de 2007

Marseille

Desde este local Henri Charrière partiu para o degredo da Guiana francesa, reclamando a inocência da borboleta tatuada no peito.
Ali tão perto, no insular Château d’If havia sido encarcerado o Conde de Montecristo, segundo o romance de Alexandre Dumas.
Dos militares revolucionários de Marseille, nasce o Hino nacional da França.
Ao sabor de Pastis e aroma de Bouillabaisse, temos o velho porto de Marselha.
Entre Le Corbusier, Notre Dame de La Garde e o bairro de Cours Julien, encontramos uma fusão cultural descendente de armênios, espanhóis, italianos, gregos, árabes, judeus, russos, argelinos e tunisinos (estes últimos principalmente desde o século XIX).
Fundada em 800 a.c. pelos gregos, Μασσαλία (Massalía) foi invadida por celtas
e posteriormente conquistada pelos romanos em 49 a.c., que lhe deram o nome de Massilía, hoje Marseille de Aix-en-Provence, no litoral do Mar Mediterrâneo.

3 comentários:

Bee disse...

Cada post seu deixa a vontade de (re)visitar os locais que descreve.
É admirável o conhecimento que tem de cada um deles.

Também gosto de me documentar sobre as cidades que visito – História, costumes, interesses locais e gentes.

Numa das minhas viagens, ficou-me a enorme curiosidade sobre uma escultura original, uma esfera fendida de bronze e latão que está junto do edifício dos UN Headquarters, em Manhattan.

http://www.mccullagh.org/image/10d-13/united-nations-sculpture-3.html

A visita foi rápida e não consegui obter a informação in loco, até porque, curiosamente, parece não haver nada sobre esta escultura, em parte nenhuma.

Segundo algumas opiniões, representaria o globo terrestre, consumido e fracturado pela negligência e a acção destruidora do homem, o desgaste dos recursos naturais, os conflitos, as sucessivas guerras. Estando onde está, faz sentido.

Que lhe parece?

james stuart disse...

Por curiosidade, fui lá visitar a fotografia da escultura.
Nunca vi nada assim parecido.
Bem, esculturas representando esferas (que de um modo geral significam o universo, poder universal, territorial) são bastante comuns em muitas partes, principalmente na Europa. Mas esta tem uma "engrenagem" interior, a cobertura pretende dar transparência ao globo por lhe faltarem partes, para além de que o material utilizado é bastante nobre e neste caso específico bem tratado.
Quanto a significados... acabei por concluir, nao a propósito epecífico desta escultura, que na maior parte das vezes as obras de arte não têm significados tão complexos como os que habitualmente são atribuídos à posteriori.
É deveras comum, o "artista" produzir uma obra ao acaso ou diferente daquilo que imaginava, por incapacidade ou desvario, e após "gaba-se" de significados específicos que nao existiram durante o momento da produção. Ou seja, nao faltam por aí mamarrachos por todo o lado que significam nada de nada, mas parecem ser da maior importância a partir de certo momento.

Bee disse...

Obrigada, James.

Sim, tem razão, são inúmeros os exemplos dessas interpretações, sejam elas abusivas ou subjectivas, desvios que escapam ao artista ou de que ele se aproveita.

Lembra-me isto a história da tela branca e também a resposta de um escritor, surpreendido, ao ouvir interpretar/comentar a sua obra: «Curioso... não sabia que eu tinha pensado e querido dizer tudo isso!».

Tentei mandar-lhe uma fotografia minha da esfera esventrada das UN, através do endereço electrónico do seu blog, mas não consegui anexar o ficheiro. Mandava-lha porque o enquadramento é o do local, mais bem cuidado, onde a escultura está actualmente, além de que a do site foi tirada num dia encoberto e não dá a noção do efeito surpreendente do seu brilho ao Sol.

Esta escultura faz-me pensar noutra, esférica também e impressionante pela dimensão e significado, o memorial que se encontra no Battery Park, em Manhattan: uma amálgama de escombros provenientes do primeiro atentado ao WTC, aos quais foram posteriormente acrescentados outros do segundo, fundidos pelo calor da implosão.

Depois da deambulação imaginária por Marseille, que não conheço, passando pelos calabouços do Château d’If, onde «Papillon» já me tinha levado há tempos (muuuito tempo já...) e dos momentos relaxantes numa das suas esplanadas, «sirotant» o tal «Ricard» com muito gelo, preparado a pedido e por quem sabe da arte, surge naturalmente a pergunta: «O que se segue?».