segunda-feira, 2 de julho de 2007

São Miguel

A verdade sobre o descobrimento do Arquipélago dos Açores é algo controverso na história da navegação portuguesa. Se por um lado cartógrafos genoveses em 1351 produziram vários mapas onde algumas das ilhas aparecem por terem sido descobertas aquando das expedições realizadas entre 1340 e 1345 às ilhas Canárias no reinado de D. Afonso IV de Portugal, por outro lado há confirmação escrita do descobrimento efectuado pelos marinheiros ao serviço do Infante D. Henrique em 1427.
Tal como outros descobrimentos, tal como as verdadeiras razões da afincada (e bem sucedida) negociação portuguesa com o reino de Castela sobre o Tratado de Tordesilhas (que estabeleceu um linha de demarcação de 370 léguas ao invés das 100 inicialmente propostas a partir das ilhas de Cabo Verde), prova inequívoca que Portugal sabia da existência do Brasil antes de “oficialmente” descoberto, eram os "segredos de Estado" do reino de Portugal.
Em certos termos podemos imaginar que naquele dia em que os súbditos do Rei de Portugal percorreram espavoridos os corredores do palácio para informar em primeira mão e de urgência a sua majestade de que os castelhanos haviam descoberto as "américas", essa informação não o excitou nem comoveu mais do que o menu de faisão assado no forno de um provável almoço regado a vinho das terras do Sado, afirmando seguramente: “Quando os meus vizinhos de Castela fizerem algo que eu antes não saiba, é porque algo está errado no meu reino”.
É então verdade que o início do povoamento das ilhas dos Açores foi no ano de 1432, (após reconhecimento inicial de Gonçalo Velho em 1431) por razões de interesse mais geo-estratégico do que directamente económico relativamente às potencialidades destes territórios. Como as ilhas estavam desertas, o povoamento foi realizado por populações oriundas do Alentejo e Algarve, bem como por estrangeiros, principlamente por flamengos e bretões (Os flamengos concentraram-se significativamente nas ilhas S. Jorge, Faial e Pico).
As ilhas das Flores e do Corvo foram descobertas por Diogo de Teive apenas em 1450.
As primeiras capitanias (sistema de administração corrente) foram constituídas em S. Miguel e Santa Maria.
Sendo que a Ilha Verde (S. Miguel) era a maior das ilhas do Arquipélago dos Açores, a população cresceu mais rapidamente do que nas restantes (actualmente mais de 50% dos Açorianos vivem nesta ilha) alguns anos após o povoamento por portugueses, judeus, mouros e franceses iniciado em 1440.
Com 65 quilómetros de comprimento por uma largura variável de 8 a 15 quilómetros, esta superfície de 746,82 km2 é composta pelos concelhos de Lagoa, Nordeste, Ponta Delgada, Povoação, Ribeira Grande e Vila Franca do Campo. A actual capital da ilha é Ponta Delgada, nomeada após o sismo de 1522 que atingiu Vila Franca do Campo.
Visitar Ponta Delgada e conhecer as Igrejas e alguns palácios que se mantêm de pé desde o século XVI é especialmente interessante durante as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que são realizadas todos os anos no quinto Domingo depois da Páscoa.
Também por altura da Semana Santa, dezenas de micaelenses (Romeiros) percorrem a ilha a pé, durante oito dias, rezando e cantando em todas as Ermidas e Igrejas que se deparam pelo caminho.
Nas terras férteis de S. Miguel, de pastagens verdejantes que alimentam preciosamente o gado bovino (e daí uma impressionante quantidade de derivados de leite de alta qualidade), são produzidos cereais, chá, fruta e vinho.
Porque ali é Portugal, porque ali realmente se aplica o slogan: “vá para fora cá dentro”, vale a pena encontrar a beleza da lagoa das Sete Cidades (na verdade são duas lagoas limitadas por uma caldeira, mas com tons separados de azul e verde) e também o Vale das furnas, com vapores e águas quentes que emergem do solo e se misturam com as águas de outra lagoa numa paisagem paradísiaca.

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