domingo, 29 de julho de 2007

Mar húngaro

Sexta-feira 16:00. A auto-estrada M1 (Budapest – Viena) está deserta. Exactamente à mesma hora a auto-estrada M7 (Budapest – Zagreb) tem um tráfego intenso, porém são poucos os que viajam para a Croácia. Aproximadamente ao quilómetro 100 alguns saem em Siófok, depois Zamárdi, Lelle, Boglár... Fonyód ao quilómetro 150, para um final de semana que arrefece em água a 24º C o que o ar de Budapest a 35-40ºC já impossibilta de suportar.

Com 77 quilómetros de comprimento e uma largura variável de 4 a 14 quilómetros, O lago Balaton é o “Mar húngaro” à falta de costa marítima, o maior da Europa.

Alimentado principalmente pelo rio Zala e escoado emergencialmente pelo canal Sió, a profundidade média é de 3,2 metros.

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma paragem breve por estas... paragens, neste lago, margens e paisagem tranquila que imagino, ao som límpido da guitarra de Carlos Paredes.
A sensação é estranha, uma miscelânia, uma vaga nostalgia de raízes que não são as minhas mas que sinto como se o fossem, de tanto que já me impregnei delas.
Tocaram fundo e levaram-me por instantes a outras terras e gentes longínquas no tempo e espaço, a um outro lago, africano, às minhas origens e raízes.
Anoitecia - evasão igual em todos os lugares - e, quando os contornos e horizonte começaram a confundir-se, confundi-me eu também nela.

«Vem, noite antiquíssima e idêntica
Noite rainha nascida e destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde escuro ao longe,
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.»

Alvaro de Campos

Carlos Paredes, fundo perfeito para estes momentos.
«Verdes anos», boa escolha.
Para quando?
Vou ser paciente, vou saber esperar que o vento desprenda esses novos sons...

james stuart disse...

"Verde Anos" é todavia uma opção deste blogue, desligando o "media player" e clicando em "player" na música disponível abaixo da imagem da bandeira republicana de Portugal.
Agradeço o seu comentário e a gentileza da poesia de Fernando Pessoa.