quinta-feira, 5 de julho de 2007

Stockholm

O grande navio de passageiros serpenteava numa rota em que ilhas, penínsulas e outras formas torneadas do litoral escandinavo limitavam a descoberta dos primeiros indícios de que que estávamos tão perto dessa tão única e esbelta cidade capital da Suécia.
Estocolmo não é facil de entender, que se estende por entre canais navegáveis em todas as direcções possíveis de observar, contudo nunca separadas as 14 ilhas e ilhotas do arquipélago Skärgården por quanto as suas 53 pontes não estão em falta nos locais onde se esperam encontrar, onde o lago Mälaren se encontra com o mar Báltico.
Fundada em meados do século XIII, Estocolmo apenas é capital do reino da Suécia desde 1634 (anteriormente existia uma única monarquia escandinava, a União de Kalmar, abrangendo a Noruega a Dinamarca e a Suécia).
Em Estocolmo tudo parece perfeito, tudo funciona com precisão e harmonia. Ali não se encontram torres nem edifícios espelhados desse modernismo despropositado comum em grandes cidades européias, mas uma coerência sóbria e inteligente, de cores neutras a condizer com a natureza que se aproveitou no meio urbano e contrasta com os imensos veleiros fundeados. Gamla Stan (a charmosa cidade velha) e o ambiente museológico do parque Skansen (na península Djurgården) são locais de passagem obrigatórios para mais profundas percepções etnológicas.
Para além da Academia Real de Ciências, da Academia Sueca (relacionadas com a atribuição dos prémios Nobel à excepção da nomeação pela paz, entregue em Oslo na Noruega), nesta capital de cerca de 760 mil habitantes, encontramos o majestoso Palácio Real onde reside oficialmente Carl XVI Gustaf (Carl Gustaf Folke Hubertus), um fabuloso Museu de Belas-Artes, outros riquíssimos museus tais como o de História Natural, o Vasa, o Nacional, Antiguidades... segundo afirma a publicidade turística 99 museus existem nesta cidade.
Os palácios Drottningholm e Skogskyrkogården são ambos classificados património cultural da humanidade UNESCO.
Visitar o mais famoso (e frequentado) museu de Estocolmo, o Vasa museet, é ter a oportunidade de conhecer o único navio de guerra do século XVII existente em todo o mundo, recuperado em 24 de Abril de 1961, após o naufrágio de 10 de Agosto de 1628 à saída do porto, na sua primeira viagem. Apesar de ter permanecido 333 anos submerso, 95% do casco original (ornamentado com centenas de esculturas talhadas) foi possível de restaurar.
No mesmo dia 10 de Agosto de 1628, partindo do porto de Estocolmo, fizeram-seao mar vários navios de guerra reais, mas o maior e o mais importante deles todos era o Vasa, não somente pelas suas dimensões e quantidade superior de peças de artilharia (64 canhões, a maioria de 24 libras) mas principalmente porque ostentava o nome da dinastia real, Vasa.
Mandado construir por Gustaf Adolf II, rei da Suécia, o Vasa demorou dois anos a ser terminado, nos estaleiros navais de Estocolmo sob a supervisão do armador holandês Henrik Hybertsson envolvendo uns 400 operários.
Possuía três mastros para suporte de dez velas, media 52 metros do topo do mastro à quilha e 69 metros da proa à popa, pesando 1200 toneladas.
A primeira missão provável deste navio da Marinha sueca seria combater na Polónia, onde reinava o primo Sigismund (outrora regente da coroa sueca, deposto por praticar a fé católica), agora inimigo de Gustaf Adolf II.
Mas o Vasa sofreu alterações de projecto durante fases já adiantadas da sua construção, que o o rei manifestou pessoalmente um especial desejo para a instalação de uma quantidade de canhões superior ao normal. As dimensões inicialmente escolhidas para o navio deixaram de ser apropriadas e os construtores decidiram-se a adaptações menos previsíveis ou sequer comprovadas matemáticamente as consequências.
O Vasa acabou construído com uma superestrutura superior, dois convés fechados para canhões. No fundo do navio foram colocadas 120 toneladas de pedra que servia como lastro para o manter estável na água e compensar eventuais desequilíbrios devido ao peso excessivo junto às amuradas do convés.
Após a salva de tiros da largada, à saída do porto, uma simples rajada de vento adornou demasiado o navio para um dos lados. A água entrou pelas janelas abertas das canhoneiras e afundou o imponente Vasa junto com algumas dezenas dos seus 150 tripulantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa lição de história, de uma parte dela que desconhecia.