“Nun tempo en que os homes non cren nos deuses nin en nada, debido á perda de valores máis elementais, os deuses deciden intervir nos asuntos humanos.”
Todavia a existência dos próprios deuses estava condicionada ao facto de humanos crerem na sua existência, porque foram estes que os criaram para venerar segundo sua imaginação e veleidades epistemológicas e não o contrário como até então acreditavam os deuses.
Inconformado, Zeus refuta que é imortal porque assim declararam aqueles que o criaram. Tendo sido portanto designado de eterno e mantendo-se vivo apesar de milhares de anos terem passado desde a sua criação, era para si a prova indubitável de que a sua existência não depende de acreditações humanas.
“Ó mesmo tempo soubo que xurdía unha caste de homes sabios para quen os deuses eran obxecto de estudio, non ó xeito dos antigos teólogos, que lles inventaban calidades, nin sequera dos poetas, que lles imaxinaban historias, senón segundo procedementos que se chamaban científicos e en virtude dos cales non había diferencia entre Afrodita e Astarté, vallam ambas como exemplo, ó tempo que unha e maila outra non eran máis que proxeccións, máis ou menos antropomórficas, da libido viril; o cal viña en certo modo a corrobora-lo antigo descubrimento de Hermes, de que os homes os soñaran, aínda que agora fosse máis desagradable e humillante, por canto ían os deuses en mesturanza, sen discriminacións e, sobre todo, sen o debido respecto a calidades e xerarquías; finalmente poñían muros a calquera esperanza, xa que explica-la xenealoxía dos deuses segundo o método científico non significaba de modo ningún crer neles, senón ben dar razóns para que non crese ninguén: presentaba-se descaradamente como invencións humanas, recursos últimos do medo, se ben non había deus que se librase de semellante definición, nin sequera o Deus Único que tanto lles dera que facer e que envexar.” Com o escandaloso predomínio humano do racional sobre o numinoso, os deuses tornaram-se mitologia, perderam a imortalidade com o desaparecimento do último homem que neles teve fé e assim se extinguiram.
É este um resumo da história inventada “xuntamente con outras” em tempos “xa distantes” que Gonzalo Torrente Ballester apresentou ao público de então (em 1941) como sendo tradução de uma peça teatral escrita por um irlandês. “Ocorréuseme a invención... e de seguir adiante o fraude” admitiu o novelista quando finalmente publicou em 1979 O hostal dos deuses amables, em “que daquela se sentía máis galego que de sólito”.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
Nessa história, que processo racional levou os crentes a deixarem de o ser e viverem sem a ilusão desse deus imaginário, único ou desdobrado, protector, regulador, castigador, que eles próprios criaram?
Nesta história, o processo de descrença foi criado pelos conceitos científicos que apresentam os deuses gregos como mitológicos. Os conceitos estão errados, porque na Grécia antiga (imperial) os deuses eram reais, os povos adoravam os deuses e nunca os chamariam ou considerariam mitológicos porque de facto não o eram.
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